1985, o ano que deu Castor na cabeça!
Quando saem os resultados do jogo do bicho é comum dizer que deu tal bicho, na “cabeça”, no caso de acerto do prêmio.
São vinte e cinco animais, na lista do controverso jogo, à disposição dos apostadores, que se inspiram na intuição ou nos sonhos para fazer uma “fezinha”.
Mas nesta lista, não há o Castor.
O pequeno animalzinho, porém, é um dos principais nomes deste universo.
É que um dos principais nomes do Carnaval carioca, carrega, justamente, esse nome. E no batismo. Castor Gonçalves de Andrade e Silva, ou apenas, Castor de Andrade, ou então, Doutor Castor. O maior entre os bicheiros do Rio de Janeiro virou lenda e figura emblemática ao se tornar patrono.
Patrono que acertou na mosca ao apostar, não no jogo, mas nas duas maiores paixões do povo brasileiro: O samba e a bola.
No futebol, herdou do pai o amor pelo Bangu. E foi com o pai de Castor que o clube da Zona Norte do Rio viveu seus melhores anos. Vice-campeã carioca em 1964, 1965 e 1967. E campeão em 1966. Anos depois, já sob o comando de Castor de Andrade, um novo grande feito; o vice-campeonato da série A do futebol brasileiro.
Sob comando e mãos de ferro. Ao falar para a revista Placar, certa vez, ao ser perguntado sobre a pequena torcida do clube, disse, bem ao seu estilo: “Se não temos torcida, eu mando comprar”.
E foi esse 1985, o ano de ouro do polêmico dirigente. Se não deu para levar a taça no Maracanã diante do Coritiba, sobrou na Sapucaí.
O comandante da Mocidade Independente de Padre Miguel financiou, sem restrições, o delírio de Fernando Pinto. E que dinheiro bem empregado! A genialidade do artista, morto tão cedo, é um dos maiores momentos dos desfiles de escola de samba. Com os sambistas ainda se adaptando ao novo palco, foi arrebatador ao mostrar um Ziriguidum do futuro.
Formas, cores e uma proposta diferente de quase tudo que já se havia visto até então em termos de criação, deram para Padre Miguel seu segundo campeonato, com sobras.
Entre altos e baixos e uma vida cercada de acusações, Castor viveu, naquele último ano de Ditadura Militar no país, como quem acerta na cabeça no jogo do bicho. Em 1985, deu Castor!
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