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Bohêmios exaltará a brasilidade em Iracema, livro de José de Alencar

Atual vice-campeã do Carnaval Virtual, a Bohêmios Samba Club apresentará em 2021 O Canto da Jandaia nas terras do Ceará de Rafael de Lima, presidente da agremiação, e Bill Oliveira, seu carnavalesco. A verde e branco bicampeã da folia virtual apostará na história de Iracema, romance clássico da literatura brasileira, que foi escrito por José de Alencar e publicado em 1865. A escola apostará em sua nova equipe na jornada em busca do título de grande campeã do Grupo Especial.

Confira abaixo o texto produzido pela agremiação:

Logo oficial completo da agremiação.

Justificativa:
Neste momento, em que o desvalor ao Brasil é reinante, e o Espírito Divisor impera em nosso meio, louvar Iracema é rememorar nossa origem e nossa irmandade “Brasi-tupy”! Resgatando os verdadeiros valores nacionais. Celebrando o indianismo como ponto ígneo de nossa verdadeira literatura, a brasilidade é, então, afirmada e os verdadeiros heróis e heroínas nacionais são içados aos mais altos postos de admiração, por sua luta, entrega, dedicação e devoção aos elementos culturais de nossa nação.
Iracema é um anagrama de América. Cantar esta joia da literatura nacional é celebrar a independência do continente das amarras culturais e políticas do colonizador-conquistador. Amarras essas que ainda perduram nos dias atuais, quando se percebe intenção de diminuir este gigantesco país, pela privação do que ele tem de melhor: o brasileiro
Que seja este um canto, o qual celebra, acima de tudo, a formação do povo americano, sua luta, dinastia, destino e sua cultura tupiniquim…

Prólogo:
“Quando escrevi Iracema, em meio a pesquisas sobre a língua tupi-guarani, me irmanei ao Imperador Pedro II e outros intelectuais que também a estudavam, senti a força de um novo tempo, de um povo que nascia miscigenado e sincretizado. Exaltando a cultura indígena – um marco privilegiado, separando o verdadeiro nacionalismo da literatura brasileira, que até então, sofria influência direta da literatura portuguesa. Foi um grande impacto na cultura de nosso Brasil.
Um marco, em prosa, do real-naturalismo literário, exaltando a figura indígena nacional, como grande herói. Uma forma de impor uma identidade genuinamente brasileira, tendo em vista o pouco tempo da independência de Portugal. Transformei a raça indígena em homens puros, bons, educados, honestos, corajosos, atuando, bravamente, nas matas brasileiras, lugar em que viviam de forma harmônica.
Todavia, não imaginava que este novo livro se tornaria tão intenso, transformando-se em uma lenda, que misturaria ficção com realidade. A intenção era mostrar os fundamentos da verdadeira cultura brasileira ao próprio Brasil.
Imbuído de tanto orgulho pela aclamação da temática indianista como verdadeira literatura nacionalista, eu, José de Alencar, passo a contar essa história imortal…”

