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‘Cortina de fumaça’ não é apenas um filme sobre maconha

O argumento do documentário Cortina de Fumaça, segundo os seus próprios realizadores, é contribuir para a discussão das políticas antidrogas no Brasil. Um roteiro corajoso, que dá uma baforada na discussão de uma das grandes questões globais: a declarada guerra aos entorpecentes e a busca desenfreada pelo ideal (ou utopia?) de constituir um mundo livre das drogas.

O Rock in Rio, nas últimas semanas, lançou uma campanha que tem ganhado destaque nas redes sociais. Um aplicativo para Facebook substitui a palavra drogas por algum outro substantivo, igualmente prazeroso, na famosa tríade que tem também o sexo e o rock’n’roll. Ainda que seja uma tentativa de resguardar o bom andamento do festival, jurídica e tecnicamente, trata-se de uma prova de que o assunto está na pauta do dia.

Para suscitar questões relevantes e levantar dados concretos, o diretor Rodrigo Mac Niven não poupou esforços e foi atrás do discurso autorizado de especialistas nos assuntos que dizem respeito ao uso e à circulação de entorpecentes. São ouvidos neurologistas, psiquiatras, advogados, historiadores e políticos, além de usuários. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o deputado federal Fernando Gabeira são apenas meros coadjuvantes diante dos excelentes personagens sobre os quais o documentário se apóia.

Bastante coisa interessante é dita ao longo da projeção. Há, por exemplo, um médico que afirma que o cérebro tem receptores preparados para o THC – o tetrahidrocanabinol, princípio ativo da maconha – e que, justamente por isso, a droga não destrói neurônios. Há também um estudioso que demonstra a relação histórica das proibições com estratos sociais minoritários. Enfim, é muito pano para manga.

O único problema de Cortina de Fumaça é estrutural: há uma falta de coesão que pode deixar alguns espectadores soterrados diante de tanta informação. O roteiro acaba se tornando multifocal. Nisso, a edição pouco ajuda, escorada na falta de capricho das imagens de apoio e no videografismo.

Nada disso, no entanto, apaga a contundência de Cortina de Fumaça, que se firma como um valoroso instrumento para dar corpo a uma discussão que precisa ser feita. É a prova, corajosa e ousada, de que o cine-documentário ainda pode ser um veículo eficaz para a mobilização.

Redação SRzd

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