‘Virei um filme pornô’, diz advogada filmada enquanto fazia ioga no Rio

Desabafo de advogada filmada enquanto fazia ioga no Rio. Foto: Reprodução de Internet

A advogada Mariana Maduro foi exposta na internet após ser filmada enquanto praticava ioga na Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Em um vídeo publicado no sábado (1), dois homens trocam um diálogo de cunho sexual. A vítima, que também é professora, registrou um boletim de ocorrência na 12ª Delegacia de Copacabana no domingo (2).

A Polícia Civil já identificou os responsáveis e investiga os crimes de injúria, perturbação de tranquilidade e gesto obsceno. Um deles já prestou depoimento.

Na filmagem não autorizada, o empresário Ricardo Machado de Sá Roriz, de 62 anos, conversa com o ambulante Celsão enquanto este faz gestos obscenos. Ele publicou o vídeo em uma das suas redes sociais, na qual tem cerca de 300 mil seguidores.

Ricardo é dono de uma loja de artigos militares em Copacabana. Na perna, ele tem tatuagens do presidente Jair Bolsonaro e da Polícia Militar, mas, de acordo com a delegada Valéria Aragão, titular da delegacia que investiga o caso, o empresário é apenas um admirador da PM e não tem vínculos com a instituição.

No vídeo, é possível escutar a conversa entre o empresário e o ambulante identificado como Celsão: “Ela está plantando bananeira? Vê, vê, vê”, diz Celsão. “Celsão, você fica disfarçando. Vai botar a água ali e fica fingindo. (…) Celsão, você é o maior ‘voyeur’ , responde Roriz, enquanto filma as mulheres se exercitando. “Eu gosto pra blau blau blau”, afirmou Celsão simulando masturbação.

Prática de Yoga na Lagoa Rodrigo de Freitas é comum; homens estão sendo indicados pela polícia. Foto: Reprodução de Internet
Prática de Yoga na Lagoa Rodrigo de Freitas é comum; homens estão sendo indiciados pela polícia. Foto: Reprodução de Internet

A nota de esclarecimento do empresário foi publicada na página de sua loja de artigos militares na terça-feira (4), depois que ele prestou depoimento na delegacia.

De acordo com a delegada Valéria Aragão, Roriz e o ambulante vão responder por ato obsceno, injúria e perturbação da tranquilidade. Em sua retratação, Roriz disse que a “conversa íntima entre dois amigos” foi a público “por meio de uma publicação infeliz” feita por ele em seu Instagram.

“Então essa conversa entre 300 mil amigos vazou? Eu quase cheguei a ter um pouco de pena. O que ocorreu não foi um infortúnio. Não foi alguém que filmou inadvertidamente. Era uma postagem”, rebateu Mariana. Segundo ela, o empresário já tinha publicado outro vídeo similar em julho, no qual ele filma a advogada e outros colegas de Ioga durante um passeio que faz na Lagoa.

“Naquele vídeo, ele diz: ‘Ninguém aqui quer ver ioga. Queremos ver alcatra abrindo’”, diz a advogada. Segundo ela, o vídeo foi apagado.

A delegada afirma que todos os ilícitos cometidos pelo empresário e pelo ambulante preveem pena privativa de liberdade, mas, como a penalidade é inferior a dois anos, o mais comum é uma sanção restritiva de direitos e a obrigatoriedade de um curso educativo ou de trabalhos assistenciais, além de pagamento de valores a estabelecimentos de assistência.

O advogado Valdo Tavares, que defende Roriz, afirma que o seu cliente está arrependido do episódio. Tavares ressaltou que o acontecimento “foi uma conversa íntima entre amigos”.

“O conteúdo do vídeo ficou publicado no Instagram dele por não mais de 40 e 50 minutos. Nesta rede social, ele tinha 18 mil seguidores. Ela (Mariana) publicou o vídeo no seu próprio Instagram e deixou lá por quatro dias. O entendimento da defesa é que foi uma infração de menor potencial ofensivo”, diz.

Ainda de acordo com Tavares, ele se comprometeu em ajudar a polícia a levar o ambulante, identificado como Celsão, a prestar depoimento na delegacia. “Ele é um ambulante que vende bebidas. Desde o acontecimento, não apareceu mais no seu ponto de trabalho.” Ricardo apagou o vídeo das redes sociais, mas não comentou o caso nos veículos de imprensa.

A advogada filmada em aula de ioga diz que pretende processar a dupla civil e criminalmente. Uma amiga que também se exercitava com ela na Lagoa já prestou depoimento na sede da delegacia.

Desculpas de suspeito são afronta

“Meu único erro foi ter nascido mulher e gostar de fazer ioga”, disse Mariana em trecho de uma publicação feita em uma rede social. Além das crises de choro e das noites mal dormidas, ela diz que nunca mais quer fazer ioga, pois agora associa o exercício à violência que sofreu.

“Eu virei um filme pornô, do dia para a noite, para as pessoas usarem quando elas quiserem. Isso é muito bizarro. Eu não sou isso, eu não optei por isso. Eu nunca mais vou fazer minha prática de ioga, porque eu nunca mais vou voltar a pensar que minhas pernas estão para o ar num movimento bonito, vou pensar num idiota qualquer se masturbando. É muito triste que as pessoas façam isso com outras sem nenhum tipo de pudor ou remorso”, desabafou ao G1.

Mariana disse em seu Instagram que não acredita na nota de esclarecimento publicada por Ricardo Roriz. Ela considerou o argumento apresentado como “uma afronta” e disse que ele feriu a inteligência dela.

Confira o vídeo:

 

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