Ataque de Bolsonaro a Witzel pode mudar o rumo da eleição de 2020

Wilson Witzel e Jair Bolsonaro. Foto: Foto: Marcos Corrêa/PR

Wilson Witzel e Jair Bolsonaro. Foto: Foto: Marcos Corrêa/PR

A relação entre Jair Bolsonaro e o governador Wilson Witzel ganhou um outro patamar após reportagem do Jornal Nacional em que vincula o nome do presidente ao assassinato de Marielle Franco.  Em live que foi ao ar de madrugada na Arábia Saudita – onde o presidente está em viagem oficial, Bolsonaro atribuiu ao governador fluminense o vazamento da informação de que um dos acusados da morte da vereadora Marielle Franco estivera em seu condomínio na Barra da Tijuca no dia do crime e que teria dito ao porteiro que iria a sua casa.

O objetivo do Witzel é destruir a família Bolsonaro.

Bolsonaro argumentou que estava em Brasília no dia citado e que o trecho “vazado” para a TV Globo foi feito de forma ilegal, já que deveria estar protegido por segredo de Justiça e que fazem parte da estratégia política de Witzel de enfraquecê-lo, pois pretende também disputar a sucessão presidencial em 2022.

– Por que essa sede pelo poder, Witzel? Seu objetivo é destruir a família Bolsonaro. Ele se elegeu colado com meu filho Flávio e depois virou nosso inimigo – afirmou o presidente em live no facebook.

O estremecimento entre os dois até então aliados, pode interferir no tabuleiro da sucessão municipal do ano que vem. Qual será o caminho político a ser seguido por Witzel?

A cisma do senador Flavio Bolsonaro de que Witzel estava “costeando o alambrado” – expressão de Leonel Brizola quando se referia ao comportamento de alguém que quer passar para o outro lado – teria se confirmado e apesar dos integrantes do PSL não seguirem sua orientação de abandonarem os cargos no governo do Rio, agora, se precipita um desfecho mais radical.

De acordo com o analista e jornalista Ricardo Bruno,do Agenda do Poder, “o confronto de Bolsonaro com Witzel tende a enfraquecer a base do governador na Alerj, onde os deputados do PSL mais fiéis à família Bolsonaro devem trocar a neutralidade pela oposição aberta ao governo. Estão nesta lista Alana Passos, Marcio Gualberto, Filipe Poupel e Dr. Serginho, líder do partido”.

Witzel se sente injustiçado por Bolsonaro

Em nota oficial, Witzel lamenta o destempero do presidente e tenta não acirrar as divergências com seu ex-aliado. Nega qualquer interferência nas investigações e afirma que não compactua com vazamentos à imprensa. Witzel disse também que Bolsonaro o ataca injustamente, mas que ainda assim vai continuar a defender equilíbrio e bom senso nas relações pessoais e institucionais.

“Lamento profundamente a manifestação intempestiva do presidente Jair Bolsonaro. Ressalto que jamais houve qualquer tipo de interferência política nas investigações conduzidas pelo Ministério Público e a cargo da Polícia Civil. Em meu governo, as instituições funcionam plenamente e o respeito à lei rege todas nossas ações.

Não transitamos no terreno da ilegalidade, não compactuo com vazamentos à imprensa. Não farei como fizeram comigo, prejulgar e condenar sem provas. Hoje, fui atacado injustamente. Ainda assim, defenderei, como fiz durante os anos em que exerci a Magistratura, o equilíbrio e o bom senso nas relações pessoais e institucionais. Fui eleito sob a bandeira da ética, da moralidade e do combate à corrupção. E deste caminho não me afastarei”, conclui.

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