A despedida de Aloy Jupiara, referência na cobertura carnavalesca

O jornalismo perdeu uma de suas grandes figuras nesta segunda-feira (12). Aloy Jupiara, 56 anos, foi mais uma vítima da Covid-19 – doença que assola o país desde março de 2020. Com uma trajetória de grande contribuição à imprensa, Aloy também deixou sua marca na cobertura carnavalesca. Nesta terça (13), o jornalista recebeu grandes homenagens do mundo do samba.

Formado na Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ, Aloy era jurado do prêmio ‘Estandarte de Ouro’, oferecido pelo jornal “O Globo”. Ele escreveu, junto com Chico Otávio, o livro ‘Os porões da contravenção’, que conta a história do jogo do bicho e sua relação com a ditadura militar. O jornalista também participou da série ‘Doutor Castor’, do Globoplay, sobre o bicheiro Castor de Andrade.

Aloy tinha uma vida pela frente, que poderia ter sido poupada se fosse outra a estratégia de enfrentamento a essa doença cruel

Torcedor do Império Serrano, Aloy colaborou, em 2007, com a pesquisa para o dossiê “Matrizes do samba no Rio de Janeiro”, documento que foi fundamental para o Ministério da Cultura, após movimento coordenado pelo Museu do Samba, reconhecer o samba como patrimônio imaterial do Brasil. Para a também imperiana Rachel Valença, a partida de Aloy deixa uma grande lacuna no jornalismo.

“Perco um grande e querido amigo. Aloy era um apaixonado pelo seu trabalho como jornalista. Além do viés investigativo, que nunca abandonou, foi pioneiro no jornalismo digital. Com todos esses atributos, a simplicidade era sua marca. Mas a paixão que nos uniu numa amizade linda foi o Carnaval. Já o conhecia da quadra de nossa escola e nos reencontramos no projeto de reconhecimento do samba como patrimônio cultural do Brasil. Daí nasceu a parceria no trabalho voluntário no Museu do Samba e pude conhecer de perto sua generosidade, sua solidariedade, aliadas a uma extraordinária correção de atitude. De temperamento divertido (ouvirei para sempre sua risada) e extremamente doce, não deixava transparecer a coragem na defesa da ética e da correção de atitude. Uma pessoa linda. A sua partida, tão prematura, se insere no quadro do absurdo. Aloy tinha uma vida pela frente, que poderia ter sido poupada se fosse outra a estratégia de enfrentamento a essa doença cruel”, disse.

Membro do Conselho Deliberativo do Museu do Samba, Aloy também participou como entrevistador de dezenas de depoimentos da série “Memória das Matrizes do Samba no Rio de Janeiro”, um dos mais importantes projetos desenvolvidos pelo Museu, registrando a história de quase 150 personalidades do samba e do Carnaval.

O Carnaval perde um de seus maiores apaixonados

“Nos momentos mais difíceis da história do Museu do Samba, o Aloy sempre esteve à disposição para nos socorrer. Era um exemplo de pessoa e de profissional. O jornalismo perde um profissional ético e dono de um caráter sem igual. O Carnaval perde um de seus maiores apaixonados e o Museu do Samba fica sem um de seus grandes pilares. Estou muito triste! Obrigada por tudo, Aloy”, lamentou a fundadora do Museu do Samba, Nilcemar Nogueira.

Aloy também colaborou com o SRzd, tendo escrito uma crônica após a morte do presidente da Imperatriz, Luizinho Drumond. Ao longo da carreira, o jornalista trabalhou como repórter, coordenador e subeditor de Rio e Nacional/Política do “O Globo” entre 1987 e 2000. De 2001 a 2004, foi editor do site do jornal. Em 2009, liderou a equipe que criou o site do jornal “Extra”. Aloy também era gestor de projetos digitais para mídia.

“Aloy Jupiara era meu chefe direto no jornal ‘O Dia’. Sempre nos demos muito bem. Ele manteve comigo uma relação profissional de alto nível. Demoro a admitir que Aloy tenha perdido a guerra para o vírus. Nesta madrugada fui acordado com a notícia da sua morte. Triste. Deixo aqui meus mais profundos sentimentos por sua memória e minhas condolências para sua família”, disse o fundador e diretor do SRzd, Sidney Rezende.

Nas redes sociais, escolas de samba lamentaram a morte do jornalista e prestaram homenagens. As agremiações relembraram a carreira de Aloy e sua contribuição ao samba e à cobertura carnavalesca. Confira: