CHAT FOLIA: Crítica, diversão e ludicidade, Meninos de Pelotas chega com tudo para falar das Estações do Ano

01/10/2017 às 12h39 - Por Carnaval de Maquete

Barracão da Meninos de Pelotas (Divulgação)

Depois de um breve afastamento, Raphael Khaleb, um dos fundadores da União das Escolas de Samba de Maquete retorna com uma nova escola, mais leve, mais divertida e mais crítica. A Meninos de Pelotas trará para a competição um desfile sobre as Estações do Ano de maneira diferenciada, misturando crítica, diversão e o olhar infantil e fará uma releitura do samba-enredo de 2010 do Acadêmicos do Tatuapé.

Não se esqueça os desfiles do Grupo B acontecem nos dias 14 e 15 de Outubro a partir das 14h30 no site www.uesm.com.br

Confira a entrevista completa.

– Quem são os componentes e quais as funções?
A agremiação é composta por mim, Raphael Khaleb, e por Tiago Leal. Nós somos tudo um pouco na agremiação: enredistas, carnavalescos, aderecistas. Não há uma distinção entre a gente.

– Explique a escolha do nome, do símbolo e das cores da escola.
As cores vieram de uma pesquisa onde vimos que não tinha escolas com Roxo e Rosa como cores predominantes (Império de Mangueira tem o rosa com várias outras cores) e a IEPA tem o Arco Iris como cores). Escolhemos o Roxo devido estar ligada ao mundo místico e significa espiritualidade, magia e mistério. Significa o espírito, o desejo de vontade e a força. O roxo transmite a sensação de tristeza e introspecção, já o Rosa, representa a beleza, do romantismo, do amor terno, romance, sensualidade e carinhoso. A ideia do Unicórnio partiu depois de uma conversa bem animada com Alerson Godoy e Luciano Breteinbach em momentos diferentes. Ambos (Presidente da Escola madrinha e Padrinho), o primeiro insistia que a liga precisava da minha volta, pois eu era um dos presidentes mais alegres, divertidos, humanos e reais. Já o Luciano, dizia que os desfiles da minha antiga agremiação precisavam ter a minha cara, ser alegres e pra cima diferentes daquele que eu havia apresentados. Então… pensando nisso, eu precisava escolher um mascote para a minha escola e escolher o Unicórnio Rosa foi quase que por osmose quando veio a ideia…. E o nome veio lembrando de um grupo de amigos que acabei formando na UESM (Eu, Cleiton Almeida, Alerson Godoy, Thiago Laurentino, Nicolas Gonçalves e o Lukas Schulltheiss) junto com uma ala da São Clemente 2004 que gerou polêmica devido ao nome. “Não dê Pelotas aos viadinhos”. E assim surgiu a agremiação que tirará a responsabilidade e vai ser a alegria do carnaval.

– Como surgiu a ideia de criar uma escola de samba de maquete e participar da UESM?
Sou o primeiro presidente a passar por 03 escolas (Barões da Pedra, Segredos do Vaticano e Meninos de Pelotas). Posso pedir música no Fantástico? (hahahahaha) E um dos fundadores da liga (com o Marco e o Cleiton). A ideia veio do Marco depois da dissidência. Quando eu vi, me apaixonei pelo projeto, e comecei a ajudar a ele, me tornando vice-presidente. Fiquei afastado do desfile do Grupo B de 2016, mas decidi voltar esse ano.

