Crise torna mais difícil renegociar dívida

Crise economica. Foto: Reprodução

Crise economica. Foto: Reprodução

Bancos e empresas de cobrança percebem a rigidez na manutenção da crise econômica e estão facilitando ao máximo formas para renegociação ou de quitação das dívidas de 60 milhões de brasileiros. Há uma flexibilidade e uma pré disposição em oferecer alternativas que se enquadrem nos bolsos dos inadimplentes: prazos mais longos e descontos nos débitos, mas o que se vê de fato é a compressão no poder aquisitivo dos consumidores que sofrem com a falta de dinheiro.

Está mais difícil cobrar inadimplentes neste final de ano, apesar de as condições de renegociação serem mais favoráveis. Além disso, a taxa básica de juros, hoje em 6,5% ao ano, é a menor da história, o que, em tese, facilitaria as renegociações. Mas este raciocínio não está contribuindo em nada para estimular uma reversão positiva nos fundamentos econômicos.

O pagamento do 13º salário que injetará R$ 211,2 bilhões na economia, poderia ser um diferencial considerável, pesquisas realizadas demonstram que o consumidor nunca esteve tão precavido em relação ao futuro da economia, em outros tempos a expectativa é a esperança no novo governo influenciaria positivamente numa reação e no represamento no mercado consumidor, pelo contrário, o consumidor está mais conservador do que o normal, reflexo e legado da maior crise econômica jamais vista no país.

A falta de dinheiro no bolso do consumidor e a insegurança em relação ao emprego têm pesado consideravelmente na protelação do consumo e são hoje os principais obstáculos para os inadimplentes fecharem e cumprirem os acordos uma encruzilhada de peso a ser levada em consideração em tempos bicudos.

Nos financiamentos atrasados sem garantias reais, como empréstimo pessoal e cartão de crédito, por exemplo, a quantidade de dívidas renegociadas está 20% abaixo do ano passado, segundo a Associação Nacional das Empresas de Recuperação de Crédito. A entidade reúne 100 empresas que representam 80% do mercado de cobrança.

A situação é atípica e diferenciada fruto da explosão na concessão de crédito irracional e irresponsável motivado por crenças que fugiam ao padrão de bom senso do consumidor. A inadimplência não apresenta ainda reversão em sua expansão a relação endividados versus população é alarmante para cada 3,3 brasileiros um está negativado. Outro indicador que confirma e acende o sinal de alerta é conhecido pela recuperação de acordos dos débitos 15% dos inadimplentes não se sensibilizam pelas ofertas facilitadas de acordo.

Este resultado das renegociações poderia ser pior se não tivesse a ajuda dos meios digitais e a maior flexibilidade por parte dos credores, como o prazo de pagamento dilatado, o prazo para o fechamento dos acordos pode ser esticado em até 6 meses dos praticados no ano passado, mesmo assim não consegue alcançar plenamente o universo de endividados.

Outro importante indicador é a reincidência nos acordos de dividas e que acabam não podendo honrar. Dados do SPC Brasil mostram que a reincidência dos inadimplentes é alta. Neste ano, 84,5% deles já ficaram negativados alguma vez nos últimos cinco anos.

Com a proximidade do final de ano, o presidente da Siscom notou que os bancos estão mais abertos para aprovar acordos de dívidas maiores e atrasadas há mais tempo. A flexibilidade se traduz em prazos maiores e abatimento nos juros.

A maior flexibilidade nas negociações é confirmada pelos bancos. Adriano Pedroti, diretor do Itaú Unibanco, diz que é preciso se readequar para renegociar com alguém que perdeu poder de compra. Ele conta que tem feito ações para atenuar o impacto do desemprego.O banco, por exemplo, reduziu os juros para dívidas vencidas acima de 90 dias, de linhas sem garantias, de 2,5% e 3% ao mês para 1,99%. Promocionalmente neste final de ano, vai autorizar o parcelamento em quatro vezes, sem juros, da dívida com desconto.

Por trás desta estratégia existe um pressuposto básico de não só renegociar o débito, mas de recuperar o cliente, a perda de Market Share é um risco que pode criar profunda instabilidade na sustentabilidade das receitas provenientes nas linhas de financiamento bancária.

Desatar o nó é uma atitude saudável e de bom senso e, neste aspecto, o mercado está se auto regulando. Todos saem perdendo se não houver reposicionamento menos ganancioso por parte das instituições financeiras.

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