Saiba como foram as negociações que trouxeram novos parceiros para o Botafogo e Fluminense

Quando o torcedor tricolor entra numa loja para comprar a terceira camisa do Fluminense 2017-18, lançada pela Under Armour, aquela de cor grená, tonalidade “sangue”, detalhes em dourado, ele não tem ideia do trabalho que deu para repaginar o uniforme e trazer para o clube o patrocinador master Universal Orlando Resorts. Para possuir seu objeto de desejo (o uniforme), ele precisa desembolsar R$ 349,90, na versão idêntica à usada pelos jogadores, R$ 249,90 para edição torcedor, R$ 229,90 feminino e R$ 199,90 infantil. Bonita, diferente, mas não é exatamente um produto barato.

Quem vê o corte do tecido, o design elaborado da camisa e a aplicação do escudo no tradicional lado esquerdo não sabe que isto só foi possível após uma engenharia iniciada pelo presidente Pedro Abad e que ganhou impulso numa sexta-feira (28/07), quando Marcus Vinicius Freire foi anunciado como o novo diretor executivo geral do clube. Ele fez parte da geração de prata do vôlei, seleção que ficou em segundo lugar nos Jogos de Los Angeles, em 1984.

Ex-diretor de Esportes do Comitê Olímpico do Brasil, Marcus Vinicius Freire trabalhou durante oito anos na área executiva da entidade. Graduado em Economia e com MBA em Marketing e Seguros, Marcus Vinicius tem nove anos no mercado de esportes. Por conta da realização dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, ele percorreu vários lugares do mundo e pôde conhecer projetos vitoriosos e turbinar a sua agenda de relacionamento que agora pode ser útil para o tricolor das Laranjeiras.

Vinícius contou ao SRzd como atraiu para o Fluminense uma das marcas mais populares dos Estados Unidos. “Fui a Orlando para o lançamento da Flórida Cup. E lá eu conheci o diretor comercial da Universal Resorts Orlando (complexo de 5 hotéis e 3 mega parques) e, em reunião no dia seguinte, iniciamos tratativas para trazer a marca para o Rio. Tudo foi rápido, negócio concluído 10 dias depois”. A parceria não parou por aí. “No dia 15 de novembro, teremos o jogo contra o Corinthians, que também vai participar da Flórida Cup, e neste dia os mascotes dos dois clubes se encontrarão com um dos personagens dos Parques Universal”, adiantou.

“A gente vê a Universal como uma marca que procura ser desafiadora, pensa muito em inovação e quer ser diferente, assim como o Fluminense. É a primeira vez que um clube brasileiro tem uma parceria com uma empresa de entretenimento americana. Neste momento, o Universal Orlando Resort chega ao Brasil e fica até novembro. Logo depois, em janeiro, o Fluminense vai visitar os hotéis e os parques da Universal, junto com o seu time, para jogar a Florida Cup. É esse o caminho da nossa parceria”, disse Vinícius.

A marca estará estampada na camisa do Time de Guerreiros até a partida contra o Corinthians, dia 15 de novembro, pelo Campeonato Brasileiro. Essa parceria é fruto do investimento que o clube das Laranjeiras faz com sua marca nos Estados Unidos e no mercado internacional desde a primeira participação na Florida Cup, em 2015, e mais recentemente com o projeto do STK Fluminense Samorín como extensão do trabalho de formação de jogadores de Xerém.

Enquanto Marcus Vinicius Freire se mexia em favor do Flu, o filho do prefeito do Rio, Marcelo Crivella Filho, fazia o mesmo em favor do Botafogo. Mas, atuando em outra frente. Ele intensificou tratativas para a vinda da marca da ONU ser aplicada na camisa do Glorioso.

Mas como isto aconteceu?

Ele próprio responde: “Sou muito próximo da atual diretoria do Botafogo. Minha proximidade se dá pela minha presença frequente nos jogos e eventos do clube, mas também por admiração ao trabalho que estão realizando nessa atual gestão. No início deste ano, fui nomeado consultor internacional do Instituto Latino Americano das Nações Unidas (ONU). Em um dos Jogos, me recordo da conversa com o VP Anderson Simões. Na ocasião, falamos sobre o sonho de estampar a marca ONU na camisa do Botafogo”, explica.

“O Anderson e eu, então, iniciamos as conversas com a ONU através da ONU Habitat, que possui escritório em Laranjeiras, no Rio. Como a ONU Habitat tem sua sede em Nairóbi, no Quênia, foi necessário revisar cartas para o país africano com explicações sobre a nossa intenção. Ficamos muito felizes quando as respostas vieram de forma positiva”, disse ao SRzd.

Na verdade, a operação foi um pouco mais complexa, como reconhece Marcelinho, como os seus amigos o conhecem em General Severiano, tradicional sede do clube.

“Em novembro, levei os diretores da ONU Habitat para uma reunião no Nilton Santos (Engenhão) com o Botafogo. Esteve presente o diretor francês Alain Grimard e a coordenadora Rayne Ferreti. Com a resposta positiva da sede no Kenyam, foi uma alegria, era uma questão de estruturar e formalizar o termo de cooperação entre a ONU e o clube”, disse.

Enquanto Marcus Vinicius participou de várias fases da negociação com a Universal Resorts Orlando, Marcelo Crivella Filho explicou que o seu papel foi de “interlocutor entre as duas instituições. Como já integrava as duas, conseguimos construir uma ponte de início – e de cooperação – em prol dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS), que são as metas da ONU até 2030. Por conta disso, fui convidado para entrar em campo no dia da apresentação, junto ao presidente do clube, o presidente da CBF e os representantes da ONU junto às crianças que carregavam as 17 metas. Foi um dia inesquecível”.