De olho no ensaio: resgate da bateria e comunidade solta marcam treino da Grande Rio

Ela já foi taxada de escola das celebridades, dos sambas e enredos ruins, e no último ano virou a escola da ‘virada de mesa’. Criticar a Grande Rio é fácil. Difícil é se deslocar até Duque de Caxias para ver que a agremiação tem muita coisa boa a oferecer. Comandada por uma bateria com as características antigas da escola e uma comunidade solta, alegre e feliz, a tricolor tem condições de reescrever seu nome no Carnaval, de um jeito completamente diferente.

O De olho no ensaio esteve no treino de rua da Grande Rio do último domingo (13) e acompanhou, das 21h às 22h20, a comunidade caxiense desfilar na Avenida Brigadeiro Lima e Silva, em Duque de Caxias. Dentre todos os segmentos, somente a comissão de frente, coreografada por Hélio Bejani e Beth Bejani, não compareceu. O grupo ensaia separado devido à surpresa da coreografia.

+ Galeria de fotos

+ Galeria de vídeos

Evolução solta e alas sem filas

Você quase não enxerga ele no meio da multidão, mas Thiago Monteiro está lá. O diretor de Carnaval comanda o ensaio da agremiação de cadeira de rodas, pois ainda se recupera de um acidente sofrido em novembro de 2018. Se engana quem pensa que isso atrapalha o trabalho do diretor, que anda de um lado pro outro durante o treino e ainda teve fôlego para conversar com o SRzd após o fim do ensaio.

“A filosofia desse ano é uma escola solta e aguerrida, e a comunidade tem comprado o barulho e correspondido. Quando o componente está feliz e canta o que quer cantar, a gente percebe. Sinal que estamos no caminho certo. É um trabalho que não é só meu, mas de toda uma diretoria, presidência de honra e comunidade”, disse Monteiro.

A comunidade caxiense, de fato, foi um dos pontos positivos do treino. Fora o bom volume de canto, as alas desfilam sem filas e soltas para evoluir. Apesar da liberdade, não foi percebido buraco ou espaçamento além do tamanho normal. A alegria dos integrantes também se destaca.

O diretor explicou o motivo da escola realizar dois ensaios semanais: na quadra, às terças; e na rua, aos domingos. “No ensaio de quadra, nós conseguimos corrigir canto, evolução, espontaneidade e marcação correta das alas. É um ambiente fechado, seguro e controlado. A rua é mais aberta. Eu encaro terça-feira como uma preparação para domingo. E domingo como preparação para a Sapucaí. Uma coisa complementa a outra.”

Resgate da Invocada

Quem também passou no teste durante o último ensaio de rua da Grande Rio foi a bateria Invocada, comandada pelo estreante Fafá. Com um trabalho de resgate, o novo mestre conseguiu trazer de volta as características rítmicas antigas da bateria da agremiação, que teve seu ápice com mestre Odilon (1998-2009).

O andamento foi reduzido em comparação a anos anteriores, o que proporcionou cadência à Invocada. A sustentação do ritmo durante o treino e bossas dentro da melodia também merecem notoriedade.

“Eu gostei muito da bateria e do andamento do samba. Ainda há algumas coisas a serem acertadas, mas eu saio muito satisfeito pelo estágio em que estamos a 50 dias do Carnaval. A escola já está correspondendo àquilo que foi pedido desde o início”, comentou Thiago Monteiro.

Por falar em revelações, além do estreante Fafá, a Grande Rio apostou no intérprete Evandro Malandro, que estreia no Grupo Especial, e na porta-bandeira Taciana Couto, cria da escola e com apenas 18 anos de idade. O desempenho dos dois mostra evolução e um futuro promissor no Carnaval.

Já com passagens por Renascer de Jacarepaguá e Cubango, pela Série A, Malandro conduz bem o samba-enredo da tricolor. A obra, que não está no hall das melhores do ano segundo público e crítica, funciona melodicamente em conjunto com a cadência da bateria e o canto da comunidade.

O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Daniel e Taciana, é a dupla mais jovem do Carnaval no posto. Ensaiados por Beth Bejani, eles dançaram durante todo treino.

*Colaborou Vinicius Albudane.

De olho no ensaio

Comunidade incansável da Beija-Flor mostra excelente evolução