Acusado de promover pedofilia em filme, Porchat rebate: ‘Não é apologia, é ficção’

Fábio Porchat. Foto: Reprodução/TV

Fábio Porchat. Foto: Reprodução/TV

Após ser acusado por internautas de pedofilia por sua atuação em uma cena exibida no filme “Como se tornar o pior aluno da escola”, de 2017, o ator Fábio Porchat se posicionou.

Lançado nos cinemas há cinco anos, o longa-metragem inspirado num livro homônimo de Danilo Gentili — e que foi incluído no catálogo da Netflix em fevereiro — figura no centro de uma polêmica após parlamentares bolsonaristas dizerem que a produção incita a pedofilia.

“Vamos lá: como funciona um filme de ficção? Alguém escreve um roteiro e pessoas são contratadas para atuarem nesse filme. Geralmente o filme tem o mocinho e o vilão. O vilão é um personagem mau. Que faz coisas horríveis. O vilão pode ser um nazista, um racista, um pedófilo, um agressor, pode matar e torturar pessoas”, disse o ator, em posicionamento enviado ao jornalista Leo Dias, do site “Metrópoles”.

Porchat ainda citou exemplos de vilões vividos por atores e atrizes famosos. “O Marlon Brando interpretou o papel de um mafioso italiano que mandava assassinar pessoas. A Renata Sorah roubou uma criança da maternidade e empurrava pessoas da escada. A Regiane Alves maltratava idosos. Mas era tudo mentira, tá, gente? Essas pessoas na vida real não são assim”, explicou.

O artista ponderou que vilões podem ser difíceis de assistir na telona, mas defendeu que “quando o vilão faz coisas horríveis no filme, isso não é apologia ou incentivo àquilo que ele pratica, isso é o mundo perverso daquele personagem sendo revelado”.

Polêmica

No filme, Porchat é Cristiano, um homem que não se envergonha em ser pedófilo. Ele é dono do caderno que o ex-colega, vivido por Danilo Gentili, roubou na escola para escrever o guia de “pior aluno” encontrado pelos protagonistas Pedro (Daniel Pimentel) e Bernardo (Bruno Munhoz).

Fábio Porchat. Foto: Reprodução/TV
Fábio Porchat. Foto: Reprodução/TV

Ele é dono do caderno que o ex-colega, vivido por Danilo Gentili, roubou na escola para escrever o guia de “pior aluno” encontrado pelos protagonistas Pedro (Daniel Pimentel) e Bernardo (Bruno Munhoz). Na sequência protagonizada pelo personagem de Porchat, ele pede sexo oral para os dois adolescentes.

O longa tem classificação indicativa para 14 anos. Segundo a edição de 2021 do Guia Prático de Classificação Indicativa, documento do Ministério da Justiça e Segurança Pública que é utilizado como referência para a indústria audiovisual, conteúdos em que “um personagem se beneficia da prostituição de outro” ou que contenham cenas de indução e atração “de alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual” não são recomendados para menores de 14 anos.

Atos de pedofilia, descritos pelo manual como “violência sexual contra vulnerável (menor de 14 anos)” não são recomendados para menores de 16 anos.

No Twitter, Mario Frias, secretário especial da Cultura, reagiu afirmando que o filme é uma “explícita apologia ao abuso sexual infantil” e que “afronta às famílias e às nossas crianças”. Anderson Torres, ministro da Justiça e Segurança Pública, afirmou que determinou “providências cabíveis para o caso” à pasta.

Confira a resposta de Fábio Porchat às acusações contra o filme

“Como funciona um filme de ficção? Alguém escreve um roteiro e pessoas são contratadas para atuarem nesse filme. Geralmente o filme tem o mocinho e o vilão. O vilão é um personagem mau. Que faz coisas horríveis. O vilão pode ser um nazista, um racista, um pedófilo, um agressor, pode matar e torturar pessoas…

O Marlon Brando interpretou o papel de um mafioso italiano que mandava assassinar pessoas. A Renata Sorah roubou uma criança da maternidade e empurrava pessoas da escada. A Regiane Alves maltratava idosos. Mas era tudo mentira, tá gente? Essas pessoas na vida real não são assim.

Temas super pesados são retratados o tempo todo no audiovisual. E às vezes ganham prêmios! Jackie Earle Haley concorreu ao Oscar em 2007 interpretando um pedófilo no excelente filme ‘Pecados Íntimos’. Só que quando o vilão faz coisas horríveis no filme, isso não é apologia ou incentivo àquilo que ele pratica, isso é o mundo perverso daquele personagem sendo revelado. Às vezes é duro de assistir, verdade.

Quanto mais bárbaro o ato, mais repugnante. Agora, imagina se por conta disso não pudéssemos mais mostrar nas telas cenas fortes como tráfico de drogas e assassinatos? Não teríamos o excepcional ‘Cidade de Deus’? Ou tráfico de crianças em ‘Central do Brasil’? Ou a hipocrisia humana em O Auto da Compadecida. Mas ainda bem que é ficção, né? Tudo mentirinha”.

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