Artigo: O impulso que leva alguns homens a querer falar no lugar das mulheres

Mulher em silêncio. Foto: Pixabay

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Em 2010, o New York Times elegeu a palavra “mansplaining” como a palavra do ano. Faz tempo, mas por aqui ainda não entendemos a sua importância.

Mansplaining é uma daquelas palavras que a língua inglesa cria combinando expressões, buscando apresentar um novo conceito ou entendimento. Nesse caso, as palavras “homem” e a “explicando” se juntam para escancarar um comportamento que até pouco tempo ninguém se dava conta do efeito nocivo que ele causa.

Os homens explicam as coisas para mim ou por mim.

Na prática, vemos esse comportamento todos os dias nas mesas de reunião ou nas conversas pessoais com companheiros da vida. E, certamente, já aconteceu com você.

Para eles a voz masculina por si só gera credibilidade e desperta atenção.

A cena acontece ao redor de uma mesa em que há homens, na sua maioria, chefes e colegas, e mulheres. Uma mulher acaba de expor um projeto, trazendo com precisão dados, informações e explicações. Em seguida, um colega homem ou um chefe homem intervém com frases do tipo (se ele for educado!): “eu gostaria de reforçar… acrescentar …”. No final das contas, ele se colocou no papel do salvador, julgando que a sua colega precisaria de sua defesa ou que os presentes necessitariam melhores explicações.

Sim, para eles a voz masculina por si só gera credibilidade e desperta atenção.

O resumo da ópera: ele não acrescentou nada, somente repetiu o que já havia sido dito, achando que a sua voz e argumentos seriam mais convincentes, e os ouvintes mudaram a sua postura de incrédulos para crentes nos seus iguais. E, assim, consolidamos o modelo que valoriza o masculino em detrimento do feminino.

Acho maravilhoso viver um momento em que essas coisas possam ser observadas e reconhecidas conscientemente, por homens e mulheres, porque só assim poderemos realmente ter um ambiente profissional mais igual, onde ambos os sexos devem ser respeitados pela sua competência e protagonismo em igualdade de condições.

*Rosangela Angonese é autora do livro “O fim da liderança tóxica nas organizações”, Mestre em Administração, com Pós-graduação em Marketing. Possui formação em: Dinâmica de grupos, Análise Transacional Organizacional, Coaching Executivo, e Educação Empreendedora, pela Fundação Dom Cabral. Atualmente é coordenadora do Polo de Liderança, do SEBRAE/PR.

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