Com uma hora de atraso, Nenê canta Curitiba no Anhembi

Penúltima escola dos desfiles do Grupo Especial paulistano em 2017, a Nenê de Vila Matilde e sua tradição tomaram conta do Anhembi.

“Coré Etuba. A ópera de todos os povos, terra de todas as gentes, Curitiba de todos os sonhos” foi o enredo mostrado pela azul e branca, na tentativa de deixar para trás a gangorra vivida nos últimos concursos do Carnaval e buscar, novamente, estar entre as campeãs da cidade, de onde está distante desde 2004. Clique aqui para ver as fotos do desfile.

Com quase uma hora de atraso, motivada pelo vazamento de água e óleo na Avenida, supostamente vindo de uma das alegorias da Vai-Vai, que antecedeu a Nenê, a escola da Zona Leste começou seu desfile já sob os primeiros raios de sol da manhã paulistana.

Um desacordo entre a direção da azul e branca e a Liga Independente das Escolas de Samba sob as condições da pista causou a ocorrência, gerou bate-boca e vaias do público que ainda marcava presença em bom número no Sambódromo.

O cortejo matildense foi aberto pela comissão de frente liderada por Nildo Jaffer. Trazendo alegoria que “escondia” parte do elenco ao longo do número, a trupe simulou uma série de complexas performances, contando em seu elenco com um grupo de crianças e homens seminus, que chamaram a atenção do público.

MSPB, segurança e elegância no quesito

Em seguida, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Jefferson Gomes e Janny Moreno.

Nota 40 em 2016, a elegância e dança hipnotizante da dupla, já conhecida dos paulistanos, novamente foi destaque na pista. Ousados, completaram o terceiro ano de parceria. Jefferson foi arrojado em seus passos, estampando sua marca registrada; o sorriso limpo e espontâneo ao conduzir sua dama na Avenida, trajados num belo figurino em dourado e preto.

Comunidade forte, comprou a ideia do samba na Avenida

O samba de autoria dos compositores Kaska, Silas Augusto, Zé Paulo Sierra, Vitão, Juninho da Vila, Léo do Cavaco, Sandrinho e Luís Jorge, que já havia se mostrado funcional na fase de preparação para o desfile oficial, reafirmou essa característica.

Muito em função da boa harmonia estabelecida pelo time de canto liderado por Agnaldo Amaral, tendo, inclusive, momentos bastante poéticos ao longo de sua construção, destacadamente no refrão intermediário da obra:

“Negro chegou, nesse lugar
trazendo a fé lá do povo de aruanda
O negro é rei, raiz verdadeira
Ajoelhou, rezou pra santa padroeira”

‘Bateria de Bamba’ na convicção de mestre Markão

Fechando a cabeceira do setor um da montagem do conjunto, a “Bateria de Bamba”, sob o comando de Marco Antônio David, o mestre Markão.

Contando com o brilho de sua rainha, Ariellen Domiciano, o jovem mestre implementou seu estilo em uma das mais tradicionais batucadas do país. Convicto de suas ideias, veio para a pista com o desafio de reverter a avaliação dos julgadores da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo, que, em 2016, lhe tiraram três décimos.

A estreia de Alex Fão e o enredo CEP

O ano de 2017 marcou a estreia de Alex Fão na escola da Zona Leste.

Sua missão: desenvolver o desfile sobre a capital do estado do Paraná. Desafio de criar o conjunto visual, tendo nas mãos um enredo tantas vezes explorado, tanto no Rio, quanto em São Paulo, o chamado enredo CEP.

Uma nova estética, um novo conceito, e não era só. Fão ainda se viu diante da tarefa de reverter um desempenho bastante preocupante da agremiação em 2016, nos quesitos diretamente ligados ao trabalho do carnavalesco: enredo, fantasia e alegoria. Foram, somados os três, 1,2 pontos perdidos.

Na Avenida, o que se viu não foi muito diferente do que a temática poderia proporcionar. Índios, portugueses, negros e a colonização, a cultura e os costumes locais, e o perfil desenvolvimentista vocacional de Curitiba foram os principais elementos utilizados nos carros e nos figurinos.

Originalidade, colorido e a luz do dia

Alegorias e fantasias estamparam um lindo colorido, favorecendo a harmonia visual do conjunto.

Conjunto visual marcado pela originalidade, uso alternativo de materiais e alguns problemas de acabamento. Ao longo da pista, o que se viu foram pequenas ocorrências registradas na composição dos figurinos, como a ausência de adereços.

Na travessia pela Avenida, concluída no limite máximo do tempo permitido pelo regulamento, também foram apontadas variações de andamento na evolução das alas, com notável aceleração a partir dos 48 minutos da apresentação, por coincidência ou não, aparentemente concebida para acontecer sob a luz do sol.

De olho no relógio!

A Nenê de Vila Matilde encerrou seu desfile com 1h05

Assista às entrevistas gravadas depois do desfile

Confira no gráfico as classificações da escola nos últimos dez Carnavais

Prêmio SRzd Carnaval SP 2017

Na noite desta segunda-feira (27), na página da editoria de Carnaval do SRzd em São Paulo, será divulgado o resultado oficial desta edição do prêmio. A votação estará disponível após o encerramento do desfile da última escola do Grupo Especial.

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A apuração das notas atribuídas pelos jurados da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo acontece nesta terça-feira (28), com transmissão ao vivo da Rádio SRzd.

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