Refeições ao ar livre, embates e discurso controverso nos EUA; Bolsonaro volta ao Brasil real
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) volta ao Brasil na noite desta terça-feira (21). De acordo com a programação oficial do governo ele, e sua extensa comitiva, devem embarcar às 21h com destino à Brasília após viagem aos Estados Unidos, onde participou da Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque.
No último compromisso da agenda presidencial em solo americano, Bolsonaro e a primeira-dama, além de membros de delegação, visitaram o Memorial 11 de setembro, construído no local em que ficavam as torres gêmeas derrubadas em um ataque terrorista há 20 anos. Três brasileiros morreram.
Durante o passeio, Bolsonaro foi cumprimentado por apoiadores e uma mulher carregava uma faixa com os dizeres: “Bolsonaro, nós brasileiros que moramos em Nova York apoiamos você”.
Mais cedo, Bolsonaro discursou na abertura da Assembleia da ONU. Defendeu o uso do tratamento precoce, que não possui eficácia comprovada, como mecanismo de combate a pandemia do novo coronavírus:
“Não entendemos por que muitos países se posicionaram contra o tratamento inicial. A história e a ciência saberão responsabilizar a todos”.
O presidente brasileiro ainda “vendeu” ao mundo e a comunidade internacional um país muito diferente daquele vivido pelos seus mais de 200 milhões de habitantes. Ele desconsiderou uma inflação de quase dois dígitos, a alta no preço dos combustíveis e dos alimentos e o desemprego acima dos 14%.
O chefe do Executivo destacou que, segundo ele, o Brasil é “diferente daquilo publicado em jornais ou visto em televisões”. Ele ainda distorceu dados relativos ao desmatamento, sobretudo na Amazônia, e ignorou que o Brasil é a segunda nação do planeta com o maior número de mortos pela Covid-19, com mais de 591 mil vítimas fatais.
Em outro trecho defendeu que, ao assumir o poder em 2019, o Brasil “estava a beira do socialismo”. Naquela ocasião, Bolsonaro recebeu o comando do Executivo de Michel Temer (MDB), reconhecidamente, um político sem nenhuma inclinação com a filosofia socialista. Além disso, foi justamente ao ex-presidente a quem Bolsonaro recorreu recentemente para apaziguar a maior crise institucional dos últimos tempos.
Logo em seu primeiro compromisso em terras americanas se reuniu, na segunda-feira (20), com o premiê britânico Boris Johnson. Boris contou que havia se vacinado com o imunizante da AstraZeneca e indagou Bolsonaro se ele havia se vacinado. Além de confirmar que não, ainda comentou estar com a “imunização” alta por já ter contraído o vírus e riu:
Encontro de Bolsonaro com o Primeiro Ministro do Reino Unido, Boris Johnson. pic.twitter.com/jIdOxuhEjv
— Bonsonoro Mexias 🇧🇷🇧🇷🇧🇷 SDV (@Twitteiromalucc) September 20, 2021
Outros dois momentos que ganharam destaque na imprensa nacional e internacional, foram as refeições do presidente e de sua comitiva. Por não ter se vacinado, não tinha autorização para adentrar estabelecimentos da cidade, por imposição de lei municipal local e ainda foi confrontado pelo prefeito de NY, Bill de Blasio.
Alvo de alguns protestos de brasileiros residentes na maior cidade do mundo, a comitiva bolsonarista também ganhou espaço na mídia após reações do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que mostrou o dedo do meio para os manifestantes. Bolsonaro também não conviveu bem com o contraditório e filmou opositores, a quem chamou de acéfalos. Veja nos vídeos abaixo:
O ministro @mqueiroga2 é tão Bolsonaro quanto o próprio @jairbolsonaro hahahaha mandou logo um dedo do meio para os militontos. pic.twitter.com/JINUcwXZAm
— Isentões (@lsentoes1) September 21, 2021
– Meia dúzia de acéfalos protestam contra Jair Bolsonaro para delírio de parte da imprensa ($) brasileira. pic.twitter.com/jB3lVjVpZG
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) September 21, 2021
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