Império da Tijuca capricha na plástica, mas se perde em evolução e estoura tempo

Quarta escola a desfilar na primeira noite do Carnaval carioca, a Império da Tijuca entrou na Avenida disposta a apagar a má impressão deixada no ano passado, quando amargou a sétima colocação com um samba pra lá de contestado. O enredo “O Último dos Profetas”, desenvolvido pelo carnavalesco Junior Pernambucano, marcou o reencontro da agremiação do Morro da Formiga com a temática religiosa. E a opção se mostrou acertada. Apesar de alguns problemas de evolução e do estouro de um minuto no tempo permitido, a Império da Tijuca fez um desfile grandioso, com destaque para os quesitos estéticos.

Os quatro carros alegóricos da escola chamaram atenção pelo capricho no acabamento, com destaque para a terceira alegoria, que representava um cágado gigante, animal sagrado do Orixá. A imponência da escultura arrancou aplausos das arquibancadas. As fantasias seguiram o padrão: luxuosas e bem acabadas.

“Por muitas vezes durante a passagem da escola, a impressão que dava é de que estávamos vendo um desfile do Grupo Especial”, afirmou o colunista do SRzd Hélio Rainho, que também elogiou a forma como o enredo foi desenvolvido.

“Eles fugiram da forma óbvia como esse tipo de tema religioso é contado”, concluiu Rainho.

Comissão de frente

Para começar a contar a história de São João Batista, a comissão trouxe o fogo como elemento central, como explica o comentarista Marcio Moura. “Foi uma mistura entre sagrado e profano, fazendo uma alusão às festas de São João. Foi um trabalho limpo, com trocas pertinentes de figurino”, elogiou. A comissão foi coreografada por Raphaela Machado.

Samba não empolga componentes

Depois de ter sido muito criticada pelo samba de 2016, considerado pobre principalmente na letra, a escola apostou numa obra com passagens com poesia mais trabalhada. Mas a robustez também na melodia dificultou o canto dos componentes. O resultado foi um chão morno, com harmonia apenas regular. Todavia, a performance da dupla de intérpretes, formada por Daniel Silva e Rogerinho, merece destaque positivo.

A bateria também cumpriu bem o papel que lhe cabia. A estreia do trio formado por Jordan, Paulinho e Julio à frente da Sinfônica Imperial manteve o bom nível de Mestre Capoeira, que, após muito tempo, deixou a agremiação.

 

Império da Tijuca. Foto: Jeanine Gall
Foto: Janine Gall

Correria no fim e estouro de tempo

A evolução foi o calcanhar de aquiles da Império da Tijuca. A escola parecia vagarosa, travada por vezes. Para reduzir o impacto do atraso, correria. Em vão. A verde e branco do Morro da Formiga concluiu o desfile com 56 minutos, um além do limite, o que vai gerar desconto de um décimo.

O clima ficou quente entre alguns diretores assim que o portão foi fechado. Alguns, muito nervosos, discutiram asperamente a poucos metros do presidente Antonio Marcos Teles, o Tê. Visivelmente abatido, ele conversou com o SRzd.

“Devido à última apresentação do casal para os jurados, tivemos que segurar um pouco mais a escola. Mas vamos conseguir reverter esse décimo perdido”, afirmou.

Foto: Janine Gall
Foto: Jeanine Gall

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