Acadêmicos de Madureira pede um basta ao tráfico de animais

A vermelho e branco da zona norte carioca apresentará o enredo A caça ao caçador: o tráfico de animais no Brasil de autoria de Gabriel Castro. A escola do bairro de Madureira ano passado conseguiu assegurar sua vaga no Grupo de Acesso 1 do Carnaval Virtual com o enredo sobre a Dona Ivone Lara e espera quem sabe alcançar um resultado ainda melhor.

Confira abaixo a sinopse da escola:

“O tráfico de animais compensa no Brasil. O criminoso consegue se aposentar com lucro e sem ser preso” Roberto Cabral Borges, Coordenador de operações de fiscalização do Ibama.

Lucrativo, sem cárcere para os traficantes… só se enxerga beneficio, esse problema não é de agora, mas sabe quando se iniciou? Em 1500 com os invasores!

Antes disso, os povos indígenas já incorporavam animais silvestres ás aldeias. Essa relação era de forma diplomática, sempre respeitando o modo de vida desses animais. Com a chegada dos portugueses em 1500 foi observado essa relação dos povos indígenas com os animais, os portugueses encantados com os animais brasileiros passaram a levar para suas terras algumas espécies. Algumas dessas eram desconhecidas dos europeus e lá se tinha uma cultura de se vangloriar por ter posse de bichos tão exóticos, passando a gerar grande interesse, consequentemente os espécimes da fauna silvestre passaram a ser expostos e comercializados nas ruas, hoje nos dando o título de país de ponto de referência para o tráfico de animais silvestres.

SOFRIMENTO é a palavra que rege a forma como são transportados nossos animais. Esses bandidos têm como um ponto crucial a criatividade para cometer os ilícitos. A cada dia mais uma forma de esconder a “carga” é criada, como para o tráfico a principal rota são as rodovias federais, é preciso esconder os pequenos animais dentro de malas ou em carros, no porta-malas ou até nos forros dos bancos. Também existem aqueles que são transportados contrabandeados em containers. Não existe a preocupação com o bem-estar do animal, a estimativa é de que a cada dez animais capturados apenas um sobreviva, pois a maioria morre durante o transporte ou após chegar ao seu destino devido a traumas psicológicos ou ferimentos físicos.

Se existe o tráfico é porque existe demanda, essa demanda diz muito sobre a vaidade humana. Como nos casos de colecionador ilegal, tudo não passa de vaidade. O animal se transforma em troféu, essas pessoas utilizam dos animais para suprir alguma carência, alguma deficiência emocional. Aquele tio, vizinho, colega que tem o papagaio ou o pássaro na gaiola, inicialmente pode parecer ser um ato inocente, mas isso estimula o tráfico de animais. As pessoas passam a achar que é normal ter esses bichos como pets, no crime ambiental o usuário é tratado da mesma forma que o traficante.

 O tráfico acontece também porque é fácil e barato se livrar de uma sentença de crime ambiental. O Brasil é omisso, apostando até em dizer que por um lado parece que fazem de propósito para beneficiar justamente esses traficantes. Um país que se diz buscar combater o contrabando, mas que em contraponto não leva a sério o crime ambiental, pois a pena é de seis meses a 1 ano de prisão, levando em consideração que crimes que não preveem pena de 4 anos são os de menor potencial ofensivo, então na prática só se aplica penas alternativas. Mas esse próprio país denominado Brasil tem desde 2016 um projeto de lei em regime de urgência na câmara para tornar o trafico de animais um crime qualificado, até hoje não foi votado, somos uma piada?!

A cada dia que passa cresce mais e mais os números, mas quem são os vilões? Um dos principais vilões são as confusões de dados e números de instituições que são responsáveis por essa fiscalização, cada uma a sua maneira coletando de formas distintas impossibilitando de uma estimativa mais especifica do que acontece no escuro. Outro grande vilão são as redes socias, os traficantes que antes vendiam em feiras ilegais esses animais, hoje vendem na internet a luz do dia em grupos de whatsapp e facebook. Não da pra saber o tamanho do trafico no Brasil, não existe dados oficiais.

Os pássaros são os animais mais vendidos, porque o brasileiro carrega esse hábito de ter passarinhos presos em gaiola. A solução não é apenas colocar eles impressos em nota de dinheiro, só isso não é o suficiente precisamos de leis, precisamos de fiscalização e mudanças de hábitos.

Esses maus hábitos podem custar vidas, um exemplo é a atual pandemia do novo coronavirus que segundo a OMS foi inicialmente causada pela exposição de humanos a animais silvestre. O surgimento de novos vírus ou bactérias esta relacionada a esta prática.

Nossa lista de animais extintos ou com ameaça de extinção é enorme como a ararinha azul, tatu bola, onça pintada  e se não mudarmos nosso hábitos e como encaramos esse assunto com tempo não daremos conta da recuperação de tantos animais.

Os animais silvestres que são apreendido em fiscalizações são encaminhados para as CETAS de cada estado, essas instituições fazem a recuperação e destinam os animais por meio de soltura ou são encaminhados pra empresas de fauna autorizados. Muitos desse animais não podem voltar ao seu habitat devido as condições por que passam, por isso existe projetos que promovem a reprodução em cativeiro de algumas espécies considerados extintas.

No Brasil o plano mais antigo é a reprodução em cativeiro do mico leão dourado que reintroduziu os primeiros indivíduos e em 2008 a população já estava acima de 1500 animais, outro plano é para o Mutum do Nordeste que é uma ave extinta da natureza que graças a reprodução em cativeiro hoje existe mais de uma centena para uma futura reintrodução. Temos a Jacutinga também extinta que já apresenta reintrodução bem sucedida de animais reproduzidos em cativeiro, outro caso que levanta a bandeira da conservação da biodiversidade é o Projeto Ararinha Azul na Natureza,  que pretende devolver a espécie a natureza que só tem seus últimos exemplares apenas em cativeiro.

Essa é nossa esperança, voltar ao inicio e recuperar nossa identidade. Temos que deixar os maus hábitos pra trás, temos que levar a sério o trafico de animais,  precisamos punir e fazer pagar os que descumprem. A GRESV ACADÊMICOS DE MADUREIRA busca um Brasil que dê liberdade ao animais, um futuro de LIBERDADE para nossa fauna como um todo. Pedimos, exigimos um BASTA!