Ilariê: Disco ao contrário e pacto com o demônio; doc de Xuxa reduz lendas a zero

Xuxa. Reprodução de vídeo

Virou doce, mel. O documentário sobre a vida e trajetória de Xuxa Meneghel, produzido pelo Globoplay, inundou redes sociais e noticiário nos últimos dias. Polêmico e revelador, trouxe histórias de bastidores tão chocantes que fazem lendas do passado envolvendo a Rainha dos Baixinhos virarem brincadeira de criança.

+ tá na hora de brincar…

Muita gente já ouviu ou se lembra do boato de que a canção Ilariê, o maior hit da carreira de Xuxa, teria sido criada como uma espécie de pacto dela com o diabo e que o refrão entoado não tinha nada de inocente.

Cid Guerreiro, compositor da música gravada em 1988, esclareceu que os versos nada têm a ver com pacto ou qualquer coisa relacionada ao coisa ruim. Cid explica que o rumor foi inventado por um pastor evangélico que tinha Xuxa como alvo.

“O boato surgiu dentro da igreja evangélica. Falavam que era um ex-bruxo que virou pastor e espalhava que ‘Ilariê’ tinha a ver com Erê, as crianças do Candomblé, que a Igreja considera como pequenos demônios”, contou Guerreiro. Ainda segundo Cid, a palavra ilariê nada mais é do que uma de suas invenções a partir da palavra hilária, uma qualidade que ele via em Xuxa.

+ ‘toca o disco da Xuxa ao contrário, que o diabo aparece’

Xuxa foi bastante atacada durante as décadas de 80 e 90 a partir do que podemos chamar de lenda urbana. A teoria garantia que suas músicas infantis, se tocadas ao contrário, traziam mensagens satânicas.

A tese — completamente infundada — dizia que a apresentadora teria feito um pacto com o diabo para fazer sucesso. Segundo a história, os discos da artista, em especial o hit Xou da Xuxa que embalou gerações, traziam mensagens escondidas e subliminares e que, se executadas ao contrário, fariam o capeta se materializar.

A técnica em questão, falando de vivos, se chama backmasking e já foi empregada por inúmeros artistas desde os anos 1960. Por mais excêntrico que pareça, o método de gravar mensagens ao contrário, para serem reproduzidas de trás para frente em um toca-disco ou software de edição, não é fake news, mas nada tem a ver com sociedades com energias negativas.

Nesse mesmo contexto, aparece a boneca da Xuxa. Cerca de 800 mil unidades foram vendidas a partir de 1987 e, além do imenso sucesso no mercado nacional, em 1991, o produto começou a ser comercializado em diversos países da América Latina.

Segundo outra lenda, no final dos anos 80, uma criança de dois anos começou a pedir incansavelmente para que sua mãe lhe desse uma boneca da Xuxa. Desempregada e sem grana, a mulher teria dito, com irritação, que só conseguiria comprar caso o diabo lhe ajudasse a arranjar o valor.

No dia seguinte, foi exatamente isso que aconteceu. A mulher teria recebido, justamente, a quantia exata para comprar o brinquedo. Porém, a tentativa teria acabado se tornando uma enorme tragédia. A boneca criou garras e teria arranhado a menina, deixando-a traumatizada e coberta de sangue.

Em 2016, 27 anos depois da história ter assombrado moradores de Sorocaba, a Netflix resolveu usar a lenda popular para divulgar sua série que fazia enorme sucesso no momento, Stranger Things.

+ doc superou lendas e traz verdades que chocaram o público

Com direção artística de Pedro Bial, direção de Cassia Dian e Monica Almeida, e roteiro de Camila Appel, a série documental lançada nesta semana percorre a trajetória de Xuxa, com acervo exclusivo, entrevistas inéditas e reencontros significativos.

As relações da apresentadora com Pelé, Ayrton Senna, sua família e, principalmente, com sua criadora artística, Marlene Mattos, deixaram o país atônito.

As bizarrices vão desde ela ser trancada num quarto de hotel sem poder sair, sequer para comer, até ter deixado de viver o que classificou como o grande amor de sua vida. Além do que é contado no documentário, Xuxa tem dado as reveladoras declarações em programa da televisão e YouTube (veja alguns desses momentos):

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