Ausente, Lula é destaque em debate; Padre faz dobradinha com Jair Bolsonaro

O segundo debate entre os candidatos à presidência da República aconteceu neste sábado (24) e foi realizado nos estúdios do SBT em São Paulo.

A transmissão aconteceu em pool de veículos de imprensa; SBT, CNN Brasil, Rádio Nova Brasil FM, Estadão/Eldorado e Veja.

Foram convidados os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil), Felipe d’Avila (Novo) e Padre Kelmon (PTB).

Ausente, fazendo comício em Itaquera, bairro da Zona Leste em São Paulo, Lula foi o destaque do debate, sendo citado por dezenas de vezes ao longo dos quatro blocos do encontro. Morno e sem que nenhuma das candidaturas pudesse fazer propostas substanciais ao país num eventual mandato, o outro aspecto relevante, além da cadeira vazia do petista, foi a dobradinha confessa entre o padre candidato e Jair Bolsonaro.

+ veja como foi o debate:

Primeiro bloco: Candidato perguntou para candidato, seguindo a ordem do sorteio. Cada um perguntou e foi chamado a responder apenas uma vez. Quem fez a pergunta teve direito a réplica, e o que respondeu pode fazer a tréplica.

Simone Tebet chamou Bolsonaro e perguntou sobre sua relação com as mulheres. Bolsonaro disse defendê-las e cometeu um erro de português, além de citar Lula. Bolsonaro escolheu padre Kelmon para atacar Lula, falando sobre o governo da Nicarágua tratando de perseguição religiosa. Kelmon disse que essa ameça está na esquerda.

Ciro trocou figurinhas com Soraya, que explorou a ausência de Lula. A candidata disse que Lula não gosta de trabalhar e acusou Bolsonaro de trair o povo brasileiro. Soraya apoiou o atual presidente em 2018. Ciro também atacou o ex-presidente.

Irônica, Soraya chamou Felipe e propôs um o que é o que é? Na pergunta, citou viagra, leite condensado e cortes na merenda, em referência a Bolsonaro. Em seguida, Kelmon questionou Ciro sobre o aborto e Felipe, Simone, abordando o reajuste salarial para o Poder Judiciário.

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Segundo bloco: Seis jornalistas, representando cada um dos veículos do pool, escolheram 2 candidatos: um para responder e outro para comentar a resposta. Aquele que respondeu a pergunta do jornalista teve direito a réplica após o comentário. Nesta rodada, cada um foi chamado uma vez.

Bolsonaro foi o primeiro chamado e disse que os dois ministros que indicou ao STF, o Supremo Tribunal Federal, Kássio Nunes e André Mendonça, são os mais lúcidos da Corte. Ciro comentou e citou Lula novamente. Bolsonaro foi outra vez escolhido para comentar resposta de Tebet sobre a fome. O presidente mentiu ao dizer que propôs auxílio de R$ 600, fato que foi refutado por Simone.

Em seguida, Soraya ganhou direito de resposta contra Bolsonaro e disse: “Não cutuque onça com a vara curta”. Ciro foi escolhido para responder sobre voto útil para Lula. Nesse momento, Gomes se colocou a vontade para atacar o PT e Lula, dizendo que eles estão enterrando o jornalismo.

Simone comentou e referendou Ciro. Na sequência, Felipe e Soraya debateram sobre o porte de armas no país. Impostos marcaram a troca entre Soraya e Kelmon. O segundo, foi enquadrado sobre o presidente de seu partido, o PTB, Roberto Jefferson, que teve a candidatura negada pela Lei da Ficha Limpa. O padre acusou os adversários, citou a massificação das fake news e defendeu Bolsonaro.

Terceiro bloco: Candidato perguntou para candidato, seguindo a ordem do primeiro bloco – cada um perguntou e foi chamado a responder apenas uma vez. Quem fez a pergunta teve direito a réplica, e o que respondeu pode fazer a tréplica.

Felipe, assim como o padre Kelmon, fez dobradinha com Bolsonaro para atacar Lula. Depois, Kelmon perguntou para Tebet sobre feminismo e aproveitou para chamar Lula de presidiário. Lula voltou a pauta na interação entre Soraya e Ciro e de Ciro com Felipe. Depois, foi o momento de nova dobradinha entre Bolsonaro e Kelmon. Nesse momento, o presidente disse que concluiu a transposição do Rio São Francisco e chamou, novamente, Lula de presidiário.

Ao fim, Ciro ganhou direito de resposta e fez o ataque mais frontal a Bolsonaro, citando contratos de seu governo e o caso da compra de imóveis com dinheiro vivo pelo clã, conforme reportagem do portal UOL. Fechando o bloco, Soraya e Tebet falaram sobre inflação.

Quarto bloco: A etapa final marcou a segunda rodada de perguntas dos jornalistas que voltaram a fazer perguntas aos candidatos, seguindo as mesmas regras do segundo bloco. O debate foi finalizado com as considerações finais, seguindo a ordem do sorteio.

Bolsonaro foi perguntado sobre a violência bolsonarista contra os petistas. Bolsonaro usou um crime sem relação com a intolerância política, objeto do questionamento, e relembrou um assassino que matou a mulher e tinha uma tatuagem de Lula. Bolsonaro desqualificou a pergunta. Ciro foi escolhido para comentar e lamentou que a discussão no país seja sobre estas questões.

Tebet e Bolsonaro interagiram sobre o tema educação. Depois, a candidata do MDB tabelou com Ciro na área da corrupção diante da pergunta sobre as denúncias no Ministério da Educação na gestão Bolsoanro. Armas voltaram ao centro do debate entre Soraya e Felipe, que dialogou com Kelmon sobre a direita e o liberalismo como forma de governo.

Depois, Kelmon se colocou contra as cotas nas universidades e disse que os governos de esquerda tiram a liberdade dos cidadãos, citando, novamente, a Nicarágua. Seguindo a ordem de sorteio, cada participante teve 40 segundos para suas considerações finais.

Lula não participa

O petista afirmou, durante entrevista coletiva concedida em Ipatinga na sexta-feira (23), ter um profundo prazer de participar de debate, mas argumentou que o SBT demorou a acatar sugestões da coordenação de sua campanha, como a formação de um pool de veículos.

“Quando veio a resposta do debate, eu já tinha agenda no Rio de Janeiro e em São Paulo. Debate é uma coisa que você precisa levar a sério, precisa se preparar, precisa conhecer um pouco seus adversários”, acrescentou Lula.

+ assista ao debate na íntegra: