Arautos festejará os dois carnavais do ano de 1912 no Brasil

A Arautos do Cerrado, escola de samba do Grupo de Acesso 1 do Carnaval Virtual apresentará o enredo Com a morte do Barão tivemos dois “carnavá”. Ai que bom! Ai que gostoso! Vem com a Arautos “festejá” de autoria de Fabio Granville, Danilo Guerra, Robert Mori e Taynara Senra. A escola sediada em Ceres, interior do Goiás, contará os dois carnavais que ocorreram no Brasil no ano de 1912 em decorrência da morte do Barão do Rio Branco.

Confira abaixo o texto da sinopse da agremiação:

“Existem no Brasil apenas duas coisas realmente organizadas: a desordem e o carnaval”.
Barão do Rio Branco

E lá se foi o Barão…
Morreu no dia dez do mês de fevereiro do ano da graça de mil novecentos e doze.
Mas por ser brasileiro tão admirado na arte da diplomacia (coisa bem rara hoje em dia), e por sua morte ter acontecido a uma semana da folia, lançou-se um debate primordial:

“Afinal, vai ou não vai ter carnaval?”

Era o que se perguntava pelas ruas e que foi parar nas páginas dos jornais.

O corpo nem tinha esfriado em pleno velório no Palácio do Itamaraty, com todas as honrarias que merecia esse político brasileiro (coisa bem rara hoje em dia), e a discussão já se fazia.
Afinal, era fevereiro.
Tudo estava planejado para alegrar esse povo festeiro.

Mas era o Barão do Rio Branco ali, em pleno caixão.
Era o povo chorando pelas ruas em grande comoção.
(E ele não era mesmo pouca coisa, não!)

A Avenida Central, de ar parisiense, importante por cortar o centro da capital, do Porto à Beira Mar, ganhou o nome do Barão para lhe homenagear.

Mas isso era pouco, perto de tantas conquistas desse mundialmente respeitado Ministro brasileiro (coisa bem rara hoje em dia).

E lá se foi o Barão…

Advogado.
Historiador.
Diplomata.
Ministro.
Membro da Academia Brasileira de Letras.

Conquistou territórios para o nosso país, solucionou diversos problemas de fronteira.
Serviu a quatro presidentes diferentes com a mesma maestria (coisa bem rara hoje em dia).

Era preciso respeitar o luto.

Pensaram, então, em adiar o carnaval.

O presidente do país deu sua opinião, mas não apresentou nenhuma solução.
(coisa bem comum hoje em dia)
Outras autoridades também lavaram as mãos.
(Coisa bem comum hoje em dia)
Uns decidiram que sim, outros decidiram que não.
(Coisa bem comum hoje em dia)

A desordem organizada estava sendo colocada em prática
(Coisa bem comum hoje em dia)

Então, quando chegou o dia oficial, muitos foram para a rua pular o carnaval.

Mascarados em muitas esquinas.
Batalhas de confete e serpentina.
O lança perfume, como de costume.
Sem clubes.
Sem teatros.
Sem corsos e grandes sociedades.
Foi a maior comoção na cidade.

E lá se foi o Barão…

O povo deixou o luto de lado e como a tal da desordem, fez aquilo que consegue ser mais organizado. O povo foi para as ruas, mesmo com o anúncio de “fica em casa” das autoridades (coisa bem comum hoje em dia)

E apesar de todo aquele fuzuê que o mês fevereiro viveu, o carnaval, em abril, junto com a Semana Santa, também aconteceu.

“Ouvia-se, pela manhã o bimbalhar festivo dos sinos católicos e logo depois o chocalhar irritante dos guizos dos foliões” (O Paiz – 06/04/1912 – p. 04).

“A avenida esteve esplendorosa, como sempre, e não era para menos. Só os automóveis que por ela passavam, cheios, repletos, formavam centenas e mais centenas” (Correio da Manhã, 09/04/1912, p. 03).

Assim foi a folia, o segundo carnaval, daquele ano.

“Ranchos, blocos e cordões.
Os mascarados nos salões
Pierrots beijando a colombina
Chuva de confete e serpentina”
(Portela, 1995)

Além dos tradicionais bailes nos clubes e o desfile imponente das Grandes Sociedades.
Carnaval adiado, sim, porém, com tudo que de melhor se poderia oferecer naquele momento. Quem soube e quis esperar, aproveitou a festa como sempre faziam em outro mês e não naquele, mas isso não tirou em nada a alegria de viver que o carnaval nos traz.

E mesmo com dois carnavais, o povo queria mais.
A marchinha mais cantada daquele mês de abril era:

“Com a morte do Barão
tivemos dois carnavá!
Ai que bom! Ai que gostoso!
Se morresse o Marechá!”

Mas em pleno século XXI, mais de 439.050 mil brasileiros¹ morreram por conta da pandemia do COVID-19.
Por causa disso, adiou-se o carnaval presencial, sabe-se lá para quando².

E por isso rendemos graça ao Carnaval Virtual.
Nesse ano, ele será o único carnaval possível.

Mas em todos os anos o Carnaval Virtual nos presenteia com dois carnavais, assim como aconteceu em 1912.
Sem precisar morrer ninguém.

A saúde é nosso maior bem.

E é pela vida que louvamos o “carnavá”

“Ai que bom! Ai que gostoso”
Vem com a Arautos “festejá”!

¹ Número de mortes até o dia 18/05/2021.
² Até a finalização da sinopse ainda não se tinha certeza da data marcada para o carnaval de 2022.