Conheça os maiores vilões do orçamento familiar até o final do ano

Calculadora. Foto: Pikist

Segundo o economista Mário Marques, professor do curso de Administração da SKEMA Business School, os cinco vilões do bolso do brasileiro são itens básicos do consumo. Negociar descontos, reduzir quantidade e buscar produtos similares são as estratégias para não se endividar e, ainda, forçar queda de preços.

Depois do último aumento do gás, Rozana Nunes Martins passou a usar mais o forno elétrico e o micro-ondas. Mas quando sua conta de energia elétrica chegou 50% mais cara, ela teve que tomar medidas drásticas:

“Passei a cozinhar mais no fogão à lenha da minha mãe, principalmente quando faço as quentinhas para distribuir para os moradores de rua. Do contrário, teria que suspender minha colaboração. Também tirei os aparelhos da tomada e estou reduzindo o tempo de banho. Mas ainda estou apertada e bastante preocupada com a falta de água. Parece que a conta vai subir também”, desabafa a dona de casa.

Já a manicure Regina está trocando parte da carne de boi por ovo e frango.

“O quilo de carne de boi de segunda está há 40 reais e não dá para dois dias em casa. Não dá para comprar, então a gente troca por outra proteína para manter a saúde pessoal e do bolso”, conta.

Neusa Carolino está enfrentando o inverno com as roupas do ano passado por causa dos preços.

“Este ano está mais frio e tenho poucas roupas mais quentes. Pesquisei bastante, mas não dá para comprar uma blusa de frio de mais de cem reais. Então, a gente veste as antigas e, quando o frio aperta, coloca mais de uma, né? A gente precisa se ajeitar”, revela.

As dificuldades de Rozana, Regina e Neusa representam desafios que as famílias continuarão enfrentando ao longo deste segundo semestre. Segundo o levantamento feito pelo economista Mário Marques os cinco vilões do bolso do consumidor são:

* Carne de boi – aumentou 43 % no acumulado dos últimos 12 meses, sendo 14% só em 2021 e deve seguir em alta nesse período de seca.

* Gás de Cozinha – aumentou 13,75% em 2021 de reajuste e deve seguir em alta

* Habitação – aumentou 15,08% em 2021 e acumula alta de 35,75% nos últimos 12 meses

* Energia Elétrica – aumentou 7% em 2021 e com a bandeira vermelha o aumento pode chegar a 20%

De acordo com o especialista, os aumentos são causados pelo aumento constante do preço das commodities – produtos não são diferenciados de acordo com quem os produziu ou de sua origem, sendo seu preço uniformemente determinado pela oferta e procura internacional como a atividade agropecuária, a exploração de petróleo, entre outros – pela retomada da economia depois da fase aguda da pandemia, pela queda do poder de compra do dólar no mercado internacional que regula preços de alguns produtos, e, mais recentemente, pela nova crise hídrica. Isso tudo influencia o preço de quase todos os produtos e, por isso, o Índice de Preços ao Consumidor, IPCA acumulado nos últimos 12 meses em julho teve a maior alta desde 2018, chegando na casa dos 8,35%, embora a inflação de junho tenha sido menor do que a de maio

Para Marques, a inflação tende a diminuir nos próximos meses, porém o consumidor tem que exercer seu papel.

“A tendência é da inflação diminuir, mas isso não significa diminuição de preços e sim uma redução na velocidade com que são ajustados. A tendência é de manutenção da alta destes produtos básicos até o final do ano. Portanto, não é hora de gastar sem necessidade. E as despesas fixas devem ser negociadas, reduzidas ou até eliminadas. É fundamental para a saúde econômica de todos que o consumidor conheça seu poder e exerça o direito de negociar. Isso pressiona a queda dos preços e é de extremo valor social. Quem deve ditar parte das regras do mercado é quem paga por ele. Ou seja: quem compra os produtos. Eu mesmo negociei meu plano de internet e consegui um desconto de 20%”, declarou.

O Professor Mário listou algumas dicas para reduzir o impacto dos aumentos no orçamento familiar:

Redução dos gastos básicos em alta

* Carne de boi – reduza ou substitua a carne de boi por frango, porco e até ovos.

* Gás de cozinha ou forno elétrico/Micro-ondas – O gás ainda é mais econômico do que os aparelhos elétricos.

* Desligue os aparelhos da tomada pois o stand-by pode elevar a conta de luz.

* Habitação – tente renegociar os preços dos aluguéis

* Vestuário – evite ao máximo as compras por impulso, deixe o cartão de crédito em casa e saia apenas com o cartão de débito ou o dinheiro que irá no dia. Se no dia seguinte ainda estiver com a necessidade de comprar a peça, aí sim o faça.

* Transporte – antes de sair de carro ou ônibus, orce o preço dos apps de transporte. Eles costumam ser mais baratos do que utilizar o próprio carro e pagar por combustível e estacionamento, sendo mais seguros em relação a transmissão de vírus que os coletivos, pois têm menos pessoas que o ônibus.

Educação financeira

* Liste todos os gastos e elimine o que não for necessário.

* Monitore periodicamente em que gasta, especialmente gastos pequenos que muitas vezes não são computados, podendo se tornarem os inimigos do seu orçamento.

* Antes de comprar, diferencie desejo de necessidade.

* Ao comprar, busque marcas alternativas que ofereçam qualidade a menor preço

Denuncie abusos

Embora no Brasil exista o livre mercado, segundo o Procon, este aumento não pode acontecer de forma tão desproporcional.

O artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor (CDC) prevê que é vedado ao fornecedor de produtos ou serviços elevar sem justa causa os valores cobrados. E todo e qualquer consumidor que encontrar produtos vendidos por preços acima da média ou considerados abusivos pode denunciar a situação junto ao Instituto de Defesa do Consumidor (PROCON) do seu estado (deve usar o serviço online).

Para que o Procon do seu estado possa atuar nestes casos de preços abusivos é necessário informar o nome do estabelecimento e o endereço. Também é importante que o consumidor possua a nota fiscal ou foto da oferta superfaturada sendo útil o envio da mesma por e-mail.

Segundo o art. 3º, VI, da Lei n. 1.521/51º, provocar a alta ou baixa de preços de mercadorias, títulos públicos, valores ou salários por meio de notícias falsas, operações fictícias ou qualquer outro artifício pode levar a uma pena de detenção, de 2 (dois) anos a 10 (dez) anos, e multa.

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