O pão e o carro por app nosso de cada dia; crise coloca país em xeque

A notícia da última quinta-feira (10) de um novo e expressivo reajuste no preço dos combustíveis caiu como uma bomba na sociedade brasileira, uma vez que, até acesso aos produtos e servições essenciais serão afetados. Entre eles, o pão e o transporte por carros de aplicativos.

O sentimento entre os motoristas das principais operadoras deste serviço no país são quase que unânimes: ficará ainda mais difícil trazer rentabilidade deste trabalho e alguns voltaram a pensar em desistir e procurar outra fonte de renda. Quem fica, promete selecionar, com critério, as corridas mais lucrativas.

Além de lamentar o novo soco no bolso, muitos compartilham onde estão abastecendo e os preços encontrados. Apesar do reajuste ter entrado em vigor na sexta-feira, nas refinarias, são inúmeros relatos de postos de gasolina que aproveitaram a notícia para subir os valores nas bombas mesmo antes de receberem combustíveis com os novos preços.

“Desse jeito, vamos ter que vender o carro para comprar gasolina. App já não está compensando, principalmente para quem paga aluguel. Hoje a desculpa é a guerra, cada dia é uma desculpa”, diz a mensagem de um motorista de um grupo de whatsapp.

Segundo os motoristas, o combustível representa entre 40% e 50% dos custos fixos. Alguns, que alugam o carro para trabalhar, precisam pagar prestações mensais.

Desde o início, o pleito da categoria era de que as empresas baixassem o percentual da taxa cobrada deles, para que a margem aumentasse. No início de setembro, os aplicativos de transportes Uber e 99 anunciaram aumento dos valores repassados para os motoristas.

Diante da véspera do caos, para passageiros e motoristas, a 99 diz que está “extremamente atenta à situação do país” e criou programas específicos para reduzir o impacto da crise econômica e dos reajustes dos combustíveis. A empresa anunciou, na tarde de sexta-feira, reajuste de 5% sobre o quilômetro rodado no ganho dos motoristas.

A Uber afirmou que vai elevar em 6,5% o valor das corridas de forma temporária. “O aumento também visa a ajudar os motoristas a lidar com o pico de alta em seus custos operacionais. Como sempre, os usuários poderão conferir no app as modalidades disponíveis e o preço exato antes de pedir uma viagem”, diz nota enviada à imprensa.

O pão nosso de cada dia

O brasileiro vai pagar mais caro pelo pãozinho francês e massas nos próximos meses. Após a invasão da Ucrânia pela Rússia, o preço do trigo disparou no mercado internacional e, em breve, começará a ser repassado a seus derivados, avaliam economistas.

Os dois países respondem, em média, por 30% de todo o cereal comercializado no mundo e, com a guerra, o valor do produto na Bolsa de Chicago chegou a subir quase 40% entre 23 de fevereiro e 7 de março.

A alta no mercado externo mexe com os preços de todos os países, inclusive com os da Argentina, de onde vem 85% das importações brasileiras de trigo, segundo a Associação Brasileira da Indústria do Trigo. Dois terços do cereal consumido no país vem outros países.

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