Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

The Walt Disney Company: Bob Iger retorna como CEO

Bob Iger em evento da AMPAS em 11 de abril de 2013 (Foto: Divulgação – Crédito: Matt Petit / ©A.M.P.A.S.).

No último domingo (20), a The Walt Disney Company sacudiu as estruturas de Hollywood ao anunciar a demissão de Bob Chapek, CEO da companhia desde 2020, e confirmar o retorno de Bob Iger ao cargo.

 

Um dos líderes mais proeminentes da Casa do Mickey, responsável por um legado calcado na expansão do império construído por Walt e Roy Disney, Bob Iger reassumiu o controle da empresa depois de uma série de polêmicas nos últimos meses envolvendo a administração de Chapek, que tinha, dentre tantos desafios, trabalhar sob a sombra de seu antecessor, Iger.

 

A administração de Chapek acumulou polêmicas que iam de encontro com o posicionamento da The Walt Disney Company, que, há anos, coloca na prática a política calcada na representatividade, diversidade e inclusão – algo conquistado durante os anos de Iger como CEO e que pode ser observado com afinco no vasto catálogo da Disney+. Isso incomodou bastante a Casa do Mickey, segundo a Variety, principalmente quando Chapek demonstrou falta de sensibilidade e empatia para com a comunidade LGBTQIA+, não apenas autorizando o corte de um beijo entre casal homoafetivo em “Lightyear” (Lightyear – 2022, EUA), como também se mantendo neutro durante bastante tempo nos protestos contra uma lei da Flórida, estado americano que abriga o complexo da Disneyworld, que ficou popularmente conhecida como “Não diga gay”. E a atuação de Chapek neste caso levou a protestos públicos de funcionários da Pixar Animation, que iniciaram uma paralisação, culminado com uma carta aberta ao público tecendo críticas à administração da empresa.

 

Mas quando a polêmica com a comunidade LGBTQIA+ tomou conta das manchetes, Bob Chapek já estava com a imagem arranhada devido a outras medidas que incomodaram a companhia fundada em 1923. Quando a pandemia do novo coronavírus ocasionou a interrupção das atividades nos centros de produção e salas de exibição ao redor do globo, muitos estúdios decidiram lançar seus filmes diretamente no streaming ou, quando alguns cinemas reabriram, de forma híbrida. Na Disney, não foi diferente. O problema é que um desses títulos era extremamente aguardado pelo público, “Viúva Negra” (Black Widow – 2020, EUA), e o contrato da protagonista previa pagamento sobre os lucros das bilheterias. Isso levou a um imbróglio judicial entre a Casa do Mickey e uma das maiores estrelas do Universo Cinematográfico da Marvel (UCM), Scarlett Johansson, resolvido rapidamente pelo estúdio, mas não sem antes Chapek fazer declarações contra a atriz, surpreendendo a todos.

 

De acordo com a Variety, a permanência de Bob Chapek no cargo de CEO da The Walt Disney Company se tornou ainda mais complicada nos últimos meses, quando as ações da empresa caíram em Wall Street, preocupando todo o Conselho.

 

Para muitos, o retorno de Bob Iger ao cargo de CEO de uma das maiores empresas do mundo é um alento que pode colocá-la de volta à trajetória expansiva iniciada por ele em seu primeiro mandato, mas sempre alicerçada nos pilares defendidos atualmente pela The Walt Disney Company no que tange às demandas da sociedade, que não mais tolera produções estereotipadas nem comentários contra grupos específicos. A expectativa da comunidade hollywoodiana é que, agora, a Casa do Mickey retome seus anos de glória, ameaçados pela antiga administração, que não conseguiu vencer a luta contra a sombra do legado de Bob Iger.

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