‘Não tenho bandido de estimação’, diz Witzel sobre vazamento no caso Marielle

Wilson Witzel e Jair Bolsonaro. Foto: Foto: Marcos Corrêa/PR

Wilson Witzel e Jair Bolsonaro. Foto: Foto: Marcos Corrêa/PR

O governador Wilson Witzel negou nesta sexta-feira (1), que tenha informado o presidente Jair Bolsonaro sobre o aparecimento do nome dele nas investigações do caso Marielle Franco e Anderson Gomes, como o presidente afirmou esta semana.

“Eu não vazei nenhuma informação sob sigilo e não tive acesso aos autos do processo de investigação do caso Marielle”, afirmou Witzel. “Não tenho bandido de estimação. Seja ele de farda, de distintivo, político, filho de poderoso. Não tenho compromisso com a bandidagem. Assumi o Estado sem qualquer compromisso com traficante, com miliciano. Todos aqueles que se colocarem na reta da Justiça serão presos, serão investigados”, apontou o governador.

Witzel também falou sobre as críticas que o presidente Jair Bolsonaro voltou a fazer a seu respeito: “São declarações levianas e sem prova. Uma conduta não compatível com a democracia. Não vou permitir atentar contra o povo do Rio e a democracia, pois seria crime de responsabilidade”, disse Witzel. “Não esperava esse comportamento do presidente”, completou.

Bolsonaro também afirmou que, há um mês, ouviu do governador do Rio de Janeiro, em uma cerimônia na Escola Naval, que iria para o Supremo Tribunal Federal (STF) uma investigação sobre o caso envolvendo o presidente. Witzel teria citado também a Bolsonaro o depoimento do porteiro.

“No (dia) 9 deste mês, outubro, às 21h, eu estava no Clube Naval do Rio de Janeiro quando chegou o governador Witzel. Ele me viu lá, foi uma surpresa eu estar lá. E para mim também, que eu fui ao aniversário de uma autoridade”, contou Bolsonaro.

Ao falar com a imprensa, o governador também parabenizou a Advocacia Geral da União (AGU) por ter aberto um procedimento para investigar o vazamento. “Se não tivesse instaurado lá, eu instauraria aqui, para investigar quem foi o vazador. Que se descubra”, afirmou.

Na noite desta terça-feira (29), o “Jornal Nacional” exibiu reportagem que revelava um depoimento que ligava Bolsonaro a um dos presos pela morte de Marielle, Elcio de Queiroz. Além de acusar o governador de vazar as informações, o presidente disse que Witzel quer “o poder pelo poder” e “se acha gostosão”.

Wilson Witzel garantiu que nunca teve acesso aos autos do processo sobre a morte de Marielle. “O Rio, depois que eu assumi o governo, tem uma polícia independente, como deve ser numa democracia.”

O governador ainda ameaçou denunciar Bolsonaro por crime de responsabilidade caso o governo federal faça retaliações ao estado do Rio por conta dos desentendimentos entre o governador e o presidente. Apoiado pelo senador Flávio Bolsonaro na eleição do ano passado, Witzel viu sua relação com o clã azedar após anunciar sua intenção de disputar a Presidência da República em 2022.

“Não vou admitir que nenhum tipo de interferência venha a prejudicar o povo do nosso estado”, afirmou.

“Qualquer ato atentatório contra nosso estado, eu não hesitarei de tomar as medidas contra quem quer que seja. Se for agente político, não hesitarei em tomar as medidas contra o crime de responsabilidade que venha a ser praticado contra o nosso estado e nosso povo”, finalizou.

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