100 anos do Império da Disney

“Toy Story 4″ é uma das apostas da Disney na temporada de premiações (Foto: Divulgação).

Literatura. Publicado de forma independente pela autora Ana Carolina Garcia, o livro 100 anos do Império Disney: Da Avenida Kingswell à conquista do universo já está disponível para os leitores brasileiros na versão digital.

Lançado em novembro deste ano por meio da Kindle Direct Publishing (KDP), principal plataforma de publicação independente no âmbito global, pertencente à Amazon, que o disponibilizou originalmente na loja americana, nas versões digital e impressa, que pode ser enviada ao Brasil.

100 anos do Império Disney: Da Avenida Kingswell à conquista do universo é um livro que utiliza as produções cinematográficas como guia para proporcionar ao leitor uma viagem pelos bastidores da The Walt Disney Company, fundada pelos irmãos Walt e Roy Disney em 1923, tendo a garagem da casa de seu tio como primeiro escritório.

“A trajetória da The Walt Disney Company é uma das mais interessantes da História de Hollywood, pois os irmãos Disney deram seus primeiros passos na capital do cinema completamente desacreditados, trabalhando na série de curtas Alice Comedies, que começou a ser produzida por Walt ainda em Kansas City, onde fundou a Laugh-O-Gram, cuja falência, em 1923, o levou à Hollywood para tentar a vida ao lado do irmão que já residia na região de Los Angeles”, diz Ana Carolina Garcia.

“À época, diversos estúdios tentavam se estabelecer na costa oeste americana, mas ninguém respeitava a animação como arte. Walt queria o mesmo respeito concedido aos profissionais que trabalhavam com os filmes de ação ao vivo. E não mediu esforços até consegui-lo”, afirma a autora.

A luta por respeito num mercado competitivo era diária, sobretudo nos anos anteriores ao lançamento de O Vapor Willie (1928), primeiro curta-metragem animado com som e imagem sincronizados da História do cinema, responsável não apenas por revolucionar a vertente animada e mostrar à concorrência que os irmãos Disney e sua equipe tinham grandes aspirações, como também por apresentar Mickey Mouse ao mundo. O camundongo estremeceu as estruturas da indústria e, rapidamente, se tornou ícone da cultura ocidental no período que antecedeu a Grande Depressão.

“Mickey foi criado num cenário de desespero no qual os irmãos Disney tinham necessidade de garantir a própria sobrevivência na indústria cinematográfica. O sucesso foi imediato e garantiu a eles, e toda a equipe, a permanência no mercado até então dominado pelo Gato Félix, mas numa posição mais confortável. Nos anos seguintes, apesar da crise econômica causada pela quebra da Bolsa de Nova York, o estúdio cresceu e suas produções, principalmente as Silly Simphonies, se tornaram uma espécie de antídoto para o público, que já demonstrava encantamento pelo Mundo Mágico de Disney”, diz a autora.

“Mundo Mágico que muitos consideravam fadado ao fracasso por não acreditarem na capacidade da equipe dos Disney em produzir seu primeiro longa-metragem de animação, Branca de Neve e os Sete Anões, diversas vezes chamado de ‘a loucura de Disney’ pela comunidade hollywoodiana”, completa a autora.

A tensão dos bastidores, inclusive a colisão entre razão (Roy) e emoção (Walt), é contada nas páginas de 100 anos do Império Disney: Da Avenida Kingswell à conquista do universo com o devido respeito ao legado dos irmãos Disney, cuja perda levou a empresa à situação preocupante nos anos 1970, quando os parques temáticos, Disneyland e Walt Disney World, que oferecem aos seus visitantes uma experiência imersiva e inesquecível, já eram realidade. A chamada Era Sombria colocou o futuro da companhia, incluindo subsidiárias e parques, em dúvida. E isso durou até o final da década de 1980, quando o Departamento de Animação ressurgiu das cinzas e iniciou sua segunda Era de Ouro com o lançamento de A Pequena Sereia (1989). Naquele período, a Casa do Mickey era liderada por Frank Wells e Michael Eisner, que, anos mais tarde, seria confrontado pelo filho de Roy, Roy E. Disney, numa briga pública que culminou com a sua saída e a ascensão de Bob Iger ao cargo de CEO.

“A segunda Era de Ouro da animação Disney é tão rica quanto a primeira. E isso não se restringe ao emprego da técnica. Os profissionais do estúdio, muitos deles discípulos dos Nine Old Men, os animadores de confiança de Walt Disney, responsáveis por revolucionarem a animação e instituírem padrão de qualidade ainda hoje seguido, ousaram de diversas maneiras, especialmente por abordarem nas entrelinhas temas contemporâneos às adaptações dos clássicos da literatura infantil, mas sem perder a essência mágica das produções Disney. Um exemplo disso é o reflexo do medo imposto pelo HIV no início dos anos 1990, inserido em dois títulos de extrema importância: A Bela e a Fera e Aladdin. O primeiro na sequência embalada por The Mob Song, e o segundo em Humiliate the Boy, canção parcialmente cortada que mostra a felicidade de Jafar em tirar absolutamente tudo do protagonista, algo que pode ser comparado aos efeitos do HIV em seu compositor, Howard Ashman, que perdeu a luta para a doença no auge da carreira. À época, a Disney já havia percebido a necessidade de adaptar suas produções às demandas do público, algo fortalecido na gestão de Bob Iger, que concedeu mais espaço para questões como representatividade, diversidade e inclusão. E isso pode ser observado com mais afinco no catálogo da Disney+”, diz a autora que tem outros dois livros publicados, A fantástica fábrica de filmes – Como Hollywood se tornou a capital mundial do cinema (2011) e Cinema no século XXI – Modelo tradicional na Era do Streaming (2021).

