Rede clandestina em Cuba combate a censura na internet

Autoridades cubanas estão quebrando a cabeça para interceptar notícias plantadas na internet por uma rede clandestina de jovens, que age contra a censura no país. Os ‘cyber rebeldesâ?, como estão sendo chamados, utilizam placas de memória, câmeras digitais e conexões ilegais para difundir suas idéias e espalhar as matérias. Em fevereiro, estudantes de umas das universidades de informática mais famosas de Cuba, a Faculdade de Ciências da Informação, fizeram uma filmagem de um debate com o presidente da Assembléia Nacional, Ricardo Alarcón.

Os jovens aproveitaram a situação para questionar Alarcón sobre a proibição de viajar para o exterior, dormir em hotéis, receber salários melhores e utilizar ferramentas de busca na internet, como o Google. O vídeo se espalhou por toda Havana, capital do país, prejudicando significativamente a imagem do presidente da assembléia.

No início do ano, o governo tentou emplacar um imposto sobre as gratificações e salários recebidos por empregados de empresas estrangeiras. Houve uma mobilização operária, que foi registrada pela câmera de um celular. As imagens foram distribuídas para milhares de pessoas.

‘Todos esses acontecimentos vão passando por todos. Vai do povo até o governo porque a tecnologia avança com muita rapidezâ?, declarou um programador de informática, de 33 anos, que preferiu não se identificar com medo de represálias políticas.

O acesso à internet e aos vídeos digitais é limitado pelo governo cubano há alguns anos, com a retirada de antenas de satélite não-autorizadas e a redução de lanhouses no país. Atualmente, só há um cyber café disponível em Havana; no passado, eram três.

As tentativas de controle por parte das autoridades são cada vez mais ineficazes. De acordo com os jovens, há um mercado negro que disponibiliza conexão clandestina para milhares de pessoas. Aqueles que possuem antenas ilegais proporcionam o acesso à internet em troca de um certo valor ou baixam filmes para fazerem cópias piratas. Alguns se utilizam, até mesmo, da conexão de empresas estrangeiras e estatais.

Jovens jornalistas também utilizam a rede digital clandestina para postarem em seus blogs e espalharem as notícias para a cidade.