Indicação de Moro para governo de Jair Bolsonaro divide opiniões

Sérgio Moro. Foto: Antonio Lacerda - Agência Brasil

Sérgio Moro. Foto: Antonio Lacerda – Agência Brasil

A confirmação do juiz federal Sergio Moro para comandar o Ministério da Justiça e Segurança gerou reações distintas. Nesta quinta-feira (1), Moro aceitou o convite feito pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro.

Enquanto aliados do presidente eleito elogiaram a escolha, a oposição criticou. “Sem dúvida alguma, a sua posição à frente do ministério vai resgatar cada vez mais a esperança do povo brasileiro”, disse o senador Ronaldo Caiado,, eleito governador de Goiás, no primeiro turno.

Em vídeo publicado nas mídias sociais, Caiado se dirigiu diretamente ao presidente eleito, enaltecendo a sensibilidade de Bolsonaro ao escolher “um homem do quilate, da competência e da capacidade de Sergio Moro para combater a corrupção em nosso país”.

Caiado finalizou a breve fala colocando-se à disposição para trabalhar em sintonia com o futuro governo: “Contem com Goiás para poder dar dignidade a toda esta nação e fazer a política com altivez.”

Para o deputado Daniel Coelho do PPS, a escolha segue o anseio da população de combate no que se refere ao combate à corrupção e representa o fortalecimento da Operação Lava Jato. “A gente sabia que teria chiadeira da velha política para a indicação de Moro, mas, pelo trabalho que ele fez e pelo desejo do povo brasileiro de combater a corrupção, sem nenhuma dúvida é uma grande escolha”, disse o deputado em vídeo postado nas mídias sociais.

Após elogiar a escolha de Moro, Coelho disse que o PPS terá posição crítica em relação ao futuro governo e criticou a fusão dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente.

Politização

A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, manifestou-se no Twitter, primeiro em tom irônico, quando Moro estava reunido com Bolsonaro, depois atacando a decisão do juiz federal. “Moro será ministro de Bolsonaro depois de ser decisivo para sua eleição, ao impedir Lula de concorrer”, escreveu a senadora.

Segundo Gleisi, o PT “denunciou a politização” das decisões de Moro, no episódio do grampo da ex-presidente Dilma Rousseff em conversa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e no vazamento da delação do ex-ministro Antônio Palocci, nas vésperas do primeiro turno. “Ajudou a eleger, vai ajudar a governar”, afirmou.

Antes da confirmação de Moro, Gleisi criticou o encontro dos dois, lembrando que Bolsonaro afirmou que “Lula vai apodrecer na cadeia” e queria “exterminar os vermelhos”. “Viva juízes isentos como Moro e presidentes democráticos como Bolsonaro”, finalizou.

Dilma Rousseff: “Moro está nu”

Para a ex-presidente Dilma Rousseff, Moro está “nu”: “De modo ilegal, contra a Constituição, como reconheceu o STF, o Juiz Moro autorizou a gravação e vazou conversa minha com Lula, alimentando o processo de impeachment. O juiz Moro Condenou e determinou a prisão sem provas do Presidente Lula, que estava em primeiro lugar nas pesquisas, inviabilizando sua candidatura”.

Convite foi feito por Bolsonaro durante a campanha eleitoral

O convite feito por Jair Bolsonaro para o juiz Sérgio Moro foi durante a campanha eleitoral. A revelação foi feita pelo general Hamilton Mourão, vice-presidente eleito, em entrevista aos jornais “Valor Econômico” e “Folha de S. Paulo”.

“Isso (o convite) já faz tempo, durante a campanha foi feito um contato”, disse Mourão nesta quarta-feira (31), ao falar sobre o convite a Moro, detalhando que o contato foi feito por Paulo Guedes a pedido de Bolsonaro.

O líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta, reagiu à entrevista de Mourão no começo da manhã desta quinta-feira (1): “É de uma gravidade espantosa a revelação de Mourão. É prova testemunhal da relação criminosa e perversa entre a Lava Jato e Bolsonaro. Quando Moro vazou a delação de Palocci, já sabia que se Jair Bolsonaro fosse eleito ele seria ministro”.

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