Dele, assim todos diriam: “Rei do Futebol”!
Não era homem, era espectro de majestade. Não tinha pernas: tinha asas torneadas por negra musculatura, que voavam por terra quando encontravam-se com a bola.
O gramado verde fazia virar ouro. Traçava com escrita fina não apenas a larga passada das pernas ou o inimaginável quique surpreendente da bola: desenhava e escrevia imagens e histórias que o mundo jamais esquecerá.
Ele, o anjo…ela, a bola!
Um céu que movia a terra inventando um planeta chamado Futebol!
Um dia, a bola – aquela que trouxe pra si o encanto do giro que embala o mundo – girou diante de seus olhos e fez ele também girar.
Girou nele o sonho dos pés pretos e pobres atingirem a realeza; de matar no peito o sonho que o mundo coibira; de driblar o vitupério; de lançar nas redes um destino que ele mesmo pudesse construir.
Colocou a ideia na cabeça e, na cabeça, a ideia transfigurou-se na coroa de um rei!
Driblava com a bola e sem a bola. Enfeitava o ar com sua trajetória.
Recriou a poesia do ofício quando trouxe arte, pintura, balé, encanto e fúria à progressão rumo ao gol. Reconfigurou os sentidos de ser jogador e de jogar futebol.
No suor, na garra, no talento, vencia jogos como quem vencia a própria vida.
Dico-Pelé, filho de Celeste e Dondinho.
Menino-malta, coração do pai batendo no peito, encantou-lhe a camisa negra que venceu o preconceito no futebol.
Sonhou “vascainar”,
Apareceu,
“Santificou” seu destino trazendo nos pés humildes a mais rica trajetória que as quatro linhas puderam vislumbrar!
Dominou, driblou, correu, preparou, atirou…GOOOOOOLLLLL!!!
10, 100, mil…
Gol…Santos…Brasil!
Ao mundo, representou como efígie a sinonímia do povo brasileiro.
A gente nunca saberá se ele era o Brasil ou se o Brasil era ele, mas não haverá recôndito deste planeta onde não se profira seu nome sem que se retrate a sua própria pátria.
A partir dele, quem quer que começasse teria a quem olhar, embora jamais pudesse terminar à sua altura, no elevado cume onde só ele pôde estar!
Subiu.
Pendeu asas e voou.
A majestade, enfim, encontra o céu dos eternos, a glória dos divinos; a lenda vira saudade.
Dominou, driblou, correu, preparou, partiu…GOOOOOOLLLLL!!!
A história sem-fim que termina só nos faz contemplar os Três Corações que choram.
O dele.
O nosso.
O da bola.
O craque-maior cujo gol mais bonito foi a própria vida…
* Artigo de autoria de Hélio Ricardo Rainho; escritor, critico cultural, ator e pesquisador acadêmico.
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