Maria da Penha fala sobre violência doméstica e exemplo para crianças

Maria da Penha, mulher que deu nome a lei que protege mulheres de violência doméstica, foi entrevistada pelo programa Roda Viva da TV Cultura na última segunda-feira (27). Ao longo da conversa de cerca de uma hora, ela falou sobre sua experiência pessoal com a violência doméstica, além de abordar tópicos como feminicídio e exemplo para as próximas gerações de homens e mulheres.

A sua identificação com mulheres que passaram por agressões dentro de suas próprias casas foi um dos primeiros tópicos abordados. “Estou dentro dessa estatística. Imagino a dor da mulher assassinada”, revelou Maria da Penha. De acordo com ela, é preciso “ter o Centro de Referência da Mulher em todo município. Qualquer município, por menor que seja, tem que ter esse centro”.

Ela revela que, ao ser agredida por seu ex-marido, seu maior medo era não estar viva para cuidar de suas filhas. “Eu tinha três filhas que poderiam ter ficado órfãs. […] Era só o que eu pensava: ‘meu Deus, não deixe minhas filhas ficarem órfãs de mãe'”, compartilhou.

Maria da Penha enfatiza, ainda, que o modo mais eficaz de extinguir a violência doméstica é retirar a mulher dessa situação, servindo de exemplo para as pessoas em volta dela. “Quando uma mulher consegue sair dessa situação, o exemplo dela é muito importante para os filhos e as filhas. Os filhos, para não repetirem aquilo que viram quando adultos forem; e as filhas, que vão detectar com mais facilidade um homem agressor.”

No entanto, ela também aponta as consequências caso isso não aconteça. “Se a criança foi criada vendo seu pai bater na sua mãe e esse agressor não ser punido como a lei determina que seja, se ele não for orientado na escola que isso é crime, ele vai continuar na escola repetindo essa cultura que ele aprendeu”, destacou.

A TV Cultura disponibilizou a entrevista completa por meio de suas redes sociais. Veja no player abaixo: