Planalto ofereceu cargo pela morte de Adriano da Nóbrega, aponta jornal

Adriano Magalhães Nobrega, ex-capitão do Bope. Foto: Divulgação/Polícia Civil

Adriano Magalhães Nobrega, ex-capitão do Bope. Foto: Divulgação/Polícia Civil

Uma escuta telefônica feita pela Polícia Civil do Rio de Janeiro há dois anos, mostra a irmã do ex-policial militar Adriano Magalhães da Nóbrega acusando o Palácio do Planalto de oferecer cargos comissionados pela morte do ex-PM.

Na gravação, revelada pelo jornal “Folha de São Paulo” nesta quarta-feira (6), Daniela Magalhães da Nóbrega diz a uma tia que ele soube de uma reunião envolvendo seu nome e do desejo de que se tornasse um “arquivo morto”. O áudio é de dois dias depois da morte de Adriano numa operação policial na Bahia.

“Ele já sabia da ordem que saiu para que ele fosse um arquivo morto. Ele já era um arquivo morto. Já tinham dado cargos comissionados no Planalto pela vida dele, já. Fizeram uma reunião com o nome do Adriano no Planalto. Entendeu, tia? Ele já sabia disso, já. Foi um complô mesmo”, disse Daniela na gravação autorizada pela Justiça.

“Ele falou para mim que não ia se entregar porque iam matar ele lá dentro. Iam matar ele lá dentro. Ele já estava pensando em se entregar. Quando pegaram ele, tia, ele desistiu da vida”, disse a irmã em outro trecho do áudio.

A gravação compõe as escutas realizadas pela polícia na Operação Gárgula, que investigava o esquema de lavagem de dinheiro e a fuga de Adriano. A polícia ouviu conversas de familiares, amigos e comparsas do ex-PM por mais de um ano. Daniela não é acusada de envolvimento nos crimes do irmão.

Acusado de comandar a maior milícia do Rio de Janeiro e de ter envolvimento no esquema das “rachadinhas” no gabinete de Flávio Bolsonaro, Adriano ficou foragido por dois anos, até ser encontrado e executado no dia 9 de fevereiro de 2020, durante uma operação policial na Bahia

Procurados pela reportagem, o Palácio do Planalto e a defesa de Daniela não se posicionaram sobre o conteúdo das escutas obtidas pelo jornal.

Relação entre Adriano e família Bolsonaro

O ex-PM tem o nome ligado a Jair Bolsonaro desde 2005, quando o então deputado criticou, em discurso na Câmara, a condenação de Adriano pela morte de um flanelinha numa operação policial.

Dois anos depois, em 2007, a então mulher de Adriano, Daniella Mendonça, passou a trabalhar no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia do Rio. Em 2016, a mãe de Adriano assumir um cargo no mesmo lugar. As duas também são acusadas de envolvimento no caso da “rachadinha”.

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