– Como é o seu relacionamento com o carnaval?
De amor e ódio. As vezes quero sair disso tudo, as vezes quero viver disso. Mas eu sou o carnaval. Melhor, como dizia uma música do Baby Marcelo (Piranha do Banheiro), Meu corpo é o Carnaval. E Põe carnaval nisso. (risos)

– Desfila? Assista? Produz? Curte blocos, desfiles?
Então, desfilo desde 1993. Esse ano faço bodas de prata no Carnaval. Desfilei pela primeira vez em 1993 pela Porto da Pedra, pelas ruas de São Gonçalo e acompanhei a escola desde então. Esse ano faço 25 anos de desfiles, Participo do Carnaval produzindo desde 2011, quando comecei no Alegria da Zona Sul. Trabalho com Guardiões de Casais da Renascer de Jacarepaguá e da São Clemente, Tenho alas em escolas como Rocinha, Cubango, Renascer, Alegria da Zona Sul e Acadêmicos do Engenho da Rainha. Já fui pesquisador de enredo na Tijuquinha do Borel (2011) e trabalhei com a Em Cima da Hora até o ano passado. Mas o que mais me deu popularidade foi o desfile da União da Ilha 2015, onde gerou o personagem que caiu na boca do povo até hoje, a Cleópatra.

– Já participou de outras ligas de carnaval na internet?
Comecei na LICAV que virou LESCV (Liga do carnaval virtual que trabalhava com enredos descritos), Depois disso, passei pelo Virtua Folia, onde fiquei 10 anos julgando (até a liga acabar) Entrei para a UESM e desde então fiquei na liga., Quando eu me afastei no início de 2016, entrei para a LIESE, onde fui convidado a ser vice-presidente e no semestre seguinte (lá os desfiles eram semestrais) assumi a presidência e estou até hoje. Já vamos para o 4º desfile, contando inclusive com muitos amigos da UESM participando, como jurado e como enredista.

– Conte um pouco do enredo que vai ser desenvolvido e o samba escolhido.
Bom, depois do sucesso que foi o desfile da Segredos do Vaticano com a comunidade do Tatuapé, (Até uma mensagem do presidente eu recebi e o convite para estar na quadra da Agremiação) quis escolher algo que sintetizasse a essência do Tatuapé e descobri que em 2010 a agremiação estava desacreditada e ali eles começaram a se reerguer. Pensando nisso, eu tinha escolhido ainda para a Segredos do Vaticano esse tema. E quando veio a oportunidade de voltar resolvi manter esse desfile. Até porque a foi modificado muito o enredo. A ideia é trazer a crítica (Olha a crítica!!!) um embate da realidade com a ficção através do confronto da visão da criança com a visão do adulto. As coisas que vemos no dia a dia de cada estação do ano e nos elementos alegóricos (carros e tripé) como a criança enxerga essas estações;

– Como está sendo a experiência de produzir um carnaval de maquete? Qual o principal desafio?
Imagina produzir um carnaval levando 2 horas e meia para chegar ao trabalho, ficar 08 horas de segunda a sábado no trabalho, fazer faculdade e pós-graduação ao mesmo tempo, além de coordenar uma liga de enredo, conseguir material, ter vida social. Todos essas dificuldades vem atrapalhando, porém está sendo gostoso demais voltar a meter a mão na massa.

– A escola enfrenta alguma dificuldade em encontrar materiais na sua cidade?
Estamos em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Então por mais distante q seja, podemos atravessar a poça e temos material. Niterói também tem material, porém, o nosso material hoje é bem alternativo. Um dos nossos objetivos para 2018 era exatamente esse, se reinventar. Então de que adiantaria comprar material pronto para fazer os carros e alas?

– Tem alguma aposta em material diferente para este ano? Fale sobre ele.
Papelão. Cores, formas. A ideia desse ano, que veio do Tiago é fazer o lixo virar luxo (novidade essa frase? risos) se reinventar. Então, estamos usando muitas caixas, papelões, com formas e estampas diferentes. Vocês vão ver desde caixa de bombom até caixa de hambúrger, caixa de pasta de dente, canudos, entre outros.

– Qual será o seu diferencial para se destacar em meio as 15 agremiações do Grupo?
Na verdade, o objetivo real da Meninos de Pelotas será fazer um carnaval divertido. Se eu vou me destacar, não sei. Mas não tenho a menor pretensão de ficar pensando nisso. O meu objetivo para esse carnaval é ficar em 15º lugar (frase do Tiago) e o que vier acima é lucro.

