Samba, enredo e mensagem: 1º lugar é irrelevante diante da representatividade de Gbalá
Desfile das escolas de samba do Rio 2024. Foto: SRzd/Juliana Dias
Samba, enredo e mensagem: 1º lugar é irrelevante diante da representatividade de Gbalá:
Rio 2024: Seguiu, na noite desta segunda-feira (12), o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro na Marquês de Sapucaí com as apresentações do Grupo Especial carioca.
Seis agremiações no cardápio da folia; Mocidade Independente de Padre Miguel, Portela, Unidos de Vila Isabel, Estação Primeira de Mangueira, Paraíso do Tuiuti e Unidos do Viradouro.
Uma das gigantes do Carnaval, a escola de Noel foi a terceira a desfilar na segunda noite de espetáculo. Quarenta anos depois da ideia original do enredo, a Vila chegou cheia de recurso, muito diferente do que teve no distante ano de 1993, quando lutava bravamente na força de sua comunidade para se manter na elite.
Mas não foi o recurso que fez a diferença, e sim, as ideias. Emoção, recado e conscientização diante das grandes mazelas de uma país gigante, ainda tão pequeno frente ao tamanho minúsculo do caráter de boa parte de seus governantes. Tudo isso esteve na Passarela do Samba. Bravo, Vila!
Veja o que disseram os comentaristas do SRzd sobre o desfile da azul e branca:
+ como foi o desfile?
Célia Souto: “A Vila Isabel apresenta um excelente desfile. Além do samba-enredo ter uma qualidade musical primorosa que facilita a interpretação e canto dos componentes. A evolução acompanha o canto com regularidade, equilíbrio e empolgação. Lindo desfile”.
Wallace Safra: “A partir da reflexão de que somente através da pureza das crianças nós seremos capazes de restabelecer o Criador e a criação e assim reconstruiremos um mundo de amor, a comissão de frente trouxe para a Avenida uma proposta rica, expressiva e emocionante. Com um desenho coreográfico em dois atos, o coreógrafo conseguiu de maneira bem eficiente contar o enredo sugerido em seu desenvolvimento. Os bailarinos se mostraram concentrados e, até em alguns momentos, incorporados, resultado da entrega ao trabalho apresentado. Destaque para o bailarino que viveu Oxalá e que se mostrou inteiro ao que se propôs. Para finalizar, os Erês são revelados para que essa esperança seja finalmente restabelecida. Lindo trabalho”.
Jaime Cezário: “A escola do bairro de Noel Rosa escolheu a reedição do enredo de 1993: ‘Gbalá – Viagem ao Templo da Criação’. Preciso medir minhas palavras, pois confesso estar emocionado. Um samba composto por Martinho da Vila que conta absolutamente como é o enredo. Fora isso, é um grito de alerta para todos, afinal, vivemos num mundo doente, com guerras, poluição, queimadas e pandemias. E a chave é justamente essa exaltada pela letra; Gbalá é resgatar , salvar! E ainda afirma que a beleza é a missão de todo artista! E o desfile? As alegorias e fantasias? Vou tentar traduzir em poucas palavras: pura poesia! É maravilhoso ver tantas lindas soluções em forma de alegorias e fantasias, um desfile inspirador, do tipo que arrepia. Espero que essa energia passada transmute para o mundo, pois precisamos de paz, amor, respeito e justiça. Ah… os Orixás estavam presentes, mas traduzidos em energias elementares que movem o planeta! Não sei o que vai acontecer na abertura dos envelopes, mas eu sei o que foi visto aqui em forma de desfile, e deixo meu agradecimento a Vila Isabel por esse momento lindo”.
Eliane Souza: “Emocionada sempre, destaco a presença dançante de Jackson Senhorinho e Bárbara Dionísio, o precioso segundo casal da Vila! Amo muito. E me alegro com o primeiro casal da escola, que lindos! Marcinho Siqueira e Cristiane Caldas iluminados, iluminaram a avenida com sua dança! Eles bailaram. Repetindo o bem feito do ensaio técnico, bailaram diante da cabine dos julgadores, e depois deslizaram, com o estilo impresso pelos anos de parceria, como se o ambiente para a dança fosse fluído, um rio de águas calmas! Admirável. Uma performance atualizada, contudo com preservação dos movimentos característicos do bailado! E feliz, apreciei, ele assumindo seu protagonismo na cena nobre do samba, dançou para louvar seu pavilhão e cortejar a dama que o portou! O casal da Vila ratificou que, é possível modernizar, não somente o traje, mas igualmente o bailado sem tornar o mestre-sala um coadjuvante! Na execução do bailado, é fundamental garantir que o mestre-sala aconteça, como fez o Marcinho, durante o desfile! Obrigada, queridos”.
Bruno Moraes: “A bateria da Vila Isabel fez um bom desfile, com um andamento confortável e um peso dos surdos presentes. Os tamborins pareciam um só de tão ‘syncados’. As bossas foram bem apresentadas aos julgadores e os taróis swingando junto com as caixas em baixo, deram brilho ao molho da bateria. O som na pista tinha momentos de atraso, mas o grande músico e Mestre Macaco Branco soube como contornar a adversidade”.
Wallace Safra: “Trazendo a representatividade do DNA do samba, a ala se apresentou de maneira grandiosa, enérgica, coerente, mostrando um samba no pé plural, com uma evolução dinâmica e bem coordenada. Os passistas se colocaram bem presentes, a ala tem um bom conjunto e uma boa comunicação com o público. Bom trabalho”.
+ VÍDEO: MELHORES MOMENTOS DO DESFILE
+ Carnaval 2024:
Gbala – Viagem ao templo da criação, assinado por Paulo Barros. Este é o enredo da escola que ficou com o 3º lugar do Grupo Especial no Carnaval de 2023.
O samba é de autoria de Martinho da Vila, originalmente apresentado pela Vila Isabel no já distante ano de 1993, também no Grupo Especial.
+ desempenho da escola nos últimos seis carnavais:
+ ordem oficial de desfiles do Grupo Especial 2024:
Domingo, 11 de fevereiro:
1º – Unidos do Porto da Pedra (Campeão do Acesso 2023)
2º – Beija-Flor de Nilópolis
3º – Acadêmicos do Salgueiro
4º – Acadêmicos do Grande Rio
5º – Unidos da Tijuca
6º – Imperatriz Leopoldinense (Campeã do Grupo Especial 2023)
Segunda-feira, 12 de fevereiro:
1º – Mocidade Independente de Padre Miguel (11ª colocada do Grupo Especial 2023)
2º – Portela
3º – Unidos de Vila Isabel
4º – Estação Primeira de Mangueira
5º – Paraíso do Tuiuti
6º – Unidos do Viradouro
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