Filhos do Tigre apresentará a Filha de Sião no Carnaval Virtual 2023

7ª colocada no carnaval passado, o GRESV Filhos do Tigre apresentou o enredo que levará para a disputa do título de campeã do Grupo Especial do Carnaval Virtual 2023.

De autoria de Diogo Augusto, a vermelho e branco de São Gonçalo/RJ irá homenagear Maria e suas faces através do enredo “Filha de Sião”.

Confira abaixo a sinopse do enredo divulgado pela agremiação:

Filha de Sião:

“Solta gritos de alegria, filha de Sião! Solta gritos de júbilo, ó Israel! Alegra-te e rejubila-te de todo o teu coração, filha de Jerusalém! O Senhor revogou a sentença pronunciada contra ti, e afastou o teu inimigo. O rei de Israel, o Senhor, está no meio de ti; não conhecerás mais a desgraça. Naquele dia, dir-se-á em Jerusalém: Não temas, Sião! Não se enfraqueçam os teus braços! O Senhor teu Deus está no meio de ti como herói Salvador! Ele anda em transportes de alegria por causa de ti, e te renova seu amor. Ele exulta de alegria a teu respeito como num dia de festa. Suprimirei os que te feriram, tirarei a vergonha que pesa sobre ti.” Sofonias 3,14-18

O monte Sião, colina em Jerusalém personifica o povo de Israel, a filha de Sião, Israel esse convidado a alegria a partir de tantos profetas, de um Deus que não abandona seu povo, que os salvas das dificuldades da história, esse rochedo onde o rei Davi mandou colocar a arca da aliança, e seu filho rei Salomão constrói o templo, assim esse monte era o coração de Jerusalém, nessa parta onde os pobres estavam, por isso Maria é a Arca da Aliança, tempo do altíssimo, pois ela sintetiza e personifica esse Israel da antiga aliança, declarada no novo testamento, ela é o auge da vocação de Jerusalém como o povo eleito por Deus, a flor de Israel, assim como Deus preparou Israel a receber Seu Filho, preparou a virgem prudentíssima a acolhê-lo na terra, a mulher onde se realiza as promessas do antigo testamento, das promessas aos patriarcas da fé, a portadora das promessas cumpridas na plenitude dos tempos, nela todos os que antes vieram alcançam essa totalidade em Cristo. 

Alegra-te ó Cheia de Graça, o Senhor é contigo! (Lucas 1,28) Não tenhas medo, Maria! Encontrastes graça diante de Deus (Lucas 1,31)

Essa criatura humana, amada e escolhida por Deus a ser mãe de Seu Filho, somente ela poderia representar o povo de Deus, esse povo da aliança, que guiou no Egito para fora da escravidão, da mesma forma, que os fez atravessar o mar vermelho a pés enxutos.

Maria ao trazer O Filho de Deus, é novo Israel, que hoje é a Igreja, Templo do Altíssimo, se torna do lugar onde Deus mora, não mais uma pessoa, com José ao assumir a paternidade de Cristo, acolhe de Maneira profunda todas as promessas divinas, porta de entrada do povo eleito, ela é uma luz para o povo: “Faça-se em mim segundo a tua palavra” Lucas 1, 33.

Sião para muitos é o paraíso, o lugar escolhido, o céu, a plenitude, e Maria traz esse ideal de Mulher dos últimos tempos, intercessora junto ao pai, consoladora dos aflitos, mãe de todos os povos, nelas se encontra toda a graça.

Antes da criação do mundo:

Maria foi eleita e predestinada, antes da criação do mundo, ela já ocupava um lugar no mundo antes mesmo de nascer, pois a história de Deus é escrita em Maria, e assim na nossa história, pois ela representa Deus em nossa história pela filiação divina.

Em Gênesis, Eva, que ao pecar traz o pecado ao mundo, é oposto de Ave:

Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”

Gênesis 3,15

Que traz a graça e salvação, que esmagara a cabeça da serpente, o diabo e levará com segurança os seus filhos, a filha de Sião e um convite hoje a vivermos a alegria das promessas de Deus a humanidade, pois nela se espelha a perfeição da humanidade, que passa o vale de lagrimas com seus filhos.

Deus reuniu todas as águas e deu nome de mar, reuniu todas as graças e deu o nome de Maria.

São Luiz Grignon de Montfort

Infância de Maria:

Os anos iniciais da vida de Maria, assim como seria da vida de Jesus, as escrituras nada dizem sobre esse tempo, a apresentação da Virgem ao templo, por seus pais Santa Ana e São Joaquim, no templo de Jerusalém, que já pequena, a oferecem para os serviços do templo, onde ali de manifestava a glória de Deus, cena que se repetiria depois com José e Maria levaram seu filho Jesus para apresenta la no templo.

Maria não chorou, nem olhou para trás ao subir, alegremente, os degraus do Templo, onde passaria a infância servindo a Deus, pois seu coração já se ardia por Deus.

