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Guerra Santa: Bolsonaro tem evangélicos e ofensiva cresce contra outras religiões

As eleições gerais deste ano devem ser marcadas por um clima de tensão e hostilidade. A previsão não é apenas dos analistas políticos, mas de autoridades e dos próprios pré-candidatos.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), chegou a dizer, recentemente, que o pleito será marcado pela sordidez. Outra figura importante no cenário nacional, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, foi além.

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Relator do processo que analisou o escândalo do Mensalão, durante o primeiro governo petista, em 2005, Barbosa disse não duvidar que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL), Sergio Moro (Podemos), possam ser assassinados durante a campanha para presidente.

“Não duvido. Essa turma do outro lado é sanguinária, não tem limites. Pode vir um doido e fazer isso mesmo”, afirmou ao se referir aos seguidores do atual presidente.

Pesquisas apontam polarização religiosa

A mais recente pesquisa sobre a corrida ao Palácio do Planalto, realizada pelo Instituto PoderData e divulgada nesta quarta-feira (16) pelo site Poder 360, em sua estratificação, aponta uma divisão na preferência do eleitorado de acordo com a religião de cada entrevistado.

Bolsonaro, somados os percentuais dos que consideram seu governo bom, ótimo ou regular, marca 58%. Entre os católicos, neste mesmo recorte, o índice é de 36%.

Entre aqueles que não se declaram nem católicos, nem evangélicos, como no caso dos espíritas, por exemplo, a desaprovação ao governo Bolsonaro é ainda maior.

Campanha orquestrada

Desde a aquisição da concessão pública da Record pela Igreja Universal do Reino de Deus, a emissora liderada pelo bisco Edir Macedo se envolveu, em diferentes momentos, em uma zona de tensionamento público com a Rede Globo e os governos de ocasião.

Entre os embates, esteve o de viés religioso. O auge desta disputa chegou quando um bispo da IURD, chamado Von Helder, chutou uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, ao vivo:

Do outro lado, o canal de Roberto Marinho também usava de sua programação para dar publicidade aos episódios de confronto entre católicos e evangélicos, como nessa matéria do Jornal Nacional, de 1995:

Neste governo, os líderes evangélicos das principais denominações, não só declararam apoio ao presidente enquanto candidato, como fizeram campanha e participam, inclusive, de eventos da agenda presidencial, embora Bolsonaro se declare católico.

As últimas semanas têm marcado, quase que diariamente, uma série de reportagens especiais do principal jornal da RecordTV, com denúncias de casos de pedofilia na Igreja Católica. Estas ocorrências atingem direto o seio do catolicismo ao longo das últimas décadas e têm merecido constante interferência do Papa Francisco e suas lideranças ao redor do mundo.

Congresso e a bancada evangélica

O Congresso Nacional promulgou, nesta quinta-feira (17), emenda constitucional que isenta igrejas e templos de qualquer crença do pagamento do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana, o IPTU, inclusive no caso de imóveis alugados. Medida que beneficia, principalmente, as Igrejas evangélicas.

A proposta foi aprovada pelo Senado Federal em 2016 e, em dezembro do ano passado, passou pela Câmara dos Deputados.

O texto foi apresentado pelo ex-senador pelo Rio de Janeiro, o bispo da Universal e genro de Macedo, Marcelo Crivella (Republicanos) e, quando passou na Câmara, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP), disse que a proposta estava na lista de prioridades da frente parlamentar evangélica na Casa.

Além da forte atuação no Congresso para aprovar medidas que gerem benefícios administrativos, também existe a constante movimentação para emplacar as chamadas “pautas de costumes”, um dos pilares do bolsonarismo e que se estende para fora do eleitorado evangélico também.

Nos templos e através dos canais de comunicação, as lideranças têm aumentado, de forma ostensiva, a orientação política aos seus fiéis. Recentemente, foram inúmeros os movimentos feitos por bispos e pastores ao pregar que “cristãos não votam na esquerda”.

Ataques aos templos espíritas cresceram no governo Bolsonaro

Coincidência ou não, os dados das polícias estaduais civis, que registram os crimes de intolerância religiosa, têm apontado um crescimento dos ataques às casas espíritas de 2019 para cá.

Um levantamento da delegacia especializada no Distrito Federal, por exemplo, divulgado em dezembro de 2021, mostrou que 59,42% dos crimes de intolerância, somando todas as religiões, têm esses grupos como alvos, sobretudo nos espaços onde se praticam a Umbanda e o Candomblé.

No final do ano passado, uma onda de ataques desta natureza foi noticiada no interior do estado de São Paulo. Pelo menos quatro terreiros de Umbanda de Sumaré e Santa Bárbara d’Oeste, na região de Campinas, foram alvos de ataques num espaço de 90 dias.

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Redação SRzd

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