Cubango mostra quesitos fortes em ensaio. Samba e bateria são destaques

Cubango. Foto: Henrique Mattos/ Maria Zilda

Foi feliz a passagem da Acadêmicos do Cubango em ensaio técnico na Marquês de Sapucaí na noite deste sábado (4). A agremiação, que homenageará João Nogueira pela Série A no sábado, 25 de fevereiro, treinou com cerca de 2 mil componentes e teve uma crítica bastante positiva por parte do time de comentaristas do SRzd Carnaval. A começar pela bateria. Segundo Cláudio Francioni, “é digna de pelo menos cinco adjetivos”. Cadu Zugliani completou dizendo que “mestre Demétrius (estreante) está fazendo um bom trabalho e dando continuidade ao que mestre Maurão fez em 2016, quando garantiu 40 pontos dos jurados”.

Cubango. Foto: Jeanine Gall
Cubango. Foto: Jeanine Gall

Outro ponto alto foi o samba, cantado por Hugo Júnior e seus companheiros de carro de som. A comissão de frente, que é liderada por Hélio Bejani e Beth Bejani, ganhou olhares curiosos. Premiado, o casal, que também realiza a mesma atividade no Salgueiro, prepara uma surpresa baseada na vida de João Nogueira, compositor e sambista diretamente ligado à Portela.

Cubango. Foto: Jeanine Gall
Cubango. Foto: Jeanine Gall

Na performance desta noite, pouca coisa foi revelada. Casais de malandros e mulatas deram o tom da coreografia. O SRzd soube, porém, que há muitas surpresas a vir: “Somos 15 componentes e cada um vai representar dois personagens diferentes no desfile oficial. Vamos usar um elemento alegórico pequeno”, revelou Beth ao falar com nossa equipe: deixou no ar ideia de que provavelmente haverá troca de roupas e outros efeitos que certamente agradarão o público.

Comissão de frente. Foto: Henrique Matos
Comissão de frente. Foto: Henrique Matos

Diego Falcão e Jaqueline Gomes, que defendem o pavilhão da escola niteroiense como primeiro casal, também foram bem avaliados. O casal mostrou entrosamento e muita técnica na apresentação e é mais um quesito com saldo bastante positivo no treino deste sábado. Daniel Ghanem, coreógrafo de casais e que também teve a oportunidade de ser julgador, resumiu: “Todos os casais que se apresentaram na noite deste sábado fizeram um ótimo trabalho”. Thais Romi, ex-porta-bandeira, completou: “O casal da Cubango fez uma coreografia poética. Diego dança muito, tem um riscado que parece flutuar. Ele e Jaqueline foram tradicionais e seguiram a letra do samba”.

Cubango. Foto: Jeanine GallCubango. Foto: Jeanine Gall

A comunidade verde e branca da Cubango cantou o samba até o fim do ensaio. Na parte de evolução e ainda na harmonia, colunistas do SRzd também não encontraram problemas. Os vídeos com as análises você conferirá em breve.

Cubango. Foto: Jeanine Gall
Cubango. Foto: Jeanine Gall

‘É excelente novos artistas receberem oportunidades’

O título do enredo, “Versando Nogueira nos cem anos do ritmo que é nó na madeira”, tem a autoria do ex-carnavalesco da escola, Cid Carvalho, e desenvolvimento da sinopse pelo jornalista Fábio Fabato. Com a saída de Cid, foi Lúcio Sampaio que ganhou a missão de (re) planejar o desfile. Em entrevista ao SRzd, Lúcio comentou o desafio:

Carnavalesco Lúcio Sampaio. Foto: Rodrigo Trindade
Carnavalesco Lúcio Sampaio. Foto: Rodrigo Trindade

“Eu conhecia uma pequena parte da obra de João Nogueira. Ao assumir o planejamento, aproveitei a sinopse e me inspirei no samba, belíssimo; mergulhei na discografia do homenageado para buscar mais informações. Foram várias madrugadas para planejar a execução. Fiz com muito amor, dedicação e tenho certeza que surtirá grande efeito. Tenho a ajuda de Luiz Carlos Bruno, que está responsável pelas fantasias. Tecnicamente, ele é perfeito. A gente conversa muito e sempre chega a um denominador comum”.

