A Estranha História da Volta de Juninho

Estou passado. Confesso. Estive fora do país a trabalho, num curto período, e retornei com uma notícia sobre o Vasco que me causou desconforto. 

A volta de Juninho está sendo desenhada no Vasco.

O que se pretende com isso?

É preciso que fique claro que tenho inestimável admiração por Juninho. No futebol e no caráter. E dei a ele total razão nas argumentações sobre sua saída na última passagem pelo Vasco. É um grande ídolo, foi ultrajado pela diretoria do Vasco e precisou mesmo ir embora para se recompor.

De repente, após uma súbita demissão pelo clube que o contratara no exterior, apareceu como nome cotado para retornar ao Vasco.

I’m sorry…tenho pouquíssima (nenhuma!) vocação para vaca de presépio! Depois do desacerto que foi a saída de Juninho, o descaso de Roberto com essa saída…agora me vêm os dois dando entrevistas, cada qual do seu lado, festejando uma “lua de mel” de reconciliação???

Desculpem, isso é ridículo. E é ridículo porque Juninho, há um ano atrás, rateava para cumprir um calendário de futebol dado o avanço de sua idade. Seria possível cumprir esse calendário agora? É ridículo também porque, mais uma vez, Roberto Dinamite está usando a boa figura de um ídolo inconteste para esconder a falta de reforços consideráveis do Vasco para a disputa de um árduo campeonato.

Como se vê, não dá pra brincar, nem de saída, de time com planejamento e senso de organização quando se fala de Clube de Regatas Vasco da Gama. O que dirão Ricardo Gomes e Paulo Autuori da possibilidade de reestruturar toda a arrumação da equipe para, se for o caso, incorporar ao time um jogador em idade avançada que requererá jogos alternados e condições especiais? Dirão alguns: “Juninho tem lugar nesse time”. Já teve nesse e em qualquer outro. Mas será que, hoje, ainda teria? 

Não sei. Sinceramente, isso me incomoda. O Vasco de Roberto sempre olha pra trás, nunca pra frente. Continuamos sem revelar nenhuma unanimidade de nossas divisões de base, enquanto os “craques de antigamente” continuam sendo apostas. Da parte de Juninho, já ouvimos de tudo: quis sair do Rio porque seus filhos “corriam risco” numa “cidade violenta”, quis jogar de graça por amor ao Vasco, quis sair porque considerava que o clube não cumpria o acordo com ele celebrado. Agora, após a demissão repentina, voltará com todos os pontos de vista revistos? E por que Roberto, outrora tão indignado com a saída, está agora sorrindo e “gerundiando” com essa volta?

Piores do que as respostas que não tenho são as perguntas que, constrangido, me faço. Ter um ídolo como Juninho de volta é sempre um grande acerto para qualquer time de futebol. Mas não nessas circunstâncias. 

Esse sorrisinho de alegria do presidente vascaíno me cheira a mais um ato inócuo e sensacionalista, uma manobra emotiva pra nossa torcida se amansar. Juninho não pode fazer muito pelo Vasco em 2013. Por que está achando que pode? Por que o presidente acredita? 

Não sei…muito estranha essa história…

Facebook Hélio Ricardo Rainho

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