O professor Amauri leciona na UFRJ e aparece aqui tendo como segundo plano a inovação e a criatividade, fundamentos da atividade acadêmica. O tripé clássico das Universidades: a Pesquisa, a atividade de Ensino e a Extensão são a base que distingue o aprendizado em alto nível. Há no interior da maior Universidade Federal do país muitas clivagens. O professor Amauri, assim como Marcos Cavalcanti e uma centena deles, representam uma elite pensante, que acredita na necessidade urgente que a entidade não forme apenas jovens para o emprego.
Não é muito fácil defender esse discurso, aparentemente antissindicalista, no interior de espaços públicos dominados pela ideia de que a atividade empresarial é inimiga do ensino, pela natureza de sua intenção última, no caso o lucro. Vivemos um momento repleto de perplexidades e discursos que não se sustentam diante de uma simples olhada no espelho. A atividade de produção humana, diversificada, cada vez menos exercida em torno de setores primários e secundários, vai nos desafiando, a automação e suas vantagens na redução de custos, a escala e a compressão de preços, tudo isso traz uma infinidade de problemas para a prosperidade humana e da vida como um todo.
É certo que as Universidades brasileiras estão bastante vulneráveis e despreparadas para enfrentar a realidade que já nos abordou, com privilégios aos países ultra desenvolvidos e educados, com suas populações capacitadas e bem organizados. Ao conquistarem a melhor fatia de nossa época e resolverem suas principais questões de sobrevivência, fazem crer que para os retardatários será possível o mesmo. Há certas premissas que não se pode esquecer. Para o docente da UFRJ, trabalhar é uma delas. Em nossa cultura, a maior mentira é dizer que poderemos estar na praia ou num churrasco, ou festa qualquer, sem que para isso alguém produza. Sem a cultura do trabalho, de uma proposição clara e definida para as Instituições, não há futuro possível. Por mais que ela detenha uma tradição e um Conselho de Minerva que lhe dê a credibilidade quanto a padrões elevados de ensino, pouco a pouco, com lideranças de berrantes pró-democracia e só, ficamos com vazios de competências, tal qual um ser acometido de Alzheimer.
O tecido intelectual erodido ameaça a continuidade do que já seria insuficiente para dar conta das questões contemporâneas, sem falar das novas demandas, ainda sequer redefinidas no interior de entidades de ensino, para dar novos ares à turma que a frequenta, além de novos sentidos e significados. A presença do povo da UFRJ no evento Rio 2C, incluindo alunos, é um sinal de fumaça. E como diz o ditado, onde tem fumaça, tem fogo. Acender a chama do empreendedorismo na vida de jovens com suas capacidades tolhidas por fórmulas antigas é um erro que não devemos mais cometer.
*em colaboração ao SRzd
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