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Gerente da Pfizer diz que Brasil ignorou propostas de vacinas em 2020

O gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, afirmou em depoimento à CPI da Covid-19 nesta quinta-feira (13) que a empresa fez ao menos quatro ofertas de doses de vacinas contra a Covid-19 em 2020 que não foram fechadas.

Segundo o representante da Pfizer, as negociações começaram em maio e em agosto foi feita a primeira oferta ao Brasil, com dois quantitativos disponíveis: 30 milhões e 70 milhões de doses. A primeira leva de imunizantes chegaria no final de abril.

Aos senadores do colegiado, o gerente mostrou cronograma detalhado sobre as negociações entre a Pfizer e o governo, exclusivamente sobre compra de vacinas.

O relator da CPI, Renan Calheiros, questionou o representante sobre a oferta de vacinas: “A oferta feita pelo governo em 2020 foi de 6 milhões de doses, como disse o ministro Pazuello, ou de 70 milhões?”. “Foram 70 milhões de doses”, respondeu Murillo.

O dirigente afirmou que o laboratório fez mais duas ofertas, em 18 de agosto e 26 de agosto. Nesta última também foram ofertas 30 e 70 milhões de doses, mas o governo brasileiro ignorou a proposta.

“A proposta de 26 de agosto tinha validade de 15 dias. Passados 15 dias, o governo não rejeitou e nem aceitou a oferta”, explicou o técnico da Pfizer. Calheiros também perguntou sobre as cláusulas do contrato que o governo classificou como “leoninas” e Murillo respondeu que “não concordamos com esse posicionamento”.

“Começamos as reuniões em maio e junho. Foram reuniões iniciais e exploratórias. Como resultados, no mês de julho, fornecemos uma expressão de interessa, em que resumimos as condições do processo que a Pfizer estava realizando em todos os países no mundo”, acrescentou.

“Tivemos outras reuniões no mês de agosto. Em 6 de agosto, o ministério manifestou interesse. Em 14 de agosto, oferecemos nossa primeira oferta – de 30 milhões de doses e de 70 milhões de doses. O cronograma de entrega era o final de 2020 e inicio de 2021. Em 26 de agosto, fizemos uma terceira oferta (por 30 e 70 milhões de doses), mas tínhamos conseguido mais doses para o final de 2020”, continuou.

Murillo afirmou que teve contato, por duas vezes, com o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. “Tive duas interações com o ministro Pazuello. A primeira, em novembro, ele fez uma ligação ao meu celular, colocando-se à disposição para continuar a negociação. Neste momento, tinha enviado a oferta de 70 milhões de doses e, depois, conversas que tive com ele foi no Ministério da Saúde. Em 22 de dezembro, ele falou que agora estávamos avançando e que precisava contar com mais doses para o Brasil. Respondi que tínhamos esse compromisso”, pontuou o gerente.

O encontro da Pfizer com os senadores ocorre após o depoimento de Wajngarten. Os senadores ouviram também o presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, além do atual chefe da pasta, Marcelo Queiroga.

Em depoimento na CPI, nessa quarta-feira (12), o ex-secretário de Comunicação da Presidência da República Fabio Wajngarten afirmou que, em setembro de 2020, a Pfizer encaminhou ao governo Jair Bolsonaro a Pfizer encaminhou ao governo brasileiro, em setembro de 2020, uma carta dizendo estar disposta a colaborar com a oferta de vacina ao Brasil.

O ex-chefe da Secom disse que soube da carta somente no dia 9 de novembro e que, até então, o Executivo federal não tinha tomado providência alguma. Wajngarten afirmou que, nesse dia, procurou Bolsonaro para avisá-lo da correspondência. Wajngarten também disse que iniciou tratativas com Murillo, à época representante da Pfizer no Brasil, com quem teve uma reunião. O governo alegou entraves burocráticos e necessidade de mudança na legislação brasileira para atender cláusulas do contrato oferecido pela farmacêutica norte-americana.

O depoimento de Fábio Wajngarten à CPI da Covid-19 indicando que Bolsonaro negligenciou o país ao rejeitar a oferta da Pfizer por vacinas, aliado a falas xenofóbicas do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a China que arranharam ainda mais a relação já desgastada com o país, o Brasil deu mais um passo para o que os gestores de saúde estão temendo que é o “apagão das vacinas” provocado pela escassez de insumos.

A CPI da Covid-19 tem por objetivo investigar ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia e, em especial, no agravamento da crise sanitária no Amazonas com a ausência de oxigênio, além de apurar possíveis irregularidades em repasses federais a estados e municípios.

Redação SRzd

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