Xuxu na Serra divulga enredo da sua estreia no Carnaval Virtual

Fazendo sua estreia no Carnaval Virtual em 2023, a ESV Xuxu na Serra divulgou o enredo que levará para a disputa do Grupo de Acesso II no seu desfile desse ano.

De autoria de Fernando Saol, a azul e rosa, do Rio de Janeiro/RJ, irá apresentar o enredo “Guardai os vossos pandeiros, guardai! Porque esse ano a escola de samba não sai”.

Confira abaixo a sinopse do enredo divulgada pela escola:

SINOPSE

Todo ano é a mesma coisa
Qual será o tema que virá?
O enredo desse ano foi tão lindo
Arquibancada aplaudindo
O povão gabaritou

E o dez que não veio dos jurados
Não entenderam, coitados
A profundidade da nossa criação
O presidente apareceu no ateliê
Cobrou e tá querendo ver
Uma grande ideia surgir no barracão

Egito Antigo sempre dá enredo bom
Afinal de contas, tudo veio de lá
Estamos pensando em botar na comissão
Plumas e faisões costumam impressionar

Ou se optarem pela velha homenagem
Clara Nunes não descansa, todo ano só dá ela
Alguma escola já fez no ano passado
Troca pena, renova a mão de tinta
Não precisa ter trabalho

Sei que o terreno aqui do lado
Tem coqueiro, tem palmeira
Palha nunca vai faltar
No Mercadão tem roupa pronta de orixá
Falar de África não tem como errar

O presidente acabou com a brincadeira
Não tem dinheiro nem para trocar pneu
Disse que esse ano, está fechada a torneira
“Reciclem o que der, pelo amor de Deus”

Com pouca verba surge criatividade
Que logo acaba, quando cogitam cidades
Piraporinha já mandou representante
Comércio, marca de refrigerantes
Vão entrar no ratatá

Mas pesquisando, vimos curiosidades
Dinossauro, mamute e cabrito
Já viveram na cidade
Mas claro que a prefeitura não quer
O tema já veio pronto
“Não me metam a colher”

O departamento cultural
Achou outro tema para o nosso carnaval
Vai ter almoço com empresários do Acre
Do ramo da borracha, quem diria
“Porque não exaltamos Chico Mendes?”
Tá na moda falar de ecologia…
Foram oferecer a outra escola
Pelo visto, pisamos na bola
E não foi dessa vez
Que teremos pacaranas no abre-alas

Ainda temos uma pequena chance
De conseguir um patrocínio estatal
Do “estrangeiro” está vindo a comitiva
De um governo ditatorial
O medo no encontro é palpável
Mas pela sorte não falam nossa língua
O país é um pequeno sultanato
Esse nome é um barato
E não sabemos o que significa
Menos mal que não é Arábia Saudita

Voltando ao assunto do enredo
Querem que contemos TODA a história do Brunei
No pendrive, tem 1 giga de arquivos
Tem fotos, documentos e livros
Mas como contar isso, eu não sei
Só temos 4 carros e 20 alas
Muita coisa vai ficar bem mal contada

Desistiram da ideia, que beleza
Mas ainda não temos grana na conta
O presidente disse que ia no Centro
Conversar com o empresário dos Morenos
Nem sabia que pagode tinha voltado
Mas a gente tem tudo pra certo
Falar de anos 90 com romance swingado
Levar Mina de Fé pra sambar para os jurados

Mais um projeto infelizmente engavetado
Algo travou a negociação
Só soubemos quando um dia eles ligaram
E o motivo nos deixou possessos…
O Agente disse com todas as letras:
“A nossa história merece uma Escola de sucesso”

Vamos pesquisar alguma personalidade
Quem merece ter sua vida em canção?
Ítalo Rossi, Nicete Bruno, Luiz Melodia?
Carlinhos Maia nunca foi nossa opção!

Graça a Deus acataram o sugerido
Mas aí que mora o perigo
Surge a dúvida de quem homenagear
O patrono mostrou que está dividido
Prefere falar do mito

E por alguns segundos prendemos a respiração
Sua sugestão para nós foi um alívio
Ele quer gargalhadas e não tiros
Pediu pra pesquisarmos toda a vida do Oscarito

Uma reviravolta aconteceu na madrugada
Com um mandado, apareceu um oficial
O documento diz que a eleição é nula
Entrou na justiça, a viúva
E que seja feita uma nova disputa

“Guardai vossos tamborins, guardai
Que pelo visto a escola de samba não sai”
Foi a notícia que rolou
E ela ganhou…

A comunidade está com ela
Pois ela prometeu um desfile bom
Tá com dinheiro e disse que vai investir
Já encomendou novos chassis
E carta-branca para um tema autoral

O meu compromisso é com a escola
E meu povo, chegou a hora
Tenho só dois meses pra fazer um carnaval

Seguindo a vontade dos mais velhos
Vamos falar de antigos carnavais
Quando o samba tinha cadência
E os sambistas… tomavam conta da pista
Sem fila, sem fantasia pra esconder
A felicidade de na avenida defender
A nota dez que o jurado vai reconhecer

A Praça Onze que um dia foi celeiro
De todo o Rio de Janeiro
Está novamente a encantar
Não tem metrô, nem corre-corre
E a gritaria
É de ver a alegria
Novamente contagiar

“O último baile da Praça”
Que seria demolida
Em prol do progresso e deixaria
Mil sambas sobre a tristeza e emoção
Ainda vive no imaginário do artista
E hoje, todo o sambista
Vem homenagear

“Adeus, minha Praça Onze, adeus”
O quarto carro foi o mais belo da apresentação
No fim do carnaval vai ser desmontado
“Mas ficarás eternamente em nosso coração”

Não sabemos se a escola ganhou
Nem se ganhará
No fim das contas, diferença isso não faz
Aconteceu o que tinha que acontecer
O carnaval foi pra avenida como deve ser…