‘Vixi Maria!’ Myngal e parceiros trançam os versos campeões na União da Ilha

Quem esteve presente na quadra da União da Ilha na madrugada de domingo (07) presenciou a transformação da final de samba em uma típica festa cearense. E como em toda comemoração nordestina, animação não faltou, principalmente quando o intérprete oficial da agremiação, Ito Melodia, anunciou que o samba da agremiação para o Carnaval 2019 é da composição de Myngal, Marcelão da Ilha, Roger Linhares, Marinho, Cap. Barreto, Eli Doutor, Fernando Nicola e Marco Morena.

– Ouça o samba campeão

Emocionado com a conquista, o compositor Myngal revelou a satisfação em voltar à Ilha e emplacar uma obra na sua escola do coração: “É muito emocionante pois eu sou nascido e criado aqui. Passei um período na Grande Rio, mas o meu sonho era voltar para minha comunidade. Fizemos esse samba procurando retomar a característica leve dos sambas da Ilha, sambas que fazem as pessoas curtirem e mostram a alegria do insulano”.

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Vale lembrar que o samba foi vencedor na pesquisa entre os leitores do SRzd. Veja o resultado da enquete.

A parceria foi a primeira a se apresentar na grande final da União. Mesmo sem a presença de Tinga, intérprete que defendeu o samba nas eliminatórias, por estar a trabalho em São Paulo, a composição passou bem no decorrer de toda apresentação. Destaque para a numerosa torcida que fez a festa por todos os lugares da quadra. Pôde-se notar que o samba era o preferido de alguns segmentos, principalmente da bateria.

A segunda parceria da noite foi a de André de Souza e cia, que contou com a defesa de Tuninho Jr. A última a se apresentar foi a de Marquinhus do Banjo, que assim como as duas primeiras, trouxe uma torcida considerável e apresentou canto forte durante a passagem.

‘Peleja poética’ entre Dandara e Phelipe

Espetáculo a parte na festa, Phelippe Lemos e Dandara Ventapane foram os responsáveis pela pela ‘peleja poética’ da Ilha. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira encenou uma conversa entre os personagens que contam a história do Ceará no enredo, José de Alencar e Rachel de Queiroz. A dupla apresentou o show produzido pelo diretor de Carnaval, Dudu Azevedo. Em alto nível, mesclaram a cultura do estado e alegria dos segmentos da escola.

Recomeço e responsabilidade

No pós-carnaval de 2018, se acompanhou a saída de Ciça, antigo mestre de bateria da escola, para a Unidos do Viradouro. A mudança trouxe consigo a renovação. Os novos mestres da bateria da Ilha são ‘crias’ da escola e foram diretores do antigo mestre durante sua temporada na agremiação insulana.

Marcelo, um dos novos responsáveis pela Baterilha, declarou os pontos positivos e negativos de da nova empreitada: “É um desafio gigante substituir ele (Ciça). Mas do mesmo jeito que é um desafio, é um conforto saber que ele deixou um trabalho consolidado. Voltamos a conquistar as notas 10, resgatamos nossa batida de caixa, trouxemos de volta a dignidade da bateria da Ilha dos tempos de Paulão, Odilon, e Bira. Trabalho e esforço não faltarão para conseguirmos perpetuar esses bons resultados”.

Passado esquecido, foco no futuro

A comunidade é muito forte e abraça demais a escola, não há como não sentir

Responsável pelo show dos segmentos e focado em demonstrar a grandeza da União da Ilha, Dudu Azevedo, diretor de Carnaval, destacou o bom momento da escola e o acolhimento por parte da comunidade: “Papai do céu sempre abençoa a gente, estou muito animado por estar aqui. A maneira como fui recebido, poucas vezes fui tratado em outros lugares. O enredo do Severo é incrível, a escola está trabalhando muito e tenho certeza que mostraremos a grandeza da Ilha na avenida. A comunidade é muito forte e abraça demais a escola, não há como não sentir”.

O profissional não guarda mágoas do ocorrido com a Grande Rio no Carnaval de 2018 e garantiu que está se cumprindo o cronograma de trabalho proposto.

‘Prata da casa’ na comissão de frente

O novo coreográfo da agremiação é só sorrisos. Leandro Azevedo já atuava como responsável artístico de carros e alas coreografadas na União da Ilha há 8 anos. Para 2019, recebeu a missão de coreografar a comissão de frente: “Frequento a quadra desde criança. Meu sonho sempre foi chegar nesse posto. Estou em órbita ainda”, afirmou.

“A responsabilidade de suceder grandes coreógrafos como o Márcio Moura, Carlinhos de Jesus e Patrick Carvalho é grande. Mas estamos trabalhando muito para manter o alto nível deixado por esses profissionais principalmente pela comunidade, que deposita muita confiança no projeto. É engraçado receber esse apoio em todos os lugares por onde vou. Seja no supermercado, padaria ou até mesmo na rua. Me sinto muito acarinhado pelos torcedores e componentes da União da Ilha”, destacou o profissional.

 Moda e cultura no Carnaval

A escola levará para Avenida o enredo que passeia pela cultura e história do Ceará. Uma das abordagens do tema é a moda cearense, reconhecida por seu estilo único, originalidade e beleza. Convidado pelo carnavalesco a conhecer o Carnaval insulano, o presidente do sindicato da moda do estado nordestino, Elano Guilherme, expôs a felicidade de se retratar o tema na festa popular carioca: “É muito emocionante ver a cultura do nosso povo sendo retratada nos desfiles das escolas de samba do Rio. A felicidade do Carnaval com a alegria do Ceará, com certeza trará um bom resultado para a escola”.

O encontro da alegria

Quando se pergunta qual a maior característica da União da Ilha, muitas pessoas respondem a alegria como a principal delas. Severo Luzardo, carnavalesco da agremiação, explicou que o enredo é uma mistura de identidades e sentimentos: “Muitas escolas têm explorado o Ceará, abordando as questões sociais e políticas. Mas é um estado que se destaca também pelo sorriso e pela alegria, e essa alegria tem muito haver com a alegria da Ilha. Nós não o vitimizamos, colocamos ele “para cima”, apontou.

Outra particularidade da Ilha é o adiantamento no trabalho do barracão. O carnavalesco garantiu a veracidade do perfil traçado: “Já estamos trabalhando no segundo carro. A pintura de arte das esculturas já começaram a ser feitas. Estão chegando cerca 10 mil peças de artesanato manual para o desfile. Acredito que em dezembro estaremos adiantados como de costume, mas não há pressa. O adiantamento é o resultado de um bom trabalho”.

A rainha ‘Maria Bonita’

Outro destaque da festa na azul e vermelho da Ilha da Governador foi a presença da rainha de bateria, Gracyanne Barbosa. A morena veio trajada de Maria Bonita para reinar a frente dos ‘lampeões’ da Baterilha, e ratificou o sentimento de felicidade pela continuidade ao reinado.

“O Keko e o Marcelo são maravilhosos. O Ciça deu muita força para eles continuarem o projeto iniciado. Acredito muito na capacidade dois dois em fazer um trabalho incrível como o anterior. Essa troca fez com que os meninos crescessem profissionalmente. Me sinto em casa aqui. A cada ensaio, cada contato, só confirmo esse amor pela Ilha”.

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