Assim fui firmada em Sião; repousei na cidade santa, e em Jerusalém está a sede do meu poder. Lancei raízes no meio de um povo glorioso, cuja herança está na partilha de meu Deus; e fixei minha morada na assembleia dos santos.

Eclesiástico 24, 15-16

Depois dessa apresentação, Maria continua a viver no seio família, como contemplamos a sua imagem, sempre Santa Ana com Maria no colo, ensinando os dez mandamentos. Crescendo diante de Deus e também diante do povo, sendo educada na fé, e em todo o mais, ao estudar a palavra de Deus, a tradição diz que passava horas a meditar, a sorrir e proclamar a glória de Deus.

Bendita és tu:

A escolhida e bendita, dentre todos, vê-se sua devida importância, pois na bíblia sempre que um anjo aparece, a pessoa se dobra, se deita e não consegue olhar para ele, já com Maria, o anjo de dobra a grandeza dessa mulher.

 “Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. 32Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim”.

Lucas 1, 30-33

Maria para aceitar esse “pedido” só poderia estar plena de Deus, totalmente envolvida pelo espírito, ela corre ao encontro de sua parenta Santa Isabel, que estava grávida na velhice, de São João batista, e quando esse encontro divino acontece, as crianças se estremecem em suas barrigas, ali estavam, O batismo, precursor de Cristo, que batizava com água, e Jesus o próprio Deus que batizava com fogo.

Ave, habitação da divindade, porque aquele que os céus não podem conter, encontra-se no teu seio, ó Bendita!

Ave, trono abrasado!

Ave, montanha intacta, morada de todo o louvor: em Ti habita a plenitude da divindade, por vontade do Pai Eterno e por intervenção do Espírito Santo!

Ave, ó cheia de graça, o Senhor está contigo!

(Anatólio – séc VII)

Prefiguração de todas as mulheres:

Maria prefigura todas as mulheres da bíblia, sendo o modelo universal.

Em Ana (1 Samuel, 1,15) que a partir da sua situação de mulher estéril, e humilhada, entrega seu coração a Deus, diante da oração, nos mostrando que quando somos aflitos devemos buscar aquele que pode solucionar os problemas.

Na Rainha Ester (Ester 4,16) vemos um exemplo de soberana que intercedeu pelo povo de Deus perante o Rei Assuero, fazendo jejum perante os reis, o povo e Deus, para que tivesse sucesso em sua causa, fazendo-nos entender que a vida vale a pena a qualquer valor.

Novamente em Samuel, Abigail que pacificou a discórdia ente Davi e Nabal, assumindo a culpa pelas atitudes do marido, evitando a vingança de seu marido Davi, ensinando a sabedoria de agir em momentos difíceis e conforme a vontade de Deus

Maria, que morava em Betânia, que sempre buscou aprender do Senhor, sentava-se aos pés Dele para ouvi-lo, e repreende sua irmã Marta, que não parava de trabalhar na presença de Cristo, nos mostra a contemplação e adoração e amor a Deus, “desperdiçando” a vida com o que realmente precisa.

A mulher pecadora, citada em Lucas, que lavou os pés de Jesus com lagrimas e secou com os cabelos, ungiu sua cabeça com caros perfumes, ela mostra o arrependimento dos pecados, mesmo que Maria não o tenha, não mediu esforços a estar nos seus pés.

Ao contrário de Eva, ela escuta e obedece ao senhor, assim como a mulher de ló que ao fugir da cidade recebe a ordem de não olhar para trás, e se torna uma estátua de sal, Maria é o exemplo da obediência fiel a Deus, que está em sintonia com seu criador, Maria prefigura essas figuras bíblicas femininas que amam a Deus, porém nela contém todas.

Mãe de Deus:

Jesus, sendo o único filho de Maria, é mãe espiritual que se estende a todos os homens no qual veio salvar, pois “Ela gerou Seu Filho, do qual Deus fez ” “o primogênito entre uma multidão de irmãos” (Rm 8,29).

Maria é coroada como rainha dos céus, e cheia de graça, com sua dignidade acima dos anjos e santos, por ser a Mãe de Deus, a partir do infinito que é Deus, essa maternidade divina, esse ato é uma reconciliação de Deus com a humanidade, quebrada em Eva, a encarnação do verbo, e nos converte em filhos, nos entregando uma mãe na cruz: Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: “Mulher, este é o teu filho”. João 19,26, é possível amor maior, que dividir uma mãe com todos?

Um amor que vai até o extremo sofrimentos, quando ninguém mais está perto, está ali Maria, como disse a profecia do velho Simeão: Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma. Lucas 2,35.

