Covid-19 mata o radialista André Russo em São Paulo

André Russo. Foto: Reprodução/Linkedln

Morreu na madrugada deste domingo (20) o radialista e publicitário André Naveiro Russo, vítima da Covid-19. Aos 50 anos, o profissional que atuava diariamente nas manhãs da Rádio Capital, estava internado no Hospital Salvalus, em São Paulo.

A informação foi confirmada ao SRzd pelo radialista Wagner Belmont, amigo e parceiro de Russo na apresentação do programa “Expresso Capital” na emissora paulista. Belmont também foi infectado pelo novo Coronavírus e está se recuperando em casa. Informações sobre o sepultamento não foram divulgadas.

Em publicação nas redes sociais, a rádio Capital destacou que “André era um apaixonado pelo rádio, pela didática e principalmente pela ideia de compartilhar conhecimento”.

Nome conhecido do rádio, André Russo foi professor de Jornalismo da PUC-SP e do Centro Universitário Belas Artes. Trabalhou como redator na Associação Paulista de Magistrados e concluiu o curso de Formação Pedagógica para Bacharéis, Licenciatura em Língua Portuguesa.

Com 20 anos de experiência em redação, reportagem e supervisão de equipes de Rádio e Televisão com especialização em mestrado e comunicação, André sempre foi um apaixonado pelo jornalismo e pelo rádio.

Passou por várias emissoras onde contabilizou reportagens marcantes. Teve bastante destaque em sua carreira na Rádio Bandeirantes, onde atuou por 19 anos. Essa jornada foi lembrada, em forma de homenagem, por Belmont.

Wagner Belmont e André Russo. Foto: Reprodução/Facebook
Wagner Belmont e André Russo. Foto: Reprodução/Facebook

No relato que traz menção há várias passagens da amizade entre eles, a menção sobre o desejo de Wagner em voltar a fazer rádio: “André, vc me pediu para voltar para o rádio com vc. Disse que esse um projeto de ‘celebração de uma amizade’, mas não me disse que era uma despedida”.

Leia o depoimento na íntegra:

38 anos.
Como diz o poeta gaúcho Mario Quintana, a amizade é um amor que nunca morre.
Conheci o irmão de alma André Russo em 1983, no Colégio Santo Agostinho. Saudosos tempos. Já naquela época, a gente sentia que a amizade que estaria em construção não seria algo circunstancial. Era o início de uma caminhada.
Nossas famílias nos conheceram, inclusive primos, tios, parentes… Nossos laços se ampliaram. Tivemos aula com o Jose Salvador Faro, professor de história e que fez parte da nossas vidas por onde passamos – o Faro é colega do André na PUC e participou dos momentos mais importantes da minha vida acadêmica.
Como eu sempre disse, nunca tive mais do que 10 amigos na vida. Mas são 10 amigos. 10 caras que fazem diferença todos os dias. O André era um dos principais deles.
Generoso, criativo, inteligente, dono de um comprometimento raro com qualidade, didático, inventivo, sagaz na associação de ideias aparentemente difusas que ele relacionara com tanta destreza, com uma naturalidade que despertava admiração e atenção imediatas.
E nossos caminhos seguiram.
Ele fez PP na ESPM. E foi trabalhar como promotor de uísque de uma marca super conhecida. Brincou e disse que o emprego que ele tinha era para mim, já que, nem mesmo neste ofício, tomou sequer uma dose de uísque. Também não tomava cerveja, nem vodka… Sempre se pautou por um senso de correção muito diferenciado, por um senso de cumprir aquilo que é o que se espera, seja como colega de Ensino Fundamental, seja como colega de redação.
O André está em todos os álbuns de fotos importantes da minha vida. E está no meu coração. Ele faz parte da minha formatura, por exemplo.
Em 95, nossa história se tornou ainda mais estreita. O Alexandre Hercules contratou o André para um frila de 4 meses na cobertura do Férias de Verão, algo que nem existe mais. Para quem é mais novo, os repórteres ficavam 10 a 12 horas a pino na beira da estrada, dando informações do trânsito para o paulistano que ia para o litoral. Começava assim uma jornada de 19 anos de Rádio Bandeirantes, período no qual ele construiu uma carreira, conquistou novos amigos, admiradores, desenvolveu e se fascinou com o Escola Voluntária – ele me ligava entusiasmado às vezes do interior da Bahia para contar que tinha visto algo que mudou uma realidade e que inspirava pessoas.
Nossa amizade sempre foi de conversas diárias… Dividimos as situações mais corriqueiras e aprendi demais com ele. Uma vez, o André me pediu que eu fosse com ele a um show do Asa de Águia no Guarujá. Eu fui e fiquei puto. Ele sabia todas as coreografias e eu não curto aquele som. E ele também foi comigo ao Cabeça Dinossauro, do Titãs.
O André me oferecia calma, carinho, parceria, atenção, cumplicidade. O André me trazia serenidade, pedia para eu contar até cinco, para ser menos passional… E eu pedia a ele que exercitasse o lado mais questionador, sobretudo quando algo não o agradava e ele somatizava.
Neste ano, André, vc me pediu para voltar para o rádio com vc. Disse que esse um projeto de “celebração de uma amizade”, mas não me disse que era uma despedida.
Eu vou sempre celebrar a amizade, o carinho, o amor, a gratidão e o companheirismo que tenho por você, André. Eu só não queria me despedir de você tão prematuramente porque já estou com uma baita saudade de tantos elos que não vão evaporar.
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar…

Wagner Belmont

Assista a última atuação de André Russo na Rádio Capital em 7 de junho:

 

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