40 milhões de crianças com menos de cinco anos estão obesas

Criança se alimentando com lanche. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Criança se alimentando com lanche. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Obesidade não é sinal de relaxamento ou falta de determinação, mas uma doença crônica, que atinge 600 milhões de adultos, 40 milhões de crianças com menos de cinco anos de idade e 340 milhões de crianças e adolescentes de 5 a 19 anos, causando 4 milhões de mortes por ano segundo a Organização Mundial de Saúde. No Brasil, já acomete um em cada cinco habitantes. E, pior: é o maior fator de risco para o Covid-19, depois da idade.

Portanto, se uma criança é obesa, não adianta esperar que ela cresça e, por algum milagre, isso se reverta na fase adulta.

“Já está provado que crianças e adolescentes obesos têm enorme chance de se transformarem em adultos obesos. Por isso, quanto mais cedo o problema for atacado, melhor”, explica a médica Yara Dantas, com especialidade em Nutrologia pelo Hospital Albert Einstein que esclareceu outras dúvidas. Confira:

1) Como identificar se a criança está obesa?
É bem simples identificar. Basta calcular o IMC, que é Índice de Massa Corporal. Como funciona? Você pega o peso da criança e divide pela altura ao quadrado. Existem várias calculadoras de IMC na Internet com os padrões estabelecidos, tudo muito simples de fazer e acompanhar. Outra opção é medir a circunferência abdominal. O valor ideal é a metade da altura da criança. Exemplo: se tiver 1,40m a circunferência abdominal deve ser menor que 70cm. Assim teremos noção da concentração da gordura na região.

2) Qual o melhor tratamento?
Na verdade, não existe isso de “qual o melhor” ou “mais eficaz” tratamento para obesidade. Nós temos que entender que é uma doença crônica. Então a primeira coisa que devemos identificar é o que está causando o problema. Se a pessoa é ansiosa, estressada, se tem alguma doença de base, insulina alta, diabetes. Isso tudo vai interferir no tratamento da pessoa. O tratamento é totalmente individualizado, que vai depender das condições do paciente, seu quadro clínico, idade, hábitos etc. Então: a obesidade é algo muito sério, que merece ser visto com muita atenção e responsabilidade. Para, aí sim, identificar qual o melhor tratamento para cada paciente. 

3) Em que situações devem ser usados medicamentos?
Temos primeiro que entender os motivos do paciente ter se tornado obeso. Muitas vezes ele é muito ansioso e busca a comida como fonte de prazer. Pode ser doce, carboidrato… a gente tem que entender essa angústia. E sim, podemos precisar usar medicamentos. Vai depender de cada patologia. Se esse paciente tem uma compulsão alimentar, se é ansiedade ou, muitas vezes, ele simplesmente relata “ter muita fome”. A medicação é extremamente individual e vai depender muito da queixa. Por isso é importante demais uma boa anamnese, que é aquela entrevista com paciente, onde buscamos todos os detalhes que possam ajudar no caso. E aí sim ter tudo o que precisamos para ver a necessidade ou não da medicação e qual deve ser utilizada.

4) Como manter a forma depois da conquista do peso ideal?
Algumas mudanças devem ser mantidas para que não se perca o que foi conquistado. É importante aderir aos altos níveis de atividade física, pelo menos uma hora de exercícios por dia. Seguir uma dieta de baixa caloria etc. Muitas vezes o paciente perde peso e pensa: “cheguei onde queria, posso comer tudo de novo”. Não pode. O motivo: a obesidade é uma doença crônica. Então a dieta, a mudança de estilo de vida, têm que ser, infelizmente para muitos, para o resto da vida. É preciso manter o equilíbrio nas refeições, monitorar o peso pelo menos uma vez por semana, para que pequenas oscilações sejam percebidas. E não abusar nos fins de semana e feriados. Caso contrário, todo o projeto de saúde vai por água abaixo. A avaliação semanal é importante para que a pessoa varie, no máximo, dois quilos de peso. Isso sem falar no lado emocional. É isso: a pessoa que escolhe emagrecer deve manter para sempre bons hábitos alimentares, ficar longe do sedentarismo e sempre perto do bom humor e da alegria.

Comentários

 




    gl