Laíla prepara ‘Carnaval de coragem’ na Ilha: ‘A escola precisava mudar e agora vai disputar o título’

Laíla abre o sorriso. Está feliz da vida na Ilha. Foto: SRzd

De sorriso no rosto, Laíla recebeu o SRzd no barracão da Ilha. O fato é curioso, já que o sambista – como gosta de ser chamado – não é de rir pra qualquer um. O diretor estava tão à vontade que posou sorrindo para a foto que estampa a reportagem. Tudo isso só mostra como Laíla está em casa na União, feliz com o trabalho e satisfeito em realizar aquilo que pretendia quando aceitou o convite para assumir a direção de Carnaval da tricolor insulana. Naquela época, na cabeça de Laíla passava que a escola precisava mudar. Hoje, além do sorriso, o rosto estampa o desejo de conseguir um inédito título para agremiação.

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Perto de completar 77 anos de idade e 62 de Carnaval, Laíla tem um novo desafio pela frente: fazer a Ilha ser, pela primeira vez, campeã do Grupo Especial. Franco como ele é, o diretor criticou os últimos desfiles e sambas da escola, “não muito agradáveis”, segundo ele. Laíla quer recuperar os “carnavais memoráveis da agremiação” e mudar a Ilha da posição de “satisfeita em permanecer no grupo” para “uma escola que disputa o título”.

“O Carnaval que nós estamos preparando é um Carnaval de coragem. É um pedido de paz muito inteligente. O Brasil virou uma terra de Deus dará, onde os irmãos se atacam, se ferem. É uma leitura não costumeira da Ilha, mas não quer dizer que não seja a cara da escola. É diferente, mas o caminho é correto. Cara é aquilo que a escola sabe fazer bem. A Ilha precisava mudar sua concepção carnavalesca, mas não sua essência”, afirmou o diretor, rechaçando a ideia de que o enredo sobre mazelas sociais não seja compatível com o perfil da agremiação.

Laíla. Foto: SRzd

Após sair da Beija-Flor em 2018, Laíla recebeu alguns convites para o Carnaval 2019, dentre eles, o da Ilha. O diretor, contudo, optou pela Tijuca. Para 2020, Laíla não teve como negar a proposta, apesar da preocupação que um certo tipo de ‘preconceito’ com ele poderia prejudicar a escola.

“Quando eu saí da Beija-Flor, em me preocupei muito em não vir pra Ilha. Porque se eu tivesse vindo pra Ilha no ano anterior, a porrada teria sido mais fácil, haja visto o samba que a Tijuca tinha, tido como o melhor do Carnaval, e as notas baixas que recebeu na apuração. Se fosse com a Ilha, a escola teria descido. Foi uma estratégia de não vir pra cá para não prejudicar”, respondeu Laíla, justificando a escolha pela Tijuca em 2018.

Na Ilha, Laíla retomou o trabalho com o carnavalesco Fran-Sérgio, com quem fez história na Beija-Flor. Ele também promoveu jovens da escola mirim para comissão de Carnaval e reforçou o time com o carnavalesco Cahê Rodrigues. Quem surpreendeu o diretor foi o presidente Djalma Falcão, que, segundo Laíla, tem dado as condições necessárias para realizar o trabalho que pretende.

“As pessoas falavam muito do Djalma, mas está sendo prazeroso trabalhar com ele. Dentro de todas as dificuldades, ele está dando pra gente tudo que estamos precisando. Estou feliz em realizar aquilo que não pude em outros lugares. É um Carnaval do povo, que fala do sambista. É lógico que um sistema novo de trabalho não agrada a todos de cara. As pessoas estão acostumadas a um estilo e de repente vem o durão do Carnaval, mas não é nada disso, eu só gosto das coisas corretas”, concluiu Laíla, de cara séria, mas com o sorriso ali dentro pronto pra aparecer.

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