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Artigo: Três desejos da nova Sexy Hot

Acabo de entrar numa sala para assistir a uma palestra sobre a quebra de paradigmas na indústria do pornô. Ao observar os arredores, fui surpreendido por um público 80% feminino, o que me fez pensar sobre pelo menos três coisas: mulheres gostam de pornografia, sendo apenas muito mais discretas; o momento pornô é do olhar feminino; as mulheres são as protagonistas dessa produção, cabendo aos homens o papel atual de maiores consumidores, por enquanto…

O brasileiro comum ainda não teve acesso, vai se virando com internet, grupos em WhatsApp, dividindo confidencialmente suas fantasias. O canal Sexy Hot, dos donos da Playboy e de outro grupo argentino, tem na sua história o pioneirismo no campo de conteúdo adulto para apimentar o sexo dos mais conservadores. Excetuando-se eunucos e aqueles que fizeram voto de castidade, sexo é uma atividade universal. Mas há o preconceito, o conservadorismo que se mistura com a hipocrisia, o que torna sua atividade pública um tabu repleto de desinformação. Falarei do que conversei pessoalmente com Wilson Souza e Cinthia Fajardo, respectivamente o Coordenador de Programação e a aniversariante do dia e Gerente de Marketing, ambos da Playboy do Brasil.

A primeira informação relevante é que a empresa está repensando seu conteúdo, de modo a incluir em nosso mercado pornô, dominado apenas pelo “pôr aquilo nisso ou isso naquilo”, em algo que poderemos no futuro chamar de produção audiovisual no sentido mais amplo. Essa visão representa uma gama de oportunidades para quem tiver interesse pelo ramo. A mudança do perfil de elenco chama a atenção, passando do clichê dos centímetros de comprimento para o fato de saber atuar em uma dramaturgia narrativa. Os padrões físicos também estão passando por um momento de questionamento, e os sarados não são exatamente representativos de uma população com diferentes cores, alturas, tamanhos, não necessariamente fitness. Há espaço para modelos plus size, seguindo a tendência de um mundo plural.

Em se tratando de pluralidade, Cinthia fez questão de reforçar que sua equipe é em maioria de mulheres, e que cada vez mais há um interesse pelo olhar feminino nas produções internacionais, como a da sueca Erica Lust, que vem papando todos os prêmios do gênero, com sua sensibilidade. Mulheres mais velhas podem gostar de homens mais novos, e não apenas o oposto, como vimos nas fantasias de ‘Beleza Americana’.

Um aspecto de muita importância é quanto à segurança no trabalho de uma profissão de risco para os atores. Diferentemente das produções caseiras e que acontecem em produtoras no passado contratadas, a Sexy Hot mantém um forte regime de controle, com 100% de suas produções mantendo camisinhas como regra e uma série de outros itens, tais como consentimento de veiculação e outras políticas como regra, o que não acontece no mercado em geral.

Lá estavam eles, três jovens, unidos, bem informados sobre o mercado, articulados, liderados por uma blond prateada, com ares mais intelectualizados, buscando ocupar um lugar na rede de produtores pornôs, junto a Sexy Hot. O caminho estava aparentemente aberto, embora algumas questões a meu ver essenciais para mergulhar nesse lugar estranho, até mesmo para os produtores do Rio2C, que os deixou como última palestra dos seis dias de evento. Preconceito? Diria que não, apenas desconhecimento sobre prioridades humanas, e da aplicação dos princípios econômicos de Pareto. Não é de hoje que 80% do tráfego de internet envolve sexo. Os organizadores esqueceram disso, usando suas tabelas de valores e tabus como método de organização da grade de programação. Uma injustiça para com o já injustiçado espectador, que não tem ainda um canal de TV aberta com sexo para quem não paga assinatura. Outros modelos de negócio se fazem necessários. As Igrejas saíram na frente nesse caso, invadindo inclusive o cinema com a produção da história do dono da Igreja Universal.

A indústria de produção pornô ainda tem muito o que aprender, mas já vem apresentando uma boa vontade quanto à melhor qualidade de conteúdo do que o que assistíamos nos motéis alguns anos atrás. Há espaço para evolução, fantasias são importantes na sexualidade, romance é romance, amor é amor, e um lance é um lance.

*em colaboração ao SRzd

Vladimir Cavalcante*

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