100 anos do Império Disney: Da Avenida Kingswell à conquista do universo aborda, entre tantas outras coisas, o papel do estúdio durante a Segunda Guerra Mundial a importância dos parques temáticos e a entrada de Walt Disney na indústria televisiva, surpreendendo aos demais executivos de estúdios de Hollywood nos anos 1950. É um livro que oferece ao leitor uma viagem pelo Mundo Mágico construído sobre a mesa de animação, mas sem ignorar os live-actions que concederam o respeito tão sonhado por Walt, dentre eles, Mary Poppins (1964) e Sociedade dos Poetas Mortos (1989), além de sucessos como Uma Linda Mulher (1990) e os títulos que compõem o Universo Cinematográfico Mar-vel (UCM), que, assim como a franquia Star Wars, são de extrema importância para os cofres do estúdio do Mickey.

Tudo isso contextualizado por eventos históricos. Sem dúvida, um livro importante para a melhor compreensão da trajetória da centenária The Walt Disney Company, um dos poucos em português, e que promete agradar especialmente aos fãs do Mundo Mágico.

“O encantamento pelo Mundo Mágico é genuíno e não é exclusivo das crianças, pois a Disney faz parte da vida de pessoas de idades e nacionalidades diversas. Walt Disney não revolucionou apenas o cinema de animação e o mercado de parques de diversões, mas contribuiu ativamente para moldar o American way of life, bem como exportá-lo como os outros estúdios de Hollywood, e a cultura ocidental. O Mickey se tornou um dos símbolos do capitalismo, e Walt passou de figura controversa no pósguerra a Tio da América graças à televisão. O culto à sua imagem ainda existe nas dependências da empresa fundada por ele e pelo irmão. Como ele mesmo disse, não podemos esquecer que o agora Império Disney começou a ser construído, de fato, com o rato que ‘engoliu’ o Gato Félix e a concorrência. E por mais que ele sonhasse alto, como no caso do conceito original do EPCOT Center, de comunidade, não de parque, por exemplo, ele não poderia imaginar a dimensão que o outrora Disney Bros. Studio tomaria. A Disney superou muitas adversidades para se manter ativa, entre elas, batalhas de egos inflados. O  percurso foi repleto de obstáculos que quase fecharam as portas da companhia em definitivo.

Transformações foram inevitáveis ao longo dos anos, boas e ruins. É exatamente por isso que considero a trajetória da The Walt Disney Company, composta por sonhos e pesadelos nos bastidores, uma das mais interessantes dentre todos os estúdios de Hollywood”, diz a autora.

Sobre a autora

Nascida no Rio de Janeiro, Ana Carolina Garcia começou a atuar como crítica e historiadora de cinema em 2011, mesmo ano em que publicou seu primeiro livro, A Fantástica Fábrica de Filmes – Como Hollywood se tornou a capital mundial do cinema. Anos mais tarde, em 2021, lançou seu segundo livro, Cinema no século XXI – Modelo tradicional na Era do Streaming, disponível na plataforma Amazon.

Membro da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (ACCRJ), ocupando a vicepresidência desde 2021, Ana Carolina Garcia é formada em Comunicação Social e pós-graduada em Jornalismo Cultural. É colunista e crítica de cinema do Portal SRzd, do jornalista Sidney Rezende, desde 2011.

Sinopse

Fundada pelos irmãos Walt e Roy Disney em 1923, sob o nome de Disney Brothers Cartoon Studio, a The Walt Disney Company revolucionou a vertente animada da sétima-arte poucos anos depois, quando lançou o primeiro curta-metragem de animação com som e imagem sincronizados da História, O Vapor Willie (1928). Na década seguinte, ousou ao realizar um longa-metragem de animação numa época em que apenas filmes de ação ao vivo eram reconhecidos e respeitados.

Branca de Neve e os Sete Anões (1937) mostrou à Hollywood, e ao mundo, que os irmãos Disney estavam criando o Mundo Mágico que, décadas mais tarde, seria transposto para o real por meio de parques temáticos que objetivam proporcionar aos seus visitantes uma experiência imersiva e inesquecível para crianças e adultos.

Mas o Mundo Mágico da Disney não foi criado somente por sonhos, pois não foram raros os momentos em que a empresa enfrentou adversidades que quase a obrigaram a encerrar suas atividades. Nos bastidores, a magia deu lugar à tensão, sobretudo após a perda de seus fundadores.

Construído sobre a mesa de animação, o Império Disney se fortaleceu no final da década de 1980, quando o Departamento de Animação renasceu, permitindo que a empresa recuperasse o respeito dos anos dourados. Problemas variados surgiram desde então, mas a Disney sempre se reergueu como uma Fênix, se adaptando às demandas do público e do mercado, bem como desenvolvendo novos métodos e tecnologias. E é exatamente isso que será mostrado nas páginas de 100 anos do Império Disney: Da Avenida Kingswell à conquista do universo.

Informações adicionais

Capa: Elias Carneiro;
Revisão e prefácio: Rodrigo Fonseca;
Ano de lançamento: 2023;
Número de páginas: 730 (versão impressa) / 1.182 (e-book);
Publicação independente;
Disponível no site da Amazon (a versão impressa ainda não está disponível na loja brasileira, mas pode ser adquirida nas plataformas da Amazon de outros países, como EUA e Canadá).

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