– Qual será o momento mais impactante do desfile?
1º A passagem das estações. Ludicamente infantil destoa em potencial. Uma das alegorias será com certeza uma alegoria impactante, toda trabalhada na iluminação, impactando o visual pelo contraste. 2º O Mascote da escola foi feito por um rapaz em Parintins e o Daniel Katar deu de presente para a agremiação. Teremos Unicórnio Rosa com Luz e movimentos.

– Pode nos revelar mais alguns detalhes ou curiosidades?
Posso sim, a escola deixou toda a riqueza de lado. A ideia de comprar pronto não cabe nesse trabalho. Tem coisas que, ano passado estaríamos comprando prontas. Esse ano não houve gasto nenhum com o carnaval de maquete. Apenas tiramos da cabeça o que do bolso não tinha por que gastar. Então se apegue nos detalhes.

– Além de ser um dos fundadores da UESM, você já foi campeão no Grupo Especial e no Grupo de Acesso, acredita isso possa trazer vantagem sobre as demais agremiações devido as técnicas e experimentos que já conhece?
Sinceramente? Já me vejo campeã do Grupo B. (hahahahahhaahha) #SQN! Mentira! Não existe vantagem quando se tem 14 agremiações com trabalhos excelentes. Qualquer deslize pode ser primordial para o declínio de qualquer co-irmã. Por ter sido o primeiro campeão do grupo especial e o primeiro campeão do grupo de acesso isso não me credencia absolutamente em nada para o título. Pelo contrário, me joga um peso nas costas de que tenho experiência, então tenho que ser campeão. Mas meu objetivo, sinceramente não é ser campeão de absolutamente de nada. Meu objetivo é me divertir. Reconquistar a alegria que eu tinha quando fazia maquetes, porém sem o peso do resultado.

– Batuqueiros de Floripa também falará sobre as Estações do Ano. Como usar a criatividade em meio a dois temas parecidos?

Temas parecidos, mas propostas diferentes. De início fiquei com medo, pensando em como resolver esse problema. A solução foi matar o Christian e o Fernando (o que não acontecerá). Rsrsrsrsrsrs. De início não queria., achava o cúmulo, mas depois fiquei pensando… A única coisa que realmente não quero é uma comparação do trabalho meu com a Batuqueiros. E por isso pedi pra desfilar em outro dia, pedido esse que foi atendido; Infelizmente comparações vão acontecer, mas seria de muito meu grado que não fizesses essas comparações afinal, somos trabalhos diferentes aos quais precisam ser enxergados dessa forma.

Deixo de mensagem a cada pessoa que ajudou a FURECA Meninos de Pelotas a entrar na avenida nesse ano. Desde as pessoas que incentivaram a volta até as pessoas que aceitaram a ser homenageadas no nosso Carnaval. São eles: Ivone Gomes (Diretora de Baianas da Unidos da Tijuca) e sua ala, George Louzada (Diretor das alas de passistas da Unidos de Padre Miguel e Mocidade Independente ) e sua ala, Arthur Rozas (Arame de Ricardo), Roberta Freitas e Muskito (Santa Cruz e Beija Flor), Raphaela Caboclo e Feliciano Junior (Império Serrano), Verônica Moura e Lucas Duarteh, Amanda Freitas (Filhos da Águia), Cleiton Almeida (Parque Javali), Nicolas Gonçalves (Unidos do Tijucano), Thiago Laurentino (Mocidade Louca de Pilares), Louise Guida, Fernando Santos (Santa Cruz), Lukas Schultheiss (Coxa Bamba da Rainha), Marco Antonio (Mocidade MASF), Wiler Dias (Guerreiros da Vanguarda – LIESE) e a todos os amigos que me deram força. E o agradecimento especial fica para os padrinhos Alerson Godoy e Luciano Breteinbach (Ouro Branco) por me incentivarem a voltar antes mesmo do campeonato de abril desse ano.