Cesta Básica: Os álbuns mais importantes do Barão Vermelho

O Barão Vermelho é uma banda que pode dizer que já conheceu o céu e o inferno. Com Cazuza nos vocais, a banda lançou três discos essenciais para o BRock. Mas, quando o vocalista partiu para a sua carreira solo, o guitarrista Roberto Frejat teve que assumir os vocais. No início, houve um certo estranhamento, que refletiu na pequena vendagem de “Declare Guerra”, lançado em 1986. Mas o tempo passou, Frejat se impôs, e, hoje, muita gente nem tem conhecimento que ele, no início da carreira da banda, não era o vocalista. Com Frejat no posto de líder do conjunto, o grupo gravou belos álbuns, como “Carnaval” (1988) e “Na Calada da Noite” (1990), e isso sem contar com o sensacional “MTV Ao Vivo” (2005). Abaixo, vamos relembrar, um pouquinho, os principais discos do Barão Vermelho. Com e sem Cazuza…

Os 4+:

“Barão Vermelho 2” (1983)

Em 1982, o jornalista e produtor Ezequiel Neves conseguiu convencer João Araújo, dono da gravadora Som Livre, e pai de Cazuza, de que havia uma banda muito boa no pedaço. João Araújo relutou em lançar algo do grupo de seu filho, porque poderia ser visto como paternalista. Mas, atendendo aos pedidos de Ezequiel, que, à época, trabalhava na Som Livre, João Araújo resolveu ceder o estúdio ao Barão Vermelho por dois finais de semana. Gravado de forma um pouco amadora, nasceu “Barão Vermelho”, com boas músicas, como “Down Em Mim”, “Ponto Fraco” e “Todo Amor Que Houver Nessa Vida”.

Mas foi no segundo disco, “Barão Vermelho 2”, que a banda pôde mostrar o seu poder de fogo. Com uma produção a altura, o Barão botou pra quebrar com um rock mais encorpado, e letras bem mais interessantes, como as de “Carente Profissional”, “Carne de Pescoço” e “Menina Mimada”. E ainda tinha uma canção que veio a fazer com que o Barão Vermelho realmente estourasse. “Pro Dia Nascer Feliz” ganhou uma gravação muito boa de Ney Matogrosso, e, até hoje, encerra praticamente todos os shows do Barão Vermelho.

“Maior Abandonado” (1984)

Já contando com um público bem fiel, em 1984, o Barão colocou nas lojas o álbum “Maior Abandonado”, que tinha em sua capa uma foto tirada em frente a um motel na Lapa. Nesse disco, a banda se firmava com as grandes letras de Cazuza e uma sonoridade roqueira que virou a sua marca registrada. O álbum, produzido por Ezequiel Neves e pela própria banda, contém grandes clássicos do Rock Brasil, como a faixa-título, “Por Que a Gente É Assim” e “Bete Balanço”, que fez parte da trilha-sonora do filme homônimo, que marcou a estréia do cineasta Lael Rodrigues.

Após o lançamento do álbum, o Barão partiu para uma turnê, que culminou com duas apresentações históricas no Rock in Rio, em 1985, e que, felizmente, se transformaram em CD e DVD no ano passado. Só que quando a banda atingiu o auge de sua popularidade, Cazuza resolveu pular fora do barco e partir para uma curta mas profícua carreira solo. O cantor e seu parceiro Frejat já tinham composto canções para o sucessor de “Maior Abandonado”, mas o espólio acabou sendo dividido entre “Declare Guerra” (quarto álbum do Barão, e o primeiro sem Cazuza) e “Cazuza” (primeiro disco solo do poeta do Baixo Leblon).

“Na Calada da Noite” (1990)

O Barão Vermelho demorou a cicatrizar as feridas deixadas pela saída de seu principal líder. Na cara e na coragem, Frejat vestiu a camisa e assumiu os vocais. Em “Declare Guerra” (1986) e “Rock n’ Geral” (1987), houve um certo estranhamento, mas a partir de “Carnaval” (1988) e o seu hit “Pense e Dance”, as coisas começaram a dar mais certo.

Em 1990, veio o ótimo álbum “Na Calada da Noite”, que mostrava o Barão Vermelho mais maduro após a saída de Cazuza. Entre os sucessos do disco, estão “Política Voz”, “Tão Longe de Tudo” (que ganhou um dos primeiros videoclipes produzidos pela MTV Brasil), a linda balada “Tua Canção”, além de “O Poeta Está Vivo”, canção escrita por Frejat e Dulce Quental. A sua bela letra, até hoje é cantada a altos brados nos shows do Barão Vermelho, o que acabou por transformá-la em uma espécie de réquiem do compositor carioca, que veio a falecer no mesmo ano de lançamento do álbum.

“MTV Ao Vivo” (2005)

Após o disco “Na Calada da Noite”, o Barão Vermelho continuou lançando álbuns (alguns bons, outros, nem tanto) com regularidade, inclusive um só de versões de músicas de outros artistas, e que se transformou no maior sucesso comercial da discografia baronesca. Em 2001, em frente a uma Cidade do Rock com 200 mil pessoas, o Barão Vermelho se despediu de seus fãs para um recesso por tempo indeterminado. Sorte que o hiato durou apenas três anos. Em 2004, a banda lançou um álbum simplesmente chamado “Barão Vermelho”, com um retorno ao rock básico do seu primeiro disco (que, aliás, tem o mesmo título).

O álbum acabou originando uma vitoriosa turnê em que o Barão fazia um verdadeiro “tour de force” em cima de seu repertório. Músicas de todos os álbuns da banda eram apresentadas em shows antológicos que ultrapassavam as duas horas de duração. “MTV Ao Vivo”, em CD e DVD traz o registro de um show dessa turnê, gravado no Circo Voador, na Lapa (RJ). Das 25 canções do roteiro, apenas uma não era conhecida do público (a boa inédita “O Nosso Mundo”), e o resto, bem o resto era composto por sucessos do nível de “Pense e Dance”, “Maior Abandonado”, “A Chave da Porta da Frente”, “O Poeta Está Vivo”, “Pro Dia Nascer Feliz”, entre várias outras. De quebra, o Barão Vermelho ainda apresentou “Codinome Beija-Flor”, com a participação especial (e virtual) de Cazuza. Em suma, um CD duplo essencial para quem quiser conhecer o Barão.

Dispensável:

“Puro Êxtase” (1998)

No final dos anos 90, o techno e a eletrônica ditavam a moda. De Madonna a Lulu Santos, parecia que todos os artistas tinham a obrigação de aderir ao “movimento”. O Barão Vermelho acabou caindo na armadilha. “Puro Êxtase” não é um álbum ruim, pelo contrário, mas mostra um Barão Vermelho um tanto plastificado. Comercialmente, o álbum vendeu muito bem, obrigado, e originou sucessos como “Por Você” (que Frejat canta até hoje em suas apresentações solo) e a faixa-título. A funkeada e cheia de metais “No Topo do Mundo” foi outra que funcionou relativamente bem, assim como “Vou Correndo Até Você”. Boas canções, a bem da verdade, mas bem que o Barão poderia ter poupado os fãs com a versão techno de “Cena de Cinema”, clássico do repertório de Lobão.

 

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