Saiba mais sobre Clara Nunes, tema do enredo da Portela

Clara Nunes. Foto: Divulgação

Clara Nunes. Foto: Divulgação

A Portela anunciou nesta quarta-feira (23) que homenageará a cantora Clara Nunes em seu desfile no Carnaval 2019. O título do enredo, que será desenvolvido pela consagrada carnavalesca Rosa Magalhães, é “Na Madureira moderníssima, hei sempre de ouvir cantar uma Sabiá”. Antes de conquistar o campeonato em 2017, a última vitória da agremiação de Oswaldo Cruz foi justamente com um enredo em homenagem à cantora em 1984. Figura emblemática na escola de samba, Clara Nunes é, até hoje, considerada uma das principais cantoras de samba do Brasil.

Clara Nunes iniciou sua carreira como cantora em Minas Gerais, seu estado natal. No entanto, antes de entrar para o mundo da música, Clara trabalhava em uma fábrica de tecidos em Belo Horizonte. Órfã de pais, a jovem, na época, de 15 anos precisava do emprego para ajudar na renda mensal de sua família. Como cantora, Clara se dedicou aos boleros na década de 1960. Sua afirmação no samba ocorreu somente na década de 1970. Em seu quarto LP, a intérprete gravou músicas como “Ê Baiana”, faixa que obteve notável sucesso no carnaval de 1971; e “Ilu Ayê”, samba-enredo da Portela em 1972. O seu quinto LP “Clara Clarice Clara” incluiu canções de destaque como “Seca do Nordeste”, “Morena do Mar”, “Vendedor de Caranguejo”, “Tributo aos Orixás” e a faixa-título “Clara Clarice Clara”.

O laço entre o Sabiá e a Águia

A relação de Clara Nunes com a agremiação de Oswaldo Cruz foi muito além da gravação do samba-enredo Ilu Ayê. A cantora foi uma das intérpretes brasileiras que mais gravou canções dos compositores da Portela, sua escola do coração. Em 1975, o LP “Claridade”, o álbum de maior sucesso da carreira da cantora, incluía o samba-enredo da Portela “Macunaíma, Herói da Nossa Gente”. A gravação, na época, ajudou a aumentar a popularidade da canção na Avenida. Em 1981, a intérprete gravou um de seus últimos LPs: “Clara”. A faixa “Portela na Avenida” foi um dos grandes sucessos do álbum e contou com a participação especial da Velha Guarda da Portela.

Em 1983, Clara Nunes faleceu em razão de um choque anafilático após ter sido internada para uma cirurgia. Na época, foi aberta uma sindicância pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro para apurar a causa da morte. No entanto, o processo foi arquivado e gerou, por muitos anos, rumores sobre as causas de seu falecimento. Em um grande velório na quadra da Portela, mais de 50 mil pessoas foram se despedir da cantora. Como forma de homenagem, a rua onde fica a sede da agremiação, no bairro de Oswaldo Cruz, recebeu o nome de “Rua Clara Nunes”.

No ano seguinte de sua morte, Clara também foi homenageada pela Portela com o enredo “Contos de Areia”. Neste ano, a agremiação conquistou seu vigésimo primeiro campeonato juntamente com a Estação Primeira de Mangueira.

“Na Madureira moderníssima, hei sempre de ouvir cantar uma Sabiá”

Ainda não há muitas informações sobre o enredo que será desenvolvido por Rosa Magalhães. Até o fechamento desta publicação, a Portela havia apenas publicado o vídeo do anúncio do tema e uma foto de Clara Nunes. Mais detalhes deverão ser revelados no lançamento da sinopse do enredo; ainda sem data marcada.

Contudo, o título do enredo revela sutilmente a relação de uma Portela atual com a emblemática cantora. O uso da palavra Sabiá pode ser considerado como uma referência ao apelido de Clara Nunes. A voz da cantora é comumente relacionada ao canto do pássaro por aqueles que a admiram. Em “Ser de Luz” de João Nogueira, a interprete é referenciada repetidas vezes durante a música apenas como “Sabiá”.

Desejo antigo

Há bastante tempo os portelenses tem cobrado um enredo sobre a cantora Clara Nunes. Em nota à imprensa, Luis Carlos Magalhães, presidente da Portela, destacou o antigo desejo da comunidade pelo enredo. “Todo ano os portelenses cobram isso da gente. ‘Quando que vai ser a vez da Clara, quando?’ Aí esse ano como tem a data redonda dos 95 anos de fundação da Portela, e nós já estávamos falando que iríamos fazer um enredo pra dentro da escola, contando algo da nossa história, ficou difícil não fazer. As pessoas estavam nos cobrando e perguntando diretamente o motivo de não ser a Clara esse ano, se havia algum impedimento familiar. Nós já tínhamos a intenção de fazer esta homenagem, sempre tivemos. E o movimento cresceu muito… Nós estávamos em conversa lá com o pessoal de Caetanópolis (cidade natal de Clara, em Minas Gerais), mas a coisa explodiu tanto internamente que resolvemos lançar o enredo agora, do nosso jeito”, revelou.

No dia 2 de abril, a agremiação fez uma homenagem à cantora em suas redes sociais. A data marcava 35 anos do falecimento de Clara. A publicação aumentou rumores, agora confirmados, de que a agremiação finalmente homenagearia a intérprete.

 

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