Uma espada de dor que transpassa o coração de Maria, mesmo assim se une as mazelas da humanidade, as sete dores de Maria, meditadas nos recordam o sofrimento de Jesus, as dores de uma mãe: a profecia de Simeão, a fuga para o Egito, os três dias que Jesus esteve perdido, o encontro com Jesus levando a cruz, sua morte no Calvário, a descida da cruz e o sepultamento de Jesus.

Mãe de todos os povos:

Em todos os lugares Maria é invocada em auxílio, aparecendo em dificuldades, mesmo,

Em Lourdes, na gruta de Massabielle, aparece oferecendo conforto a Santa Bernadete, que é auxílio dos enfermos,” … a 13 de maio na cova da Iria…”  Nossa Senhora de Fátima aparece aos pastorinhos, em Portugal, e muitos viram seus milagres, e hoje recorremos com tanta fé.

Maria que veio no auxílio, quando o imperador muçulmano após tomar várias ilhas, lança seu olhar a Europa, e o Papa Pio V, na batalha de Lepando pede ajuda a Nossa Senhora, e após a vitória inclui na ladainha o epíteto “Auxilio dos Cristãos”, iniciando a devoção a Nossa Senhora Auxiliadora.

Ou mesmo na ásia, Nossa Senhora que aparece em Akita, no noroeste do Japão.

Essa mesma senhora, que apareceu no monte Tepeyac, ao indo Juan Diego, se fazendo tão próxima dos seus filhos que aparece como uma indígena, morena, cabelos pretos e tilma, roupa local, Nossa Senhora de Copacabana (lugar luminoso) padroeira da Bolívia, Nossa Senhora de Lujan, padroeira da argentina, que saiu do Brasil e se deteve no rio Lujan, ou nossa Senhora dos trinta e três no Uruguai, que foi testemunha da declaração de independência do país em 1825, por trinta e três patriotas desse pais.

Nossa Senhora Aparecida, que surge como imagem no Rio Paraíba do Sul, trazendo tanta prosperidade a região, Nossa Senhora de Nazaré, no Pará, que é padroeira da região norte e do povo ribeirinho, ou seja, ela se faz povo para ser mãe dos povos.

Maria, Rainha do Universo

“E rendem-lhe preito de vassalagem os Anjos…, e os patriarcas e os profetas e os Apóstolos… e os mártires e os confessores e as virgens e todos os santos…, e todos os pecadores, e tu e eu”.

Com Maria vemos que não adianta estar longe do Senhor, que as maravilhas da criação são o pó da terra, se não tem Ele, a santa esperança, e a busca da pátria definitiva, a coroação de Maria no Céu pela Santíssima Trindade, seu corpo elevado ao céu (corpo e alma) assunta (que subiu com o auxílio dos anjos) se assenta na glória, em lugar de honra e distinção, mais que ele só Deus.

O Anjo Gabriel lhe revela que seu Filho reinará para sempre sobre a descendência de Jacó, e o seu reino não terá fim (Lc 1, 33), mãe de Rei é Rainha e tem seu devido lugar, mas essa rainha como nenhuma outra é servidora e majestade, somente ela pode abarcar esse estilo de vida, essa Rainha que salva, que é a medianeira e guardadora de todas as bençãos no céu, e distribui do modo que lhe aprouver.

A mulher no fim dos tempos, a qual João fala no Apocalipse: uma mulher vestida com o sol, tendo a lua debaixo dos pés e, sobre a cabeça, uma coroa de doze estrelas – Apocalipse 12, 1, essa mulher que ainda vai nos últimos dias lutar contra o dragão da força do mau, sendo ela vencedora.

Essa realeza é mais consoladora que temível, pois ao assumir esse projeto salvífico, auxilia na redenção da humanidade, e como pode se não um filho não ouvir a uma mãe, tão benditíssima como essa? Ela é a mãe dos homens, auxilio muito certo, consolo na aflição.

Maria Clamamos a vós:

Sempre ao se deparar com uma situação consternadora, gritamos ou falamos: NOSSA SENHORA!, no momento de dor, pedimos a nossa senhora em frente de uma imagem da virgem, uma senhorinha simples com um terço na mão balbuciando as aves-marias, pedindo pelos filhos, marido, por pessoas que nem conhecem.

Na obra do Auto da Compadecida, podemos entender como Maria age no céu, quando Jesus diz a sua mãe: “Mãe, se a senhora continuar interceder desse jeito por todos, o inferno vai terminar virando uma repartição pública: existe, mas não funciona.” uma alegoria lindíssima que mostra o olhar para cada pecador e contar sua história, buscar revelar a face misericordiosa de Deus, pois ela não tem a pretensão de ser maior que seu filho, nas bodas de Caná, naquele casamento quando falta o vinho diz: ela observava tudo em silêncio.

Maria recorremos a vós, para que nos ajude nas nossas necessidades, para que nos cubra com seu manto, para que nos leve a terra prometida.

Ó Filha de Sião, olhais pelos Filhos do Tigre, e ilumina o nosso coração!