Formado em Artes Plásticas, o rapaz tem pelo menos 13 anos de Carnaval. Começou na Porto da Pedra em 2005 como pintor artístico. Também executou trabalhos na Vila Isabel, na Portela, entre outras. Com o tempo, começou a planejar figurinos e outros serviços de barracão para vários carnavalescos atualmente reconhecidos. Chegou à Cubango através da oportunidade dada pelo presidente Olivier Luciano Vieira (o Pelé).

“Acredito que a modernidade também se baseia na tradição. Temos um grande leque de pessoas talentosas que vêm surgindo. A gente nunca se desfaz dos artistas mais antigos, mas acho que é preciso existir uma renovação. A galera nova, que vem de baixo, chega com aquele espírito de apresentar o seu trabalho. É excelente novos artistas receberem oportunidades”, analisou.

Homenagem a João Nogueira pode custar até R$ 1,3mi

Levanto em conta a crise econômica e a falta de patrocínio e apoios às escolas de samba, o presidente Pelé contou ao SRzd que mesmo assim as atividades estão em dia no barracão.

“A crise abala o Rio e o Brasil todo. Até eu mudei de plano de saúde e hoje virei SUS. Temos que tirar da cabeça o que não se tem no bolso. Nos preparamos desde o Carnaval passado deixando uma parte do dinheiro para o desfile de 2017. A comunidade ajuda com atividades no barracão. Estamos com os pés no chão, mas temos boas surpresas para o desfile oficial”.

Presidente Pelé. Foto: Rodrigo Trindade.
Presidente Pelé. Foto: Rodrigo Trindade.

O dirigente também analisou os pontos altos da Cubango: “Temos uma grande comissão de frente, um belo casal e Luiz Carlos Bruno com as fantasias. Agora, estamos trabalhando a evolução, o canto e a harmonia para garantir pontuação máxima”.

Jorge Ripper, diretor de Carnaval e harmonia, por sua vez, fez revelações interessantes sobre 2017. A primeira foi o custo do desfile: “O desfile da Cubango não passará de R$ 1 milhão e 300 mil. Mas esse é um dinheiro que quase não chega ou chega aos poucos. Cata um dinheiro daqui outro dali, paga uma coisa e outra. Este é o Carnaval da solidariedade, um ajudando o outro”.

Ripper contou que 2 mil componentes ensaiaram nesta noite, mas no desfile oficial, 200 serão cortados. “Serão menos pessoas porque no ensaio técnico sempre aparece aquelas que se dispõem a ensaiar, mas no desfile oficial acaba não comparecendo. E outra parte do corte se dá por questão financeira. Já havíamos reduzido o número de componentes. Em outros anos, desfilávamos com cerca de 2.300 mas tivemos que cortar gastos”, explicou.

Mudança em todo o planejamento de desfile

O diretor exaltou o trabalho de Lúcio Sampaio, carnavalesco que assina pela primeira vez um desfile mas que já teve experiências como diretor artístico em outras escolas. “A gente descobre artistas de grande talento no Carnaval, mas que são verdadeiros carregadores de piano. Lúcio já é diretor artístico há um bom tempo e com a saída de Cid, o presidente Pelé resolveu dar oportunidade ao rapaz. Existem pessoas novas que merecem oportunidade de mostrar talento. Podem surpreender”.

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Jorge também revelou outro fato importante: “Cada carnavalesco tem uma maneira diferente de ver um enredo. Lúcio fará uma versão diferenciada do projeto original feito por Cid Carvalho. Todo o figurino foi mudado, da cabeça da escola à última alegoria”. Acerca das atividades no barracão, o dirigente fez suas considerações e disse que a escola quis manter o “pé no chão”:

“Eu poderia estar melhor, mas nesta semana, vamos dar uma boa engrenada. Mas vamos fazer um desfile dentro de nossa realidade, mas com tudo bem feito. Vale considerar os pontos altos que a Cubango tem: além de um bom samba, temos uma comissão de frente inquestionável, um bom primeiro casal, uma bateria boa com um mestre que também é estreante (Demétrius). A nível de fantasias, não serão luxuosas, mas serão feitas com capricho. Outra coisa que conta ponto e é a maior novidade neste ano da Cubango foi deixar de fazer ensaios de quadra para fazer ensaios de rua. Estamos nos preparando e treinando muito”, analisou ao dar entrevista ao SRzd.

Veja galeria de fotos:

 

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