A Lenda:
Nas terras banhadas por verdes mares nasceu Iracema. A virgem dos lábios de mel, cujos cabelos eram mais negros que a asa da graúna. Seu sorriso era mais doce que o favo da jati. Criada nas matas do Ipu, corria mais rápido que a corça selvagem. Sempre acompanhada de sua fiel amiga jandaia. Um dia, banhando-se nas águas dos rios da floresta depare-se com um estranho guerreiro de face branca, como as areias da praia. Assustada, acaba ferindo o desconhecido com uma flechada, ao passo que, imediatamente, magoada oferece ajuda e cuidados e o leva para a caba do pajé.
Herdeira da guerreira tribo tabajara, filha do grande Araquém, pajé da tribo, Iracema cuida do estrangeiro, enquanto pajé celebra rituais de cura. Iracema detém os segredos da jurema e o mistério do sonho.
Enquanto isso, Irapuã, o maior chefe da nação tabajara retorna com seus guerreiros, após batalha contra a tribo inimiga pitiguaras. Os habitantes do litoral uniram-se à raça branca dos guerreiros de fogo, inimigos de Tupã.
Irapuã se enfurece ao descobrir que Martin está na cabana do pajé, sob os cuidados de Iracema. Temendo pelo seu amado, Iracema o aconselha a fugir. Tarde demais, Irapuã chega à taba do pajé, disposto a lutar por sua amada contra o branco. Iracema defende Martin. O pajé, em seu ritual, afirma que o estrangeiro é hóspede de Tupã é sagrado, ninguém o tocará.
Os pitiguaras preparam-se para a batalha contra os tabajaras. Iracema ama o estrangeiro, quer defendê-lo tanto da ira dos pitiguaras, quanto de Irapuã. tupã já não tinha mais sua virgem dos tabajaras. Iracema e Martin fogem, os pitiguaras avançam, enquanto Irapuã e seus guerreiros vão atrás de Iracema.
Martin enfrenta Irapuã, a espada do cristão vence a clava do selvagem, os guerreiros tabajaras fogem. Iracema se entristece ao ver tantos corpos de seus irmãos.
Iracema e Martin refugiam-se na aldeia dos pitiguaras na foz do rio, perto do mar. Encontram um lugar para erguer sua cabana na margem do rio. A alegria retorna ao coração de Iracema. Amam-se. O sangue do cristão já vive no ventre de Iracema, será mãe do filho de Martin.
Martin inicia rituais para tornar-se um guerreiro vermelho, sob as bençãos de Tupã e recebe o nome pitiguara de Coatiabo. A felicidade e alegria tomam conta da vida do casal nesse novo momento que vivem.
Contemplando a vastidão do mar, o coração de Martin sente saudades de sua pátria. Irapuã e seus guerreiros preparam-se para atacar os pitiguaras. Martin vai para o combate, sem avisar Iracema, que cai em profunda tristeza, ao não encontrar seu amado.
Mais uma vez, os pitiguaras vencem os tabajaras. Martin retorna para sua cabana, sentindo saudades de Iracema e pensando que esta havia partido. Longe de sua casa e de seus irmãos, sentiu-se em um ermo. Aquela vida já não comportava suas grandes e nobres ambições. Começa a desejar que, assim que seu filho saia do ventre de Iracema, esta pereça, para que a alegria volte a iluminar sua vida.
Martin avista os guerreiros brancos inimigos, acompanhados dos tupinambás, derrotados no embate com os tabajaras, que chegam à praia dos pitiguaras em busca de vingança. Os pitiguaras atacam com suas flechas e derrotam os inimigos.
Iracema tem seu filho, à margem do rio, envolta em muita dor. Orgulhosa e com muito amor, deu o nome de Moacir, aquele nascido de seu sofrimento. Iracema vai em busca de Martin. Chegando à cabana, encontra Caubi, que se vinga na índia, da derrota sofrida.
Martin retorna à cabana, encontra Iracema, que lhe entrega seu filho e desfalece. Martin enterra o corpo de Iracema ao pé de um coqueiro. A jandaia pousada na palmeira repetia, tristemente: – Iracema! Esse rio onde crescia o coqueiro, veio, um dia, chamar-se Ceará.

Epílogo:
Do amor entre Iracema e Martin, nasce Moacir (cujo significado é nascido da dor), o primeiro caboclo, o primeiro miscigenado. Desta forma, o texto de Iracema mescla a literatura Lusitana com a contação de histórias Tupiniquins, e afirma a Literatura Brasileira. Uma verdadeira apoteose ao Brasil e seu povo e um ícone sobre a miscigenação, o sincretismo religioso e cultural, que na época de José de Alencar mostrava já a sua força poderosa!
A tradição diz que Ceará significa, na língua indígena, “Canto de Jandaia”. E essa é a etimologia correta, não só conforme a tradição, mas de acordo com as regras da língua. A Jandaia Amarela (cujo significado é Pássaro do verão), tão presente na narrativa, amiga inseparável da heroína, é um pássaro nativo do Brasil, conhecido como a ave símbolo do Nordeste, especialmente do Ceará.
“Repleto de todo esse nacionalismo indígena e feliz por ter escrito esse Romance imorredouro, Eu, José de Alencar, regozijo-me pelo fato de ver encenado, no Teatro que leva meu nome, na Capital de meu tão amado Ceará, a saga de Iracema, verdadeiro mito brasileiro.”

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