Exclusivo no SRZD: ouça faixa do novo CD do compositor Jorge do Batuke

Sereno, gentil, elegante. A sobriedade inconfundível e a fala mansa são suas marcas registradas. Seja no banco do táxi com que roda para fazer sua féria ou nas rodas de samba que frequenta para afinar a tessitura de suas canções, Jorge do Batuke tem uma marca inconfundível: a serenidade.

Jorge do Batuke. Foto: Divulgação

E é por ser assim, tão sereno, que o sambista gosta de curtir as serenatas de batuque ao lado de amigos poetas desse ofício. O resultado de tudo isso pode ser conferido no CD “Amigos do Batuke”, que Jorge estará lançando no mês de dezembro, onde reúne vários parceiros numa grande homenagem aos lugares do samba, à vida, às parcerias, aos amigos. Um álbum com arranjos impecáveis, samba tradicionalmente bem tocado e sem a vulgaridade dos recursos mecânicos tão comuns na degradação dos “pagodinhos de gravadora”. É a oportunidade de ouvir mais de perto o talento, o capricho e a vocação do compositor bicampeão do “Concurso de Sambas de Quadra da Portela”, sua escola de coração.

Além de divulgar com exclusividade para o SRZD sua faixa de trabalho “Fonte da Saudade”, composta e interpretada por ele em parceria com Dani Vilela (ouça acima), Jorge conversou com a redação e revelou um pouco da magia, da expectativa e das influências que o levaram a esse trabalho.

SRZD – Como veio essa inspiração para reunir amigos em torno de um projeto artístico-musical?

JB – Eu tinha essa ideia desde 2009, pois não sou cantor…engano (risos). Componho muitas vezes(ou melhor, quase sempre), músicas que não aguento cantar. Sou fã de cantoras interpretando samba, acho que dão um charme especial. Neste projeto, gostaria de mostrar um pouco daquilo que está guardado, as pessoas só conhecem meu lado compositor de samba-enredo. Nestes anos de samba, colecionei muitos amigos, infelizmente ficou muita gente de fora. Que fará parte no próximo projeto, se Deus quiser.

Jorge do Batuke. Foto: DivulgaçãoSRZD – Em meio à crise e a tantas dificuldades no mercado fonográfico, como foram a produção e a execução dessa obra?

Uma “obra de igreja” (risos), Graças à paciência do meu produtor César Fadel e do meu arranjador Kayo Calado, não gastei nem a metade do que devia, fizeram tudo que podiam para gastar o mínimo do mínimo sem perder a qualidade. A amizade com as coristas foi outro fator que ajudou muito, pois o custo por faixa foi lá pra baixo. A produção demorou um ano e 11 meses, já que as disputas de samba enredo atrasaram muito o projeto e me descapitalizaram, ainda teve o problema de ficar sem trabalhar devido a uma batida que tive e me deixou temporariamente sem o táxi.

SRZD – Em seu CD você transita por diferentes compositores e por diferentes territórios de samba – Madureira, Oswaldo Cruz, Pilares, Vila Isabel. Como é que esses lugares influenciam sua obra?

Pilares é o lugar onde eu nasci e morei até os meus 8 anos de idade, foi onde comecei a gostar de samba, exalto essa origem. Madureira e Oswaldo Cruz, o lugar onde moro há 28 anos e vivi a melhor parte da minha vida. Aprendi o que é a magia do samba e o que é ser sambista, minha raiz, minha maior inspiração, como diz a música: ” Meu lugar”. Vila Isabel, um lugar mágico que adoro trabalhar e frequentar, sou muito fã de Noel Rosa. O seu legado ainda é muito forte. Na música em homenagem a Noel, procurei falar também de Lamartine e Araci de Almeida, ícones da música e não esqueci do “senhor partideiro”, personagem da música “Renascer das Cinzas”, de Martinho da Vila, e – lógico – André Diniz, o maior poeta do mundo do samba na atualidade.

SRZD – Sua carreira é permeada de referências musicais. Ano passado foi bicampeão de samba de quadra na Portela com uma canção que falava de Paulo da Portela. Qual a sua relação com os sambistas clássicos e como influenciam seu repertório?

Portela foi o quintal da minha casa, sempre gostei de ouvir as histórias dos mais antigos. Cresci vendo Jair do Cavaquinho, Argemiro, Casquinha, Monarco, Tia Surica, Osmar do Cavaco, Dedé da Portela e tantos outros baluartes passando na minha frente e me cumprimentando. Sei o que é ser sambista desde muito cedo, Aprendi a respeitar aqueles que construíram a nossa história musical. Então, samba sempre fez parte da minha vida.

SRZD – O que o público pode esperar do CD “Amigos do Batuke”?

Um cd feito com alma. Um trabalho feito com muito amor à música, onde o principal objeto é mostrar tudo aquilo que aprendi, em todos esses anos de samba. Acho que as pessoas vão se surpreender com este projeto…

O CD tem produção de Robinho, fotos de Sharlene Ventura e arte gráfica de Douglas Lied. Nas fotos, Jorge veste camisa colorida e calça vinho da D’Nego e traje azul e branco Marinnus.

Jorge do Batuke. Foto: Divulgação

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