Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

‘O Irlandês’: Joe Pesci é o grande destaque

Dirigido por Martin Scorsese, “O Irlandês” já está disponível na Netflix (Foto: Divulgação).

Principal aposta da Netflix para o Oscar 2020, “O Irlandês” (The Irishman – 2019) estreia na plataforma de streaming nesta quarta, dia 27, duas semanas após entrar em cartaz em circuito limitado no Brasil.

 

Com direção e produção de Martin Scorsese, esta adaptação do livro “I Heard You Paint Houses”, de Charles Brandt, conta a história real de Frank Sheeran (Robert De Niro), veterano da Segunda Guerra Mundial que trabalhou como caminhoneiro e homem de confiança de Russell Bufalino (Joe Pesci) e Jimmy Hoffa (Al Pacino), líder sindical que desapareceu em 1975 e foi considerado morto pelo governo americano em 1982.

 

Al Pacino em cena como Jimmy Hoffa (Foto: Divulgação).

 

Mantendo o padrão de qualidade técnico inerente às obras de seu realizador, que volta à zona de conforto do filão da máfia, sobretudo em fotografia e direção de arte, “O Irlandês” tem como força motriz o roteiro desenvolvido com esmero, mostrando a influência da máfia na História política americana, e a escalação do elenco, em total comunhão. Dentre os atores, os destaques são Robert De Niro, que também assina como produtor, Joe Pesci e Al Pacino, em seu primeiro trabalho com Scorsese. O trio brilha a cada cena, explorando minuciosamente as emoções de seus respectivos personagens, sobretudo Pesci, que brinda o espectador com a melhor atuação de sua carreira nesta volta aos longas-metragens em live-action após hiato de nove anos, desde “Rancho do Amor” (Love Ranch – 2010), de Taylor Hackford. É uma performance que opta pela discrição, tal qual a de Robert De Niro, contrastando com a explosão de Al Pacino, mas arrebatadora.

 

Apesar da violência gráfica, “O Irlandês” é uma produção que não julga os atos dos personagens, apenas os mostra sem concessões, levando o espectador à reflexão, pois Frank Sheeran surge como servo leal da máfia que coloca sua própria família em segundo plano, pagando um alto preço por isso na velhice, quando é confrontado por uma dose de humanidade imposta pela filha Peggy (Anna Paquin). E esta opção de não julgar a quem quer que seja, permite que a emoção tome conta da narrativa em diversos momentos, algo potencializado pelo ritmo propositalmente lento para que Scorsese tivesse tempo de aprofundar diversas questões, da política à família, passando pelo submundo do crime.

 

Bebendo da fonte do Cinema Noir, “O Irlandês” é um filme sobre moral, lealdade e traição que nasce como um dos títulos mais potentes da filmografia de Martin Scorsese, cineasta que revolucionou Hollywood nos anos 1970, ao lado de nomes como Francis Ford Coppola, George Lucas e Steven Spielberg.

 

Leia também:

Anthony e Joe Russo falam sobre ‘Vingadores’ e Martin Scorsese

‘O Irlandês’: ‘Netflix está enfrentando um desafio’, diz John Fithian, presidente da NATO

Francis Ford Coppola chama filmes da Marvel de ‘desprezíveis’

Martin Scorsese critica filmes de super-heróis

 

Assista ao trailer oficial legendado:

Comentários

 




    gl