Xenofobia é a face triste de um Brasil perdido no ódio

Nordeste. Arte

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Neste sábado (8) é celebrado o Dia da Cultura Nordestina. Data que ressalta a história de um povo. Na música, na culinária, na poesia, na moda, na literatura e em tantos outros aspectos regionais, a região com o maior número de estados do país é marca registrada da essência do povo brasileiro.

Apelidados pejorativamente de paraíbas, no Rio, e de baianos, em São Paulo, os milhões de migrantes que deixaram suas cidades de origem para buscar uma vida melhor no Sul, sofreram por décadas o preconceito e a descriminação.

Ao contribuírem definitivamente para a construção dos grandes centros na região sudeste e terem sua cultura incorporada, parecia que a xenofobia contra os nordestinos se dissolvia. Parecia. Nos últimos tempos, sobretudo em tempos de campanha eleitoral, viraram novamente alvo de intolerância, nascida do ódio e da ignorância de uma parte da sociedade brasileira que insiste em pensar e reproduzir seu pensamento como na era medieval.


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O Nordeste possui população equivalente à da África do Sul e um IDH alto, comparável com aquele país. Em comparação com as outras regiões brasileiras, tem a segunda maior população, o terceiro maior território, o segundo maior colégio eleitoral e o terceiro maior PIB.

Em função de suas diferentes características físicas, a região é dividida em quatro sub-regiões: meio-norte, sertão, agreste e zona da mata, tendo níveis muito variados de desenvolvimento humano.

Foi berço da colonização europeia no país, uma vez que nela ocorreu a descoberta do Brasil e se consolidou a colonização exploratória que consistia, em suma, na extração do pau-brasil (ou pau-de-pernambuco), cuja tinta da madeira era utilizada para tingir as roupas da nobreza do Velho Mundo.

Com a criação das capitanias hereditárias em 1534, foi fundada a vila de Olinda, e anos mais tarde deu-se o início da construção da primeira capital do Brasil, Salvador, para abrigar o governo-geral.

O Nordeste foi também o centro financeiro do Brasil até meados do século XVIII, uma vez que a Capitania de Pernambuco foi o principal centro produtivo da colônia e Recife a cidade de maior importância econômica.

Porém, mantém problemas históricos: agricultura atrasada e pouco diversificada, grandes latifundiários, concentração de renda e uma indústria pouco diversificada e de baixa produtividade; além do fenômeno natural de secas constantes.

E a onda de xenofobia recente, por incrível que possa parecer, voltou com força, turbinada por figuras públicas que deveriam preocupar-se em proteger a unidade do povo brasileiro, e não sua divisão. Este não é um fenômeno novo, ele está enraizado na sociedade desde muito e atinge sempre os mesmos alvos; pretos, gays e os mais pobres.

No debate político, as elites e grande parte da classe média, sempre atribuíram aos grupos mais vulneráveis as mazelas eleitorais, como agora. Foi assim durante a Ditadura Militar, na redemocratização e nas vitórias vindas das urnas para o campo democrático.

Diante de uma nova necessidade de combater a bestialidade, os milhões de brasileiros que nasceram ou vivem no Nordeste, tem de novamente, assim como a democracia, sair à luta, contra os que por descendência ou saldo bancário, acreditam merecer privilégios.

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