“Soul” dá o recado pra quem não respeita o distanciamento social

Foto: Divulgação Disney+

MATÉRIA ESCRITA POR JOYCE PONTEIRO (@joyponteiro)

Após um ano turbulento, a Pixar traz um recado para quem insiste em desrespeitar o distanciamento social. De uma forma emocionante, Soul lembra ao mundo que felicidade não depende de lugar, mas de ponto de vista.

Joe Gardner, personagem principal, é um rapaz negro filho de um músico e de uma costureira. Reproduzindo a realidade de muitos jovens pobres, ele carrega consigo o sonho da liberdade criativa. Entretanto, esse objetivo é ceifado pela mãe, que vê no descendente a esperança de estabilidade financeira, por meio da carteira assinada. História nada distante de diversas famílias brasileiras, onde atualmente a taxa de desemprego entre os jovens é de 31,4%.

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Durante toda a animação Joe permanece com seus órgãos vitais funcionando, mas somente quando está tocando piando sente-se vivo. Já que o jazz, estilo musical preferido, é sua válvula de escape desse sistema enlatado que mantem a máquina girando. Assim como ele, outros personagens do longa exercem funções que não gostariam. Seguindo rotinas e batendo ponto no trabalho, com o intuito de manter as contas pagas e o mercado feito.

Segundo pesquisas, aqui no Brasil, 9 em cada 10 trabalhadores estão insatisfeitos com a vida profissional. E com a chegada da pandemia, ficou clara a necessidade de uma fuga da realidade por meio de prazeres momentâneos. Aumento do consumo de entorpecentes, bares lotados e baladas clandestinas mostram o descontentamento com o cotidiano.

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Ficção ou vida real?

Ironia do autor ou não, nem mesmo hospitalizado e a beira da morte Joe desiste do Jazz. Acreditando fielmente que os momentos de inercia que a música lhe proporciona é sinônimo de ser vivo. Agindo de forma egoísta, ele vai contra todos para alcançar seu deleite. Na vida real, os casos de Corona vírus aumentou entre os jovens, grupo que mais insiste em aglomerar.

Somente no palco que o protagonista percebe que até na música o sistema espreme a criatividade, transformando-a em atos repetitivos. Conversão que o faz entender que o jazz irá fazer ele sentir-se vivo em qualquer lugar. Desde que olhe para a rotina como algo prazeroso e traga para esses momentos pitadas de criatividade.

Com quase dois milhão de mortes, Peter Docter, diretor da animação, incute que o mundo ainda passa por uma pandemia. Por isso, é preciso rever o sinônimo de prazer e olhar o cotidiano por outro ângulo. Afinal, o oceano é só um monte de água.

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