Menor inflação do século XXI mantém tom otimista mesmo com Trump; juros continuarão caindo

A maioria de nós acordou hoje com uma notícia inesperada. O resultado das eleições americanas surpreendeu o mundo. O receio de uma política econômica prejudicial à atividade global já está deixando vários países com o alerta vermelho ligado, dentre eles o Brasil. Vale lembrar que os Estados Unidos da América são o nosso segundo maior parceiro comercial ficando atrás apenas da China. Neste contexto, uma atitude mais radical, embora a balança comercial hoje já pese favoravelmente aos EUA, certamente teria um impacto significativo nas variáveis econômicas do país, dentre elas o câmbio.

Felizmente, em seu primeiro discurso como presidente eleito, Donald Trump adotou um tom conciliador. A atitude foi direcionada não apenas para toda a população, mas como também para seus adversários políticos, inclusive do seu próprio partido. Assim, termos fortes indícios de que os Republicanos que retornam ao poder depois de dois mandatos dos Democratas manterão a tradição de uma política econômica aberta e respeitando o livre comércio mundial.

Assim, não acredito em turbulência além da que estamos vivendo no curto prazo justificada pela incerteza gerada durante a campanha. O câmbio, portanto, continuará bem comportado e deixando a inflação manter o seu curso de desaceleração como mais uma vez pudemos observar no resultado de outubro divulgado pelo IBGE.

O IPCA (índice de preços que serve de base para tomada de decisão pelo Banco Central do Brasil sobre os rumos da taxa básica de juros Selic) apresentou a variação mais baixa para o mês de outubro em mais de uma década. Mesmo com este resultado muito positivo, vale destacar que há no índice um dado que contrariou o esperado. O preço da gasolina subiu mesmo com a redução de preços autorizada pela Petrobras puxado principalmente pela variação do etanol que foi bem forte no mês passado.

Mesmo com surpresas não tão boas, o resultado geral da inflação foi excelente e mantém o otimismo em relação a continuidade da queda dos juros e mais, com aumento de intensidade. Ou seja, tudo indica que na reunião deste mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) vai reduzir a taxa Selic em 0,5 ponto percentual. Com mais esta indicação, o Banco Central manterá seu compromisso com a retomada da atividade econômica através não apenas da atuação sobre às expectativas de consumidores e empresários, mas como também na redução do custo sobre o estoque da dívida da União. Que a política continue avançando na mesma direção.

* João Gomes é economista formado pela PUC Rio e Mestre pela Escola Nacional de Ciências Estatísticas. Foi Superintendente de Economia e Inteligência de Negócio do Senac Rio. Atualmente atua como Assessor Especial de Estudos Econômicos na Secretaria de Fazenda do Estado do Rio.