Liberação do uso de máscara no Rio e em SP dias após o Carnaval gera revolta

Bloco do Sargento Pimenta. Foto: I Hate Flash

Bloco do Sargento Pimenta. Foto: I Hate Flash

O Carnaval 2022 estava previsto, de acordo com o calendário oficial, para acontecer no dia 1 de março. Dezenas de cidades brasileiras e 20 capitais, mais o Distrito Federal, cancelaram os festejos.

As duas principais capitais do país, foram na mesma direção. Em reunião realizada na noite de 21 de janeiro entre os prefeitos do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), e de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), foi tomada decisão conjunta de adiar os desfiles das escolas de samba para o feriado de Tiradentes, em 21 de abril. O Carnaval de Rua, em ambas, já havia sido cancelado.

Em todo o país, as autoridades que adotaram a proibição do Carnaval neste ano ou adiaram desfiles de escolas de samba, deram como justificativa os números da pandemia de Covid-19 e o avanço da variante Ômicron.

Na época, já foi ampla a contestação, uma vez que as demais atividades sociais, culturais e econômicas eram realizadas com plena normalidade causando, inclusive, aglomeração, outro aspecto usado como argumento para riscar a folia da agenda nacional.

Na última semana, porém, a cobrança aumentou. Nas redes sociais, são inúmeras as postagens cobrando uma efetiva explicação do Poder Público diante da decisão de, apenas alguns dias depois da data oficial do Carnaval 2002, São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, liberarem o uso de máscaras, item considerado essencial para conter a proliferação do vírus.

Em 9 de março, o governador João Doria (PSDB) anunciou a suspensão da obrigatoriedade do uso de máscaras ao ar livre em todo o estado. O uso do item passou a ser opcional em locais como vias públicas, parques, shows e eventos ao ar livre.

Na cidade do Rio de Janeiro, o decreto veio antes, no dia 7. Na data, foi liberada a obrigatoriedade do uso de máscaras em locais fechados. O decreto foi publicado em edição extra do Diário Oficial do Município.

A decisão seguiu recomendação do Comitê Especial de Enfrentamento à Covid-19 da Prefeitura do Rio. O prefeito Eduardo Paes afirmou, em publicação no Twitter, que o passaporte de vacinação deixaria de ser exigido na cidade quando a vacinação com dose de reforço atingir 70%.

“Atendendo recomendação do comitê científico da prefeitura do Rio, edição extra do Diário Oficial nessa tarde libera do uso de máscaras em espaços abertos e fechados na cidade do Rio de Janeiro. Quando atingirmos 70% na dose de reforço, acaba também o passaporte da vacinação”, escreveu na ocasião.

O Rio de Janeiro foi , inclusive, a primeira capital do país a desobrigar por completo o uso do equipamento de proteção individual contra a Covid-19.

Sambistas e autoridades ouvidas pela reportagem do portal SRzd têm percepção parecida diante da dicotomia no tratamento dado ao Carnaval e as entidades carnavalescas em relação aos demais setores de atividade.

As justificativas citadas para uma suposta perseguição a maior festa popular do país passam pela disputa política, preferência pelo apoio de correntes religiosas em ano eleitoral e certo enfraquecimento do segmento, nos bastidores, diante dos agentes do Poder Público.

Prejuízos bilionários

As centenas de cidades brasileiras que decidiram cancelar o Carnaval 2022 sentiram o impacto em toda uma cadeia econômica, de eventos e turismo, passando pelo setor de serviços, sobretudo restaurantes, hotéis e entretenimento em geral.

A CNC, a Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo estima que, com a suspensão das comemorações de Momo, cerca de R$ 8 bilhões foram retirados de circulação no Brasil. Além disso, pelo menos 25 mil empregos deixaram de ser criados.

As perdas financeiras, além de afetar diretamente o comércio e o turismo, também atingiram frontalmente o Poder Público, que perdeu em arrecadação de impostos.

No Rio, em 2020, os dados apontam para um faturamento de mais de R$ 3 bi, somente com o Carnaval de Rua, enquanto no estado de São Paulo, que se tornou uma rota importante desta modalidade de festa no país nos últimos anos, movimentou mais de R$ 4 bilhões no mesmo ano, o último de normalidade antes da